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Agricultores do Estado monitoram situação da estiagem

Milho plantado mais tarde sofre impactos das chuvas abaixo da média / Crédito: Paloma Griesang

Pelo terceiro ano seguido, agricultores do Estado estão em alerta devido à estiagem. Embora menos severa do que a do ano passado, a seca neste ano já causa preocupação e projeta prejuízos no setor. Nesta semana, o governo estadual colocou o Rio Grande do Sul em estado de atenção por causa da seca. A medida vale por 90 dias. Em todo estado, 61 municípios já decretaram situação de emergência.

Na região, ainda não há decretos oficialmente assinados. Embora municípios como Progresso e Taquari tenham manifestado que devem realizar o procedimento. O relatório do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates (NIH) indicam que as chuvas devem ficar abaixo da normal climática e o calor acima da normal climática no verão.

O presidente da sindical dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) do Vale do Taquari, Marcos Hinrichsen, diz que as questões climáticas são uma preocupação constante para a agricultura familiar. Ele lembra que a luta por incluir o plantio no seguro Proagro para estas situações é uma luta antiga.

“Para termos este amparo legal. Porém, isso às vezes avança, às vezes regride. Isso poderia estar melhor, o seguro se tornou bastante caro e burocrático”, aponta. Ele diz ainda que o sindicato sempre está montando proposta para buscar apoio às famílias que terão perda na produção.

“Sempre orientamos o pessoal a fazer o seguro, mas vai da consciência e do enquadramento. Por exemplo, aqui é muito custeio pecuário, pessoa planta milho para silagem, e daí não enquadra no Proagro. Isso é algo que precisa avançar, ter um entendimento e olhar”, reforça

A presidente do STR de Teutônia e Westfália, Liane Brackmann, diz que a principal diferença para a última estiagem é que boa parte dos agricultores plantou o milho safra cedo e conseguiu colher. “Não digo deu uma colheita esplêndida, mas deu bem. Então temo o milho safra plantado entre agosto e setembro e sendo colhido. Diferente do ano passado quando a chuva começou a diminuir em outubro, este ano começamos a sentir em dezembro”, pondera

Porém, a presidente comenta que o milho plantado mais tarde teve prejuízo. A soja também já sofre alguns impactos. Já o milho safrinha ainda não foi plantado e muitos produtores estão no aguardo para plantar de novo. “Tudo depende do que vai acontecer neste mês, mas não estamos livres de, daqui a pouco, os municípios estarem declarando situação de emergência, principalmente por causa da safrinha e o milho plantado tarde”, considera.

Ela afirma que o sindicato está atento, fazendo verificações e registros no interior. “Estamos tirando fotos, fazendo registros, porque sei que dezenas de municípios [no estado] já declararam emergência”, reforça.

Liane destaca ainda que a produção de subsistência e de hortaliças também tem sido impactada pelo calor e falta de chuvas. “Estão padecendo e tendo prejuízo”, salienta.

Teutônia acompanha a situação
Os municípios também estão atentos à situação. Entre os municípios do G7 ainda não há decretos de emergência, mas todos estão em alerta. Em Teutônia, conforme a Secretaria de Agricultura, a situação é muito preocupante. A pasta tem feito monitoramento junto aos agricultores.

“As lavouras de milho, principalmente cultivadas para silagem, estão sofrendo bastante com a falta de chuvas. O índice pluviométrico que estava previsto para o mês de janeiro está bem abaixo da normalidade, prejudicando severamente as culturas e as pastagens”, destaca em nota. Conforme os dados, os volumes de chuva variaram de 10 a 40 milímetros na região, mas em algumas localidades não houve nenhuma precipitação.

A Secretaria tem disponibilizando máquinas para os agricultores que necessitam realizar a escavação de tanques a procura de água nas propriedades. “Estamos acionando caminhão-pipa para realizar o transporte de água para as propriedades que estão enfrentando problemas de falta de água”, complementa.

O Município salienta ainda que neste primeiro momento não há a possibilidade de decreto de emergência, porém “se persistindo a estiagem essa possibilidade não pode ser descartada”.

Municípios em alerta
O prefeito de Imigrante, Germano Stevens, comenta que tem feito reuniões com o secretário de Agricultura sobre a situação. Ele pondera que dezembro ainda contou com chuva, o que não ocorreu no ano passado. “Estamos acompanhando, graças a Deus tivemos chuva essa semana. Mas já estamos tendo perdas na agricultura”, considera.

O prefeito conta também que já há falta de água e que, em parceria com os Bombeiros Imicol, tem sido feita a entrega de água para quem precisa. “No final de semana tivemos 15 entregas de água potável, e mais alguma entregas para propriedades”, revela. Afirma que é uma questão que preocupa, mas que se for necessário o município decretará emergência. “Buscando homologação para depois buscar recursos para quem passa por essa dificuldade”, complementa.

Em Westfália está sendo feito o monitoramento da situação para verificar como a situação se comportará nos próximos dias. A Administração afirma que ainda não são registrados problemas de falta de água, mas que as lavouras de milho tem sofrido perdas devido à seca. O Município também acompanha a situação do Proagro em auxílio aos produtores, e a Emater deve emitir os relatórios de perdas.

Em Poço das Antas a administração também tem feito o monitoramento e já se constatam perdas nas plantações de milho, na fruticultura e também em pastagens. “Estamos fazendo um levantamento através de registros fotográficos que constatam o cenário”, conta o secretário de Agricultura, Ricardo Luiz Flach. Também já há queda na produção de leite.

Além disso, por conta das recentes queimadas ocorridas no Município, que se alastram por conta da estiagem e escassez de chuvas, também registram-se danos na área da silvicultura e em plantas anuais. Recentemente, foram abertos mais açudes no município para irrigação e dessedentação de animais. “Além disso, o Poder Pública coloca à disposição sua estrutura de maquinário e pessoal para possíveis desabastecimentos de água”, indica.

O secretário afirma que há a possibilidade de um decreto de emergência, “conforme análise e observação do levantamento que ainda está em elaboração”.

Em Paverama já há registros de perdas, principalmente na produção leiteira e de bovinos de corte. “Por causa do calor, a escassez de água e a diminuição de pastagens pela falta de chuvas. Também a safrinha de milho e a soja tem baixa germinação e desenvolvimento das plantas e, consequentemente, na produção final”, explica a Secretaria de Agricultura.

Para auxiliar os produtores, o Município concede isenção de até 3 horas/máquinas na escavação de bebedouros d’água para animais. “A Administração está levando água para agricultores de regiões do município onde há falta de água”, complementa. Se a estiagem persistir nas próximas semanas, há a possibilidade de ser decretado estado de emergência no município.

Alguns prejuízos, mas sem critérios para decreto
Em Colinas, de acordo com o prefeito Sandro Herrmann, ainda não há nenhum problema de desabastecimento de água. Porém, há problemas na agricultura. São pequenas perdas do milho do primeiro plantio. “Mas a grande maioria foi colhida, o que foi para silagem, para grãos ainda deu uma produtividade razoável. A soja, em algumas lavouras, está em desenvolvimento. Tem chovido, não o suficiente para ter água nos arroios e valetas, mas para plantação ainda está razoável. Algumas dificuldades em alguns pontos”, avalia.

O prefeito considera que sem falta de água para consumo humano, dificilmente um decreto de emergência é reconhecido. Como não há essa falta no município, a administração ainda não buscou realizar um decreto.

Quanto às necessidades dos produtores rurais, como, por exemplo, para água para os animais, estão sendo atendidas conforme os pedidos. “Vamos fazendo abertura de poços para consumo dos animais. Vamos torcer que as chuvas retornem e normalizem”, deseja.

Em Fazenda Vilanova, a situação também é monitorada. O prefeito Amarildo Luis da Silva, diz que há alguns prejuízos e perdas em milho. “Mas não foi tão significativo, porque o pessoal que planta milho, a maior parte planta cedo. Os prejuízos foram mínimos”, considera. O prefeito aponta que agora se monitora a questão da soja.

Porém, o prefeito pondera que o município não se encaixa em todos os critérios para decretar situação de emergência. “Não temos pedidos de água para atender propriedades, ou pedido de cestas básicas para atender em decorrência da estiagem, falta de alimento ainda não está acontecendo”, pontua

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