Já diziam por aí: “para o amor não tem barreiras, nem fronteiras, o importante é amar”. Essa frase define a dupla encantadense e vizinhos de longa data, Angelo Afonso e Marco Aurélio Acco Magagnin. O amor pelo futebol é tão grande, que os amigos decidiram ir para a Argentina assistir a final da Copa do Mundo 2022.
“Como um cara apaixonado por futebol e trabalhando no meio há 17 anos aproximadamente, a época de Copa do Mundo sempre foi especial para mim. Assisto a todos os jogos e tento me dedicar ao máximo profissionalmente. No entanto, até hoje, meu único jogo de Mundial no estádio foi Argentina x Nigéria, em 2014, no Beira-Rio”, explica Afonso.
A partir deste momento, Afonso teve ainda mais admiração pelo fenômeno que é o futebol para os argentinos. “Eu trabalhava em Porto Alegre na época da Copa no Brasil e lembro de como foram os dias em que os hermanos invadiram a capital. Enfim, sempre admirei o futebol, especialmente o nosso sul-americano com um jeito único de misturar raça e talento”, ressalta.
Como neste ano o Mundial era muito longe e não cabia em seu orçamento, Afonso começou a projetar uma semifinal entre Brasil x Argentina. “A ideia era ir ao Rio de Janeiro acompanhar o clima para o clássico e ficar para comemorar um tão sonhado hexa, mas faltou combinar com os croatas”, brinca.
Afonso diz que a partir da eliminação do Brasil, só restou a Argentina para representar o futebol sul-americano. “O Mbappé, admirável craque francês, merecia uma resposta à altura após declarar que ‘o futebol sul-americano não é tão avançado como na Europa’. E então, por conta disso, alterei os planos para Buenos Aires, mas aguardando a resolução da semifinal já que estava traumatizado com a Croácia”, explica.
Vamos? Vamos!
Desde que comentou sobre sua intenção com os amigos, Magagnin, amigo de longa data e vizinho desde os 2 anos, prometeu acompanhar Afonso nesta aventura. “E assim fomos para Buenos Aires de carro, saindo de Encantado na noite da quinta-feira (15/12), com parada para pouso na fronteira, em Uruguaiana, e concluindo a viagem na sexta-feira (16/12), com chegada ao nosso apartamento alugado na capital Argentina na parte da tarde”.
Ele conta que enquanto atravessavam o interior argentino já era perceptível o clima de euforia e expectativa de título. Pinturas em muros e viadutos, além de campanhas publicitárias em outdoors, demonstravam a paixão pela seleção e o desejo dos argentinos por “la tercera”.
“No sábado (17/12), véspera da final, o governo argentino convocou a população para um ‘banderazo’ nas principais ruas de Buenos Aires. E lá fomos nós, o Marco e eu, ao Obelisco, principal ponto turístico e também de manifestações da cidade. Encontramos, além de argentinos, uruguaios, colombianos, equatorianos, peruanos, bolivianos e até costa-riquenhos alentando a seleção. Prova de que o clima de ‘nós contra eles’ se espalhou pela América Latina”, conta.
No domingo da grande final, o país amanheceu pintado de azul e branco. E a dupla de aventureiros foi de metrô até Palermo, onde o governo da cidade de Buenos Aires instalou dois telões para mais de 50 mil argentinos acompanharem a final da Copa do Mundo de 2022.
“Havia otimismo, sim, mas também muita apreensão e nervosismo que demonstraram, de certa forma, respeito ao grande selecionado francês. Mas depois de tantas horas de sofrimento – ampliado pelo calor que fazia em território portenho – começou a maior festa que já vi o futebol proporcionar”, recorda.
O sonhado tri
“Todos foram para as ruas. Eram milhões de apaixonados argentinos festejando o tão sonhado e merecido título mundial – muitos deles, mais da maioria, vivenciando essa alegria pela primeira vez. O Obelisco, claro, foi palco da maior festa, que se estendeu por toda tarde e noite e invadiu toda a segunda-feira”.
Na manhã de terça-feira (20/12), que passou então a ser feriado nacional, mais de 4 milhões de pessoas foram ao Obelisco, onde se esperava que passariam em ônibus aberto os jogadores campeões. “Ainda não sei dizer como, mas Marco e eu chegamos ao pé do Obelisco. Porém, como a situação fugiu das proporções esperadas pelas autoridades de segurança, boa parte do desfile dos vencedores acabou sendo cancelada”, explica.
Ainda assim, mesmo sem ver a tão cobiçada taça e os seus heróis, a torcida Argentina seguiu dando show até o fim do dia. “Eram homens e mulheres de todas as cidades e idades. Em cima de árvores, postes de luz, sinaleiras, bancas de jornal e tudo que possa ser imaginado ou não. Os argentinos com quem conversei definiram muito bem com poucas palavras: ‘la locura es total’. Meu amigo e eu jamais esqueceremos desta loucura que experimentamos e vivenciamos. E contaremos, com orgulho, para nossos filhos e netos que fizemos parte da maior festa da história do futebol”, finaliza Afonso.