O imigrantense Carlos Alexandre Lutterbeck coordenará um projeto de pesquisa em parceria com pesquisadores da Índia, China e África do Sul. O projeto denomina-se “Sistema Integrado Descentralizado de Tratamento de Águas Residuárias para descarte seguro e reuso” e foi selecionado para financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na 5ª Chamada BRICS-ST para um período de 24 meses. O projeto será desenvolvido com o Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Tecnologia Ambiental (PPGTA) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
O BRICS é um grupo de países emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Assim, a temática da pesquisa visa atender demandas comuns a estes países. “O tratamento de esgoto é uma carência que existe neste cinco países”, diz.
Assim, dentro do projeto, cada país terá um grupo de trabalho. A parceria ocorre por meio da troca de informações. “Queremos ter uma produção científica em conjunto, queremos gerar dados para trocar informações entre os grupos. E o projeto contempla também missões de estudos para cada um destes países”, complementa. As comitivas realizarão visitas entre si. “Uma troca de informações para que a gente traga ganhos para a população”, aponta.
O grupo brasileiro será coordenado por Lutterback, com apoio de outros professores e pesquisadores. “Cada uma dessas equipes será responsável por montar um sistema e terá diferentes enfoques. Aqui faremos por meio de um sistema integrado”, explica. O sistema integrado reúne diferentes etapas do tratamento de esgoto.
Lutterbeck é pesquisador, Doutor em Ciências Naturais e Mestre em Tecnologia Ambiental. Além disso, também atua como secretário de Educação de Imigrante. Ele tem uma trajetória de pequisa de mais de 15 anos junto à Unisc. Em 2021, foi contatado por um pesquisador indiano questionando se havia interesse de submeter um projeto para a chamada do BRICS. No final de 2022 veio a notícia da aprovação do projeto.
Importância e aplicação
Ele avalia que a pesquisa é muito importante pois a falta de tratamento de esgoto é um grande problema atual no Brasil. “Dados indicam que nem 50% da população brasileiro possui alguma forma de tratamento de esgoto. E nos outros 50% que tem, ainda consideramos formas de tratamento que não são adequadas mas são consideradas um tipo de tratamento, como a fossa séptica”, exemplifica.
Ele reforça que a falta de tratamento de esgoto resulta em problemas sociais, ambientais, econômicos e de saúde. “Temos doenças associadas à falta de tratamento de esgoto, de veiculação hídrica”, complementa.
Lutterbeck considera que o tratamento de esgoto tem sido negligenciado há anos pelos governos. “Infelizmente, porque o saneamento básico é um investimento e não um gasto. A cada R$ 1 que investimos em saneamento, poupamos até R$ 5 em gastos com saúde pública”, reforça.
Ele afirma que os sistemas que serão desenvolvidos no projeto são diferenciados dos pontos de vista econômico e de sustentabilidade, e que serão aplicáveis para a população.
Ele explica que os sistemas hoje são centralizados. Eles recolhem o esgoto das residências e encaminham para uma estação central de tratamento. “Além de não ter um aspecto visual tão bom, odores e alto custos de manutenção, onera bastante a questão de canalização e transporte”, pondera.
Já a proposta dos pesquisadores é de sistemas descentralizados. “O objetivo é tratar in loco aquele esgoto. Esses sistemas têm como grandes vantagens não ter o custo alto de transporte e não ter custos elevados de instalação e manutenção”, considera.