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Suspensão do Pronaf Custeio reflete na agricultura familiar da região

Crédito: Pexels

Os agricultores familiares não têm conseguido descansar direito, mesmo que se esforcem para tentar dormir. A decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de suspender novas operações de financiamento no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Custeio), também tem reflexos nos 55 municípios da Regional Lajeado da Emater, que contempla os vales do Taquari e do Caí.

Trata-se do Plano Safra 2021/22, que era a única linha de crédito liberada pelo banco com juro subsidiado para a agricultura familiar à taxa prefixada de apenas 3% ao ano. Somente considerando os projetos elaborados pela Emater, na Safra 2020/21 (período de 01/07/2020 a 30/06/2021), foram 3.237 Projetos de Crédito Rural, linhas de Custeio para Agricultores Familiares, perfazendo o montante de R$ 77.494.541,75.

Já na Safra 2021/22 (período de 01/07/2021 até o momento) foram elaborados apenas 2.584 projetos, mas o montante atinge R$ 84.531.865,73. “É o reflexo do aumento dos custos de produção”, explica o extensionista Alano Thiago Tonin, assistente técnico regional da Emater. Segundo ele, não fosse a suspensão da linha de crédito “certamente muitos ainda acessariam operações de Custeio Agrícola e/ou Pecuário”.

Tonin acrescenta que a suspensão é mais impactante neste ano, “pois estamos saindo de uma das maiores estiagens registradas nos últimos tempos, com custos de produção extremamente altos”. Para o extensionista, o produtor sai deste contexto “bastante descapitalizado, necessitando mais do que nunca de auxílio para custear suas lavouras e criações”.

A decisão do BNDES também motivará reflexos na produtividade. “Sem a possibilidade de execução do Plano Safra, e com recurso em quantidade suficiente, certamente vai implicar em uma redução de investimento nas lavouras e criações. Por consequência, acarretará diminuição de produtividade”, lamenta Tonin.

Além dos projetos elaborados pela Emater, a agricultura familiar ainda movimenta outras contratações que se dão diretamente nas agências financeiras, além de renovação automática, e projetos elaborados por técnicos e empresas particulares. “A grande maioria dos agricultores acessam o crédito para custeio a partir de julho. O que não está certo é se teremos recurso e em quantidade suficiente”, preocupa-se o assistente técnico regional da Emater.

Os agricultores familiares têm uma certeza: o custo de produção tem aumentado cada vez mais. Mesmo assim, a Emater tem procurado motivar/incentivar a manutenção dos investimentos. “Apesar de tudo, não é recomendado deixar de investir. Por hora, os agricultores podem acessar linhas de crédito com recurso próprio dos agentes financeiros e/ou financiar/parcelar diretamente com as empresas que comercializam os insumos”, sugeriu Tonin.

ALANO THIAGO TONIN
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