As micro e pequenas empresas geram o maior número de empregos formais no país e no Estado. A informação integra o Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios, elaborado pelo Sebrae, com base nas informações do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese). No Rio Grande do Sul, 61% dos trabalhadores estão nas MPEs. No Brasil, esse percentual é de 54,5%, o que reforça a máxima de que a geração de empregos está nos pequenos negócios. Em dez anos, houve um aumento de 1,1 milhão de micro e pequenas empresas no Brasil, o que representa crescimento de 21,9% no número de empresas, responsáveis por criar mais 5 milhões de novos empregos.
Os dados consolidados, no entanto, apontam que a crise econômica já começa a se refletir nos números desses empreendimentos. No país, o número de empregados em micro e pequenas empresas passou de 17,49 milhões em 2015 para 16,90 milhões em 2016. Entre os gaúchos houve redução, de 1,278 milhão em 2015 para 1,244 milhão em 2016. Ainda assim, os negócios de pequeno porte do Estado estão entre os que pagam melhores salários do País. A remuneração média por aqui foi de R$ 1.998,00, perdendo para São Paulo, com R$ 2.246,00, e Santa Catarina, com R$ 2.013,00.
O Anuário também mostra que o percentual de demissões nos pequenos negócios foi proporcionalmente menor do que nas médias e grandes empresas. Enquanto as MPEs dispensaram 300 mil trabalhadores em todo Brasil, entre 2014 e 2015, e 600 mil, de 2015 para 2016, nas médias e grandes empresas essa perda foi bem maior: de 1,1 milhão e de 900 mil, respectivamente.
Menos empresas
Segundo a análise do Sebrae, a crise econômica que atingiu o país foi a responsável pela quebra na longa sequência de crescimento anual do número de empreendimentos de pequeno porte no Brasil. Desde 2006, essa elevação foi contínua, mantendo-se a taxa média de 2,4% ao ano, o que persistiu até 2015. Porém, somente em 2016, 102 mil estabelecimentos deixaram de existir, reduzindo-se a 6,8 milhões o número de MPEs, o que configura uma queda da ordem de 1,5% no número de empreendimentos.
O Rio Grande do Sul também registou redução no número de MPEs, que passaram de 604.542 em 2015 para 588.699 em 2016, o mesmo patamar de 2007. Ainda assim, a tradição empreendedora do Estado se mantém, com 8,6% dos pequenos negócios do País, atrás apenas de São Paulo, que concentra 30,5% das empresas desse porte, e de Minas Gerais, com 11%. Apesar do fechamento de empresas, as MPEs continuam representando a quase totalidade de negócios no Brasil. A participação relativa desses empreendimentos no total de estabelecimentos do País se manteve em 99%, ao longo desse período. No Rio Grande do Sul, esse percentual é de 99,3% de MPEs contra apenas 0,7% de médias e grandes empresas, sendo que muitas delas começaram pequenas e chegaram a esse porte após anos de trabalho de diversas gerações.
Um dado interessante mostra a distribuição dos empreendimentos de pequeno porte no Estado. A grande maioria está localizada no interior, 82%, e apenas 18% na capital. Essa distribuição, majoritariamente fora dos grandes centros, pode ser observada ainda em Santa Catarina, no Espírito Santo e em Minas Gerais.
Outra análise revela os setores que tiveram crescimento e redução em empreendimentos no Estado. A maior queda foi no comércio, que passou de 300.800 micro e pequenas empresas em 2006 para 252.945 em 2016, uma redução de mais de 15%. Na indústria, a variação foi menor, mas ainda assim o número passou de 73.978 estabelecimentos para 70.159, no mesmo período. A maior alta foi registrada na construção civil. Nesse setor, o número de pequenos negócios quase dobrou e foi de 21.302 em 2006 para 41.027 em 2016. Outro segmento que registrou ascensão no número de empresas foi o de serviços, que passou de 182.607, em 2006 para 224.568 em 2016. Por trás dessa evolução em alguns setores pode estar o empreendedorismo por necessidade, especialmente iniciado por profissionais que passam a trabalhar como autônomos e abrem suas próprias empresas.
Eles ainda ganham mais
Embora ainda pequena, a diferença salarial entre homens e mulheres caiu nas micro e pequenas empresas nacionais, entre 2006 e 2016. Conforme o Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios, a diferença entre remuneração média real das mulheres e dos homens diminuiu. Os trabalhadores ganhavam quase 20% a mais que as trabalhadoras em 2006. Uma década depois, o percentual caiu para 16,8% em todo Brasil.
No Rio Grande do Sul, o desequilíbrio salarial entre os sexos também diminuiu. Em 2006, a diferença entre os rendimentos dos homens e das mulheres nas MPEs era de 23,18% e passou a 18,49% em 2016. Ainda assim, as mulheres ganharam em 2016 praticamente o mesmo que os homens receberam dez anos antes, cerca de R$ 1.700, em média.