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Marrom: Mais de 20 anos de histórias para contar

Em 2011, Marrom, capitão do Rui Barbosa, ergue troféu de campeão do Regional Certel Aslivata Série A, categoria Titulares / Crédito da foto: Arquivo FP

Para quem tem longo tempo de estrada, escolher apenas uma história para contar pode ser difícil. Para Lisandro Lourenço, o Marrom, os 21 anos de carreira no futebol complicam apontar apenas uma conquista.

Afinal, foram sete anos de futebol profissional e 14 de futebol amador. “Todas as conquistas foram importantes por causa do momento em que elas vieram. Cada uma com seu gostinho especial”, declara.

Entre as conquistas especiais, destaca títulos regionais. Em 2009 foi com o Gaúcho, do Bairro Teutônia. “Momento muito especial porque foi o primeiro. Marcou uma geração campeã regional seguidamente”, avalia.

Aquele grupo do Gaúcho foi importante para a região. “Ali mudou um pouquinho da configuração do futebol amador. Trouxe uma outra expectativa”, considera.

Em 2011, o título foi pelo Rui Barbosa, de Arroio do Meio, com parte do elenco de 2009. “Esse grupo ficou ali três ou quatro anos ganhando títulos, beliscando e assim sucessivamente”, lembra.

O mais marcante título regional para Marrom, no entanto, veio em 2018, com o 7 de Setembro de Capitão, por ser o primeiro daquela comunidade. Além disso, outro fator especial é a conquista já no fim da carreira de Marrom como atleta, com 38 anos.

“Eu já não era mais uma figura tão importante, mas, mesmo assim, tive meu espaço, tive meu momento, minha importância. Culminando com a final do campeonato podendo jogar, ser o capitão da equipe e podendo erguer a taça”, relembra.

Dia marcante para a história. “Eu esperava algo assim. Todo atleta espera um momento de glória, em que tu sejas realmente um dos protagonistas do espetáculo. E aquele foi o meu momento”, afirma.

Em 2009, Marron festeja com o Gaúcho o título do Regional da Aslivata / Crédito da foto: Arquivo FP

Competição só no campo

Os campeonatos eram muito disputados, mas para Marrom se resumia às quatro linhas. “Dentro do campo era competitivo, queria ganhar, brigava por isso, brigava muito pela vitória. Mas, nada além disso”, salienta.

Passados os 90 minutos do jogo, a história era outra. “Todo mundo tem sua vida, tem sua dignidade fora disso. Todos tem família, tem trabalho, representa uma comunidade inteira”, salienta.

Isso sempre esteve claro na cabeça do jogador. “O esporte pode ser competitivo só dentro das quatro linhas, fora dali fica a amizade”, reforça.

Um exemplo disso, são jogadores que hoje são amigos, mas que não chegaram a ser companheiros de equipe, apenas adversários no campo.

Protetor da área

Marrom jogava como volante. Iniciou em uma época em que havia um volante só na equipe, que era responsável pela marcação, por quebrar a primeira bola para facilitar para os zagueiros, com a função específica da marcação e pouco avançava para o ataque.

Posteriormente, as equipes passaram a contar com mais um volante. Este com mais liberdade para chegar ao ataque e compor o sistema ofensivo. Marrom continuou o cabeça de área protetor da zaga, algumas vezes até atuando como zagueiro. “Por essa facilidade de leitura de jogo. E fisicamente também, sempre fui muito bem”, explica.

O bom preparo físico também marcou a carreira. “Nunca me furtei de treinar. No amador treinava como se fosse profissional, porque gostava daquilo e sabia que me faria diferente dos demais”, avalia.

Por toda essa característica de jogar mais na defesa, os gols na carreira foram poucos. Lembra de um nas quartas de final em 2012, jogando pelo Passo do Corvo contra o São Cristóvão. Foi o gol da vitória que levou a equipe à semifinal.

“Foi legal se sentir o cara que faz o gol, foi um gol bastante significativo naquele momento”, diz. Marrom tinha facilidade no cabeceio, e assim vieram alguns gols, alguns deles importante e em finais.

Para se destacar em sua posição, ele tem uma dica: o jogador precisa treinar aquilo em que ele tem deficiência. “Eu procurava fazer isso, o que me tornou um jogador mais completo”, afirma.

Um exemplo é que ele treinava para usar ambas as pernas nos chutes, pois na época, exigia-se que o jogador fosse ambidestro.

Na final de 2018, Marrom foi o capitão do 7 de Capitão / Crédito da foto: Arquivo FP

No profissional

O ex-jogador conta que era baixinho para ser zagueiro, mas a leitura de jogo era apurada. “Eu praticamente sabia o que o atacante ia fazer, eu adivinhava. E isso me levou ao profissional”, conta.

A trajetória começou cedo. Passou pelo Guarani de Venâncio Aires e pelo Lajeadense. Teve uma passagem por um clube em São Paulo, mas foi a experiência nos clubes daqui que mais marcou. Lembra que a equipe do Lajeadense era muito boa, com um grupo de trabalho muito forte.

Saindo de campo

Após anos de futebol, Marrom chegou no momento de pendurar as chuteiras. Explica que entender este momento é a parte mais difícil para o atleta. “Ser mais útil em outra função. Eu não devo mais nada ao futebol, e o futebol não me deve mais nada. As conquistas possíveis aconteceram na minha carreira de jogador. Cheguei até onde foi possível”, declara.

Ele afirma que a técnica não era muita, e por isso não foi longe no profissional. Mas que no amador esteve entre os grandes. “Estive entre os nomes sempre lembrados para qualquer equipe. Fiquei muito feliz com o que o futebol me deu e entendo o momento de transição”, reforça.

Assim, vê com bons olhos assumir funções fora das quatro linhas, sobretudo como treinador. “Porque sempre tive uma boa comunicação com todos os jogadores, bom diálogo com as direções onde passei, e acredito que seria um bom gestor de grupo e vou apostar nisso”, considera.

Em 2018, Marron foi capitão do 7 de Setembro de Capitão e levantou o troféu de campeão regional / Crédito da foto: Arquivo FP

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