Quatro entidades representativas da região emitiram uma manifestação demonstrando a preocupação dos impactos do fechamento total do frigorífico da BRF, em Lajeado. O documento é assinado pela Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços Vale do Taquari (CIC VT), Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) e pela Federeção dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS).
As entidades afirma que concordam com a necessidade de “evitarmos as aglomerações para conter a escalada das contaminações por coronavírus, mas salientamos a necessidade de equilibrarmos essas ações levando em conta os impactos na vida e na saúde dos produtores rurais e de suas famílias”.
No documento, destacam que o Vale do Taquari depende 80% diretamente e indiretamente do agronegócio. “É uma região que possui pequenas propriedades agrícolas e da pecuária. No caso da pecuária, esta região, que possui um pouco menos de 2% do território do RS e mais de 3% da população regional, é responsável por 25% da produção de frangos, 15% da produção de suínos e 8% da produção leiteira”, explicam. De acordo com as entidades, um quarto dos animais abatidos no Estado, são abatidos no Vale do Taquari.
As entidades destacam ainda que, além dos impactos da pandemia, a atividade rural está sofrendo também com os impactos da estiagem. “Segundo a EMATER Regional Lajeado e Regional da SEAPDR Estrela, neste momento já temos 33 municípios do Vale do Taquari que decretaram situação de emergência, com prejuízos já identificados de 50% da produção de grãos e 20% da produção leiteira, o que equivale a 260 milhões de reais de prejuízos na região”, apontam.
No documento, as entidades dizem compreendem as ações de todas as instâncias para salvar vidas e que não se pode admitir perder ninguém, porém, apontam que o fechamento dos frigoríficos impactam além da produção e nos colaboradores das empresas. Apontam que cerca de 20 mil famílias no Estado podem ser afetadas pela diminuição do abate e milhões de animais alojados não poderão ser abatidos (o caso da BRF, são 7 milhões de frangos).
Assim, as quatro entidades pedem que “juízes envolvidos neste processo e o Ministério Público, que
revejam a decisão de interdição do frigorífico BRF e tomem como ação o mesmo critério utilizado para o frigorífico Minuano, possibilitando assim que 50% da dos empregados atuem e que seja efetivado uma retomada gradual dos trabalhos”.
A avaliação das entidades é que o critério igual às duas empresas possibilita uma ação mais efetiva de enfrentamento à Covid-19, com minimização dos impactos econômicos e sanitários das empresas,mas também dos produtores rurais “que estão com animais alojados, dívidas já assumidas, gastos já efetivados na produção e muitos frangos e suínos prontos para o abate”.
A interdição total do frigorífico da BRF foi decidida ontem, após o pedido do Ministério Público, encaminhado na semana passada. Saiba mais.