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“De um limão, uma limonada”: teutoniense detalha suas experiências com a nevasca no Chile

Em um primeiro momento, a presença da neve foi comemorada pelo grupo. Líria declara que integrantes abriram um espumante para celebrar o fato / Crédito: Divulgação

O que é necessário para viajar? Tudo começa por uma escolha. Para onde ir? Após responder esta questão, surgem outras escolhas. Em qual época? Quais são as atrações turísticas do local? Quanto dinheiro e tempo é necessário investir? Independente das perguntas e respostas, toda viagem envolve um planejamento.

Quando algo que planejamos não sai como prevíamos, é normal do ser humano sentir frustração e outros sentimentos ruins. A psicologia explica que essa decepção pode causar uma desestruturação emocional em vários níveis; que acarreta consequências mais sérias. Por outro lado, os estudiosos destacam que experiências frustradas são essenciais para o desenvolvimento da mente, pois, a partir delas, é possível aprender, crescer e criar novas formas funcionais de interagir com o mundo.

Os psicólogos também esclarecem que, assim como outros sentimentos, é importante ouvir a frustração, porque ela diz como você pode viver uma vida mais satisfatória e gratificante. Foi justamente este aprendizado que fez a aposentada Líria Zimmermann Wiebusch sentir apenas gratidão por ter participado da viagem ao Chile.

Moradora do Bairro Canabarro, em Teutônia, “Tia Líria” realizou um sonho da adolescência aos 81 anos. Ela revela que decidiu participar da excursão faltando apenas dez dias para a viagem. “Eu não sei o porquê, mas desde a minha juventude eu queria conhecer o Chile. Só pude ir pois outra passageira cancelou de última hora. Foi uma correria maluca para organizar tudo, mas valeu a pena; valeu a pena mesmo”, garante.

Apesar dos imprevistos, a idosa se sente realizada. “Foi tudo muito legal. Eu não posso me queixar. Era um sonho muito antigo e se tornou realidade. Eu queria ver neve e vi. Não precisava ser tanto (risos). Eu só posso dizer graças a Deus. Ninguém se machucou. Todo mundo voltou com saúde. Reclamar do que?”, argumenta.

Líria demonstra que em nenhum momento se sentiu insegura com as circunstâncias. “Nós estávamos em um lugar seguro, por que sentir medo? Era o que tínhamos. Nós tínhamos que fazer do limão uma limonada. É claro que passa pela cabeça ‘quando vou voltar para casa?’, mas, sabíamos que iríamos retornar”, indica.

Embora a eventualidade pudesse gerar o sentimento, os quatro dias retidos na aduana chilena não foram marcados por insatisfação. “É claro que não são as melhores condições. Porém, todos estavam bem agasalhados. Todos tinham cobertores e travesseiros. O ônibus tinha ar-condicionado. Um ajudava o outro. Tínhamos biscoitos e outros petiscos. Nós não passamos dificuldades nem um dia. Se alguém reclamar, reclama de bobo. Foi uma situação totalmente atípica de nosso cotidiano, mas era o que tínhamos”, justifica.

Com atividades simples, o tempo foi superado sem monotonia. “Tínhamos chimarrão, o que gera uma integração natural. Contávamos piada e cantávamos. Caminhávamos lá dentro, onde estávamos (aduana). Eu saí várias vezes para caminhar um pouco na neve. Não ficamos entediados, pois sempre surgia algo novo”, relata.

A idosa passeou em vinícolas e trouxe vinhos e
espumantes para presentear familiares e amigos

Passeou muito por Santiago
Já na capital Santiago, a entrevistada transparece também ter aproveitado as oportunidades. A teutoniense sustenta o sentimento de satisfação. “Eu passeei muito. Fiquei encantada com a preservação dos prédios históricos e a limpeza da cidade. O teleférico foi maravilhoso. Poder enxergar a neve em cima dos morros e o sol refletindo foi emocionante. As vinícolas também são surpreendentes. As pessoas com uma educação linda. Para mim foi tudo ótimo. Eu vi coisas diferentes, conheci os lugares que queria conhecer e pude trocar vivências com turistas e locais. Não tenho motivos para reclamar”, acentua.

Sobre se aventurar em outra viagem, Líria Zimmermann Wiebusch diz que, se não fosse a idade, com certeza descobriria novos lugares. “Agora é mais difícil. Se eu tivesse 60 ou 70, eu realizaria mais sonhos. Depois dos 80 temos que ter alguns cuidados. Eu adoro isso. Adoro novidades. Sem medo”, sublinha.

RELEMBRE O CASO

Nevasca foi a pior registrada no país desde 2013 / Crédito: Divulgação
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