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Univates e Prefeitura divulgam mais uma etapa dos resultados preliminares do Testa Lajeado

Professora Dra. Ioná Carreno e professor Dr. Rafael Picon / Crédito da foto: Lucas George Wendt / Divulgação

A pesquisa Testa Lajeado, iniciativa inédita no País, divulgou os resultados preliminares da segunda etapa em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24/06). Realizado pela Universidade do Vale do Taquari – Univates, por iniciativa da Prefeitura Municipal de Lajeado, o Testa Lajeado, por meio de amostragem probabilística, busca analisar a prevalência de coronavírus no município. 

A segunda fase da pesquisa foi realizada de 13 a 17 de junho, em Lajeado, com uma amostra de 1.127 participantes. Da amostra, 23 pessoas (2,57%, já considerados ajustes indicados na literatura científica) tiveram resultado positivo no teste para identificar a contaminação por coronavírus. A primeira fase da pesquisa, realizada de 30 de maio a 4 de junho, teve uma amostra de 1.450 participantes, sendo 45 pessoas (3,93% de prevalência ajustada) com resultado positivo no teste de coronavírus. 

Quando analisadas as duas etapas juntas, a prevalência da Covid-19 no município de Lajeado é de 3,22%, ou seja, a estimativa é que 2.061 adultos tenham sido infectados na cidade, indicando baixa subnotificação de casos no município. Segundo aponta o estudo, a proporção de casos notificados em relação aos estimados é de 74,1%, ou seja, para cada caso notificado, há 1,35 infectado não contabilizado pelos registros oficiais. Conforme os pesquisadores responsáveis, este pode ser considerado, em termos proporcionais, um dos maiores estudos do Brasil. 

De acordo com os pesquisadores, doutora Ioná Carreno e doutor Rafael Picon, a prevalência não é um indicativo de que as medidas de proteção podem ser deixadas de lado. “Ainda devemos ter cautela em relação à pandemia. Temos que ficar atentos a novos casos, mas, até o momento, o que parece acontecer é a estabilidade do número de casos em Lajeado. Alertamos que a população continue com os cuidados como o uso de máscara, lavagem das mãos e uso de álcool em gel”, alertam os pesquisadores.

A pesquisa também elencou dados das internações. Até 15 de junho, Lajeado contabilizava (na contagem oficial do Estado) 1.527 casos positivos de coronavírus entre adultos e o total de 75 internações, excluindo idosos moradores de asilos. Dessas, 27 infectados precisaram de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 14 tiveram necessidade de ventilação mecânica invasiva. Lajeado ainda contabilizava, na data, 21 óbitos, sendo 18 destes em pessoas acima de 60 anos (85,7%). 

Entenda os parâmetros do estudo e as variáveis sociodemográficas

A população-alvo da pesquisa são os 64 mil habitantes adultos não institucionalizados (não internos em hospitais e clínicas) de Lajeado. Nas primeiras etapas foram testadas 2.577 pessoas, sendo 68 positivadas. A margem de erro é de cerca de 1%. 

Dos participantes da primeira etapa, 952 são do sexo feminino (65,7%) e a média de idade é de 49,5 anos. Entre o total dos participantes (1.450), 61 são trabalhadores de frigoríficos. Destes, sete testaram positivo para coronavírus. Com os dados e ajustes estatísticos, provou-se na primeira etapa que a prevalência da doença entre trabalhadores de frigoríficos é cerca de três vezes maior do que a dos demais trabalhadores.

Já na segunda etapa, 723 respondentes são do sexo feminino (64,2%) e a média de idade é de 49,8 anos. Do total dos participantes (1.127), 40 são trabalhadores de frigoríficos. Destes, sete testaram positivo para coronavírus. A prevalência do vírus entre trabalhadores de frigoríficos foi 11 vezes maior do que a dos demais trabalhadores.

A grande discrepância entre a prevalência de infecção em trabalhadores de frigoríficos com a dos demais trabalhadores revela que a disseminação do novo coronavírus em Lajeado ficou, em parte, restrita às suas plantas frigoríficas. Se houvesse distribuição mais uniforme do vírus por todo o município, não se observaria tamanho contraste entre os trabalhadores de frigoríficos e não trabalhadores de frigoríficos. Também ocorre que, por motivos ainda não bem compreendidos, os frigoríficos são focos de surto, a exemplo do que já se observou em outros países, como nos EUA, e devem ser melhor investigados.

Prevalência por faixa etária:

20 a 39 anos: 3,32% 

40 a 59 anos: 3,41% 

60 anos ou mais (não institucionalizados): 1,38%

Conforme avaliado por meio de questionário, a adesão às medidas de distanciamento social entre infectados e não infectados foi semelhante. Ainda, os pesquisadores estimaram as taxas de letalidade total e por faixa etária para a população adulta não institucionalizada de Lajeado. O risco de óbito por Covid-19 foi de 0,6%, variando de 0,1% para pessoas com 20 a 39 anos de idade a 7,6% para idosos com 60 anos ou mais. A proporção de adultos infectados que necessitaram de hospitalização foi de 3,6%. No entendimento dos pesquisadores, é possível que essas sejam as primeiras estimativas de letalidade e hospitalização do Brasil baseadas em amostras representativas da população em geral (extra-hospitalar).

Resultados são avaliados para direcionamentos futuros

Conforme o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, com a análise dos dados divulgados nesta quarta-feira é possível pensar em novas metodologias e propostas para a cidade, como a retomada das aulas. “Com isso, esperamos que Lajeado seja referência e possa auxiliar o Estado nas futuras tomadas de decisão”, afirma. A retomada das aulas de forma presencial na Univates está prevista para agosto, mas depende também das normativas e definições municipais e estaduais.

Para o reitor da Univates, Ney José Lazzari, os ensinamentos que a pandemia e a consequente virtualização das aulas trouxeram não serão esquecidos. “Nem nós sabíamos da nossa capacidade de mudar tão rápido, com tanta gente e com qualidade. Nossos professores aprenderam a utilizar novos softwares, novos aplicativos, a colocar em prática novos jeitos de trabalhar e de dar aula. Nossos alunos foram espetaculares também, toparam isso como um desafio. Tem sido muito interessante todo esse processo”, ressalta. 

Próxima etapa

A terceira etapa, prevista para iniciar no próximo sábado, está em avaliação e não deve começar no dia 27, conforme cronograma inicial. Ainda será definido se há a necessidade de uma nova amostragem. O relatório final, com todos os dados da pesquisa, deverá ser entregue ao poder público em julho. 

Equipe técnica

Coord. Adm. Profa Dra. Simone Stülp

Coord. Cient. Prof. Dr. Rafael Picon

Pesquisadora Profa Dra. Ioná Carreno

Grupo de pesquisa:

Prof. Dr. Rafael Picon

Profa Dra. Ioná Carreno

Prof. Dr. André Anjos da Silva

Profa Dra. Gabriela Laste

Prof. Me. Márcio Mossmann

Prof. Me. Guilherme C. Domingues

Acad. Enf. Magali Conte

Acad. Med. Brenda R. Gheno

Acad. Med. Lara Faria F. Heringer

Acad. Med. Letícia L. Alvarenga

Acad. Med. William P. Sant’Ana

Apoio

Prof. Me. Rafael R. Eckhardt

Profa Dra. Andréa Horst

Coord. Lab. Fábio Kremer

Vig. Epidemiológica/Sesa

ACS/Sesa

Unimed

Cons. Macrovisão

Guarda Municipal

Brigada Militar

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