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Bandeira do Brasil desperta diferentes percepções

Créditos da foto: Grasieli Nabinger

Foi no dia 7 de setembro de 1822 que, às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I deu o grito pela independência do Brasil. Considerado marco de civismo, o ato é anualmente relembrado e o patriotismo defendido pelo hasteamento da bandeira – maior símbolo nacional. As cores verde, amarelo e azul, escolhidas para representarem a fauna, a flora, as riquezas, o mar e o céu brasileiros, exaltam a mensagem de “Ordem e Progresso”.

A bandeira, entretanto, passou a ter ideologia política quando utilizada por Jair Bolsonaro desde a campanha à presidência. Com a frase “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, a população viu as cores sendo carregadas em manifestos a favor do atual presidente. Às vésperas do dia 7 de setembro de 2021, o símbolo voltou a janelas e parapeitos. Resta saber: orgulho pela pátria ou apoio a Bolsonaro?

Fomos para a rua ouvir a comunidade que circulava no Bairro Languiru durante a manhã de ontem, sexta-feira (3/9). Algumas pessoas abordadas pela reportagem preferiram não ser identificadas. Quando questionadas sobre a representatividade da bandeira brasileira argumentam que as cores representam orgulho. Entretanto, os movimentos previstos para os próximos dias causam receio.

O que representa a bandeira do Brasil ou que sentimento desperta vê-la hasteada hoje?

Nestor Guilherme Schneider, 67 anos

“A bandeira do Brasil sempre representa orgulho. A conotação que está sendo dada é que eu acho meio estranha. Querem associar a um lado de patriotismo, Jesus Cristo e família, como se as pessoas que não pensam como eles fossem contrárias [à bandeira]. Sempre vou respeitar a bandeira do Brasil, que é orgulho para nós, brasileiros. O ato de hastear a bandeira deveria ser uma atitude constante, não só em um período. A história demonstrou que em outros países que usavam essa mesma linguagem, ‘pátria, família e Jesus Cristo’, e depois eram verdadeiros assassinos em série. A pátria é um valor eterno. Da maneira que está sendo usada me deixa triste. Estão usando para uma linha de pensamento.”

Créditos da foto: Grasieli Nabinger

José Marcelo Rodrigues, 52 anos

“Desperta o movimento que está marcado para o dia 7. A gente precisa de liberdade. A gente precisa de menos pessoas no Congresso. A gente vê falando de queda de energia. O dinheiro desse número de pessoas no Congresso poderia ser aplicado em usinas, hidrelétricas, etc. A gente é forte. O povo brasileiro sempre foi forte. Os ‘caras pintadas’ tiraram o Collor. Acho que está na hora do Congresso, do Legislativo, da política em geral saber que eles não são donos de nada. Quem é dono do Brasil é o povo, tanto que é o artigo 1º da Constituição: todo poder emana do povo. Foi caminhando umas eras até que chegamos a esse ponto. Vemos as bandeiras do Brasil hasteadas e eu sou totalmente a favor. Sou contra a violência. A gente tem medo que dia 7 pode acontecer alguma coisa, mas temos esperança que tudo vai dar certo.”

Créditos da foto: Grasieli Nabinger

Carla Rosângela Carvalho da Costa, 40 anos

“No momento que a gente está vivendo são sentimentos divergentes. Enquanto muita gente está querendo ver o circo pegar fogo, poucos estão tendo essa coragem: de hastear a bandeira e lutar por aquilo que acreditam. Apesar de tudo que está acontecendo hoje em dia, acho muito corajoso. Tem que hastear a bandeira mesmo, tem que mostrar que veio e tem que se defender e defender aquilo que acredita ser o certo. Fico muito orgulhosa e muito grata.

Créditos da foto: Grasieli Nabinger

Teutônia, Deus, família e pátria”

Um grupo de teutonienses que se identifica com o bordão de Bolsonaro organiza um movimento para o dia 7 de setembro. De acordo o apoiador Luiz Fabiano Vargas, o manifesto representa um momento ímpar da nação brasileira. “Queremos que seja liberta da corrupção, do roubo, dos favores”, argumenta.

Defende o engajamento religioso à causa. “A igreja é muito importante neste movimento por causa dos valores cristãos, da família, da pátria, do civismo. Os valores que são tão importantes para a condução de uma sociedade e têm sido atacados”.

Alega que o movimento está relacionado a questões educacionais que prezam pelos valores cristãos dentro das escolas, e por isso é contrário ao “marxismo, comunismo e ideologias que vão contra a família”.

Diz que os valores não podem ser roubados ou trocados, indiferente de ideologias. Que cada pessoa deve ser respeitada por suas escolhas, mas que essas ideologias não podem ser impostas como se fossem salvação ou única coisa que existe ou importa.

Vargas salienta que o momento será de oração pela nação, pelo estado e pelo município. “Estamos clamando a Deus e pedindo que Deus venha se mover na nação brasileira e que caiam por terra todas essas coisas da corrupção que estamos vendo, um Supremo Tribunal Federal (STF) que está soltando bandidos e prendendo pessoas inocentes.”

O “Movimento Teutônia, Deus, família e pátria”, está agendado para o dia 7 de setembro, no TeutoPark, no Bairro Centro Administrativo, em Teutônia. O início está previsto para as 13h45. De acordo com Vargas, serão tomadas medidas de prevenção ao Coronavírus.

Créditos da foto: Arquivo pessoal

Entenda as referências

CARAS-PINTADAS: Movimento estudantil brasileiro em prol do impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.

MARXISMO: Sistema ideológico que critica o capitalismo e defende uma sociedade sem classes e igualitária.

COMUNISMO: Movimento político, filosófico, social e econômico com objetivo de restabelecer o que se chama “estado natural”, em que todas as pessoas têm o mesmo direito a tudo, mediante a abolição da propriedade privada e o fim da luta de classes.

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