Há um ano a primeira feira de produtos 100% agroecológicos surgia em Lajeado, no campus da Univates. Até agora, a Feira Regional de Agricultores Familiares e Agroecologistas incentivou outras duas na cidade, estando presente na Praça João Zart Sobrinho e, recentemente, no Shopping Lajeado. A atividade com base ecológica também ocorre em municípios próximos, como Arroio do Meio, Santa Clara do Sul e Estrela. A iniciativa é realizada pela Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), formada por uma rede de entidades que apoiam a agroecologia na região, como a Univates e a Emater.
Fenômeno no Brasil inteiro, as feiras agroecológicas concretizam um espaço para aquisição de alimentos mais saudáveis, ao mesmo tempo que estimulam pequenos produtores rurais da região a adotar esses princípios na produção. “As feiras resolvem aquele velho dilema: ninguém produz alimento orgânico porque ninguém consome ou ninguém consome porque ninguém produz? Com a criação de feiras agroecológicas, os produtores passam a ter um local de comercialização garantido, e os consumidores sabem onde encontrar esses produtos”, destaca um dos organizadores e idealizadores da atividade na Univates, professor Marlon Dalmoro.
Com participação dos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS), por meio de pesquisas na área e organização da atividade na Univates, a Feira envolve diferentes atores sociais, entre produtores e consumidores. Segundo o professor, as universidades são capazes de impulsionar feiras, pois dispõem de pessoas capacitadas para contribuir na organização e por serem formadas, em geral, por pessoas com consciência dos benefícios da agricultura orgânica e da agroecologia. “A Univates assume esse protagonismo ao utilizar condições favoráveis para incentivar a agroecologia. Consequentemente, ela está apoiando formas de alimentação mais saudáveis e modos de produção mais sustentáveis. Ou seja, é a Universidade ajudando a colocar em prática princípios tão importantes para todos”, explica Dalmoro.
Para o assistente técnico regional da Emater na área de abastecimento, Lauro Bernardi, além de fomentar a saúde pública, as feiras incentivam a democracia, pois ampliam as possibilidades de escolha dos indivíduos. “Esses espaços de comercialização e sociabilidade permitem que a engrenagem da organização produtiva se movimente, gerando circulação de renda e oportunidades regionalmente”, afirma Bernardi ao mencionar que historicamente o Vale do Taquari é abastecido por outras regiões, o que se diferencia com o movimento.
Assim, mais que um simples local de aquisição de alimentos, as feiras tornam-se espaços de troca de experiência, e seu crescimento comprova o interesse na aquisição desse tipo de produto na região. Conforme a professora Luciana Turatti, também organizadora da atividade na Instituição, a ação permite que se crie um outro olhar dos consumidores sobre o alimento. “Ao saber de onde o alimento vem e da forma como ele é produzido, ocorre respeito maior por ele e, consequentemente, menor desperdício. Se considerarmos que o Brasil se encontra em 10º lugar no ranking do desperdício, qualquer medida que colabore para alteração desse índice deve ser vista como importante”, salienta.
Para Bernardi, ainda há muito espaço para ser ocupado, mas essa potencialidade depende de duas circunstâncias: “A primeira é a compreensão do significado do que é um produto orgânico para o consumidor, apoiando essa ‘escala de valor’ que subjaz esse alimento seguro. A segunda questão que refletirá o aquecimento da demanda consciente refere-se à profissionalização desse segmento, que responderá com produção programada e escala”, destaca.
O que são feiras “agroecológicas”?
A agroecologia é um movimento que visa a fornecer alimentos saudáveis para a população, produzidos localmente e sem o uso de agrotóxicos. Assim, além de ter acesso a alimentos frescos e orgânicos, os consumidores estão apoiando a agricultura local, garantindo condições de permanência dos agricultores no campo e reduzindo o impacto ambiental decorrente do transporte de produtos por longas distâncias.
Na Univates
Toda quinta-feira, das 16h30min às 19h30min, a Instituição recebe a Feira Regional de Agricultores Familiares Agroecologistas. A atividade é realizada entre os Prédios 3 e 7 e é voltada tanto ao público interno quanto à comunidade em geral.
Conheça a Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari
A AAVT é uma rede de entidades que apoiam a agroecologia na região. São entidades de representação dos produtores, institutos de pesquisas e ensino e organizações de apoio aos agricultores e consumidores. Atualmente a Articulação é formada pelas seguintes entidades: Universidade do Vale do Taquari – Univates, Emater/RS-Ascar, Associação Agroindustrial de Forquetinha (Agroflor), Associação de Mulheres Colinenses, Associação Ecobé, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, Comissão Pastoral da Terra, Grupo de Produtores Ecologistas Forqueta, Secretaria de Agricultura de Arroio do Meio, Secretaria de Agricultura de Colinas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Colinas e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.