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Agrobiodiversidade e Agroecologia são temas de Encontros em Lajeado

Nas oficinas, participantes aprenderam na prática como identificar, por exemplo, amoras nativas/ crédito: Tiago Bald

Com o objetivo de discutir perspectivas e desafios para a produção de alimentos seguros, a Emater/RS-Ascar e a Univates realizaram nesta quarta-feira (16/10), no auditório do Prédio 7 da Universidade, o 2º Encontro da Agrobiodiversidade dos Vales e o 6º Encontro Regional de Agroecologia do Vale do Taquari. O evento consistiu em um amplo painel em que foram realizadas palestras, relatos de experiências e oficinas, com a intenção de manter ativa a rede de entidades voltadas para a agroecologia, promovendo o debate sobre agrobiodiversidade como ferramenta para a produção da soberania e segurança alimentar nutricional.

Voltado a agricultores, estudantes, representantes de entidades ligadas ao setor e extensionistas rurais, os eventos dão continuidade ao debate que teve início em julho do ano passado, durante a 12ª Reunião Técnica Estadual de Plantas Bioativas, realizada em Lajeado. “Nesse sentido, pode-se dizer que ambos os encontros se consistiram em espaços democráticos em que temas caros à sociedade, cada vez mais representativos no que diz respeito à produção de alimentos, ganham visibilidade”, salientou a assistente técnica regional Social da Emater/RS-Ascar, Elizangela Teixeira.

O evento integra a programação do Dia Mundial da Alimentação, que neste ano celebra a promoção de uma alimentação saudável, disponível e acessível a todos. “Dessa forma, as discussões envolvendo esta temática oportunizam subsídios que refletirão escolhas alimentares mais saudáveis, com ênfase na importância da utilização de alimentos frescos, in natura ou minimamente processados”, enfatizou Elizangela. “Os encontros também suscitam uma reflexão sobre realidades sociais e relativas ao acesso à alimentação para as comunidades”, pontuou.

Palestrante do dia, a doutora em Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Gabriela Coelho de Souza, abordou o tema “Agrobiodiversidade como ferramenta para a produção da soberania e segurança alimentar e nutricional”. Em sua fala, destacou as ações realizadas no Círculo de Referência em Agroecologia, Sociobiodiversidade, Soberania e Segurança Alimentar (Assan-Círculo), apresentando também um histórico a respeito da segurança alimentar e nutricional no País que, entre outros, estabelece o direito humano a uma alimentação adequada, além de seus desafios e oportunidades.

A atividade seguiu com relatos de experiência, como o do produtor Nilo Schiavon, de Pelotas que abordou “Agrofloresta, produção orgânica, flores e agroindústria”. Em sua manifestação, contou que iniciou o trabalho com agroecologia em 1994, após uma temporada em que foi parar no hospital por causa do excesso de veneno utilizado no pomar de pêssegos. “Meu filho estava para nascer e eu não conseguia conceber oferecer a ele uma fruta contaminada”, destacou o agricultor que, atualmente, conta com uma propriedade amplamente diversificada, com frutas em sistema agroflorestal, verduras e piscicultura, além de agroindústria familiar.

Outro relato envolveu o agricultor Sadi Giacomin, de Dois Lajeados, que falou sobre sua experiência com o cultivo de “Sementes crioulas” – são 16 variedades -, atividade que iniciou em 2011 e que, atualmente, evoluiu para uma ampla produção de verduras e frutas orgânicas, que são vendidas em feiras. A última experiência da manhã foi a do produtor Adriano Calsing, de São José do Sul, que abordou os “Desafios da produção e comercialização de ovos orgânicos” – o que ele faz alimentando as aves sem utilizar antibióticos, hormônios ou sementes transgênicas. “É um desafio, que envolve também o bem-estar animal”, ressaltou.

O evento seguiu na parte da tarde, onde estações e oficinas diversas abordaram temas, como controle de qualidade na produção orgânica, políticas públicas, manejo de abelhas sem ferrão, controle biológico de ácaros, identificação de amorar nativas, homeopatia na agricultura, caldas e insumos para agroecologia, preparações culinárias simples com produtos da sociobiodiversidade e desafios e potencialidade na agroflorestal, entre outras. Além de apresentação de trabalhos científicos, o evento foi encerrado com uma mesa redonda em que foram discutidos os “Desafios e potencialidade regionais”.

A promoção foi da Emater/RS-Ascar e da Univates, com o apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), Associação Brasileira de Homeopatia Popular (ABHP), Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), Centro de Orientação Holistica Vida Saudável (Cohvisa), Universidade Federal do Rio Grandes do Sul (Ufrgs), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Vale do Taquari (NEA/VT).

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