Existe o ditado “uma aventura está sempre pronta para ser vivida”, e o grupo de quatro amigos, Rodrigo Brackmann, Andréia Becker, Diogo Rafael Müller e Diana Regina Wagner faz jus à frase. Em 2020, durante uma roda de chimarrão eles decidiram fazer uma viagem ao Nordeste de uma forma um pouco diferente do cômodo – o percurso seria feito de moto.
Em 2021, a pandemia do coronavírus impediu os motoqueiros de realizarem a viagem. Somente no ano passado, após dois anos de planejamento, conversas e pesquisas, a turma conseguiu ir. “No início era uma brincadeira e acabou virando um sonho”, confessam.
Integrantes do Moto Amigos Teutônia (MATE), o grupo ouviu falar dos Fazedores de Chuva, durante um encontro de motos. Consiste em um site com diversos desafios, entre eles o Desafio Rodoviário, em que os participantes devem percorrer “de cabo a rabo” uma das quatro rodovias que atravessam estados no Brasil.
Eles percorreram a BR-101, de Touros/RN a São José do Norte/RS, passando 12 estados. E a BR-116, conhecida como Rodovia da Morte, com início em Fortaleza/CE e fim em Jaguarão/RS, transitando 10 estados.
Ao todo foram 14 os estados visitados pelos viajantes. São eles: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo.
Também visitaram as praias de: Fortaleza/CE, Natal/RN, João Pessoa/PB e Porto de Galinhas/PE. Foram 9.827,6 quilômetros rodados em 22 dias.
Traçando rotas
Pela distância das viagens foi preciso elaborar as rotas, delimitar pontos de parada, postos de combustíveis, hotéis, pontos turísticos, entre outros. Os motoqueiros também adquiriram equipamentos para as motos e para si. “Colocamos como prioridade essa viagem, nos privamos de algumas coisas para realizar esse sonho e poder curtir cada momento”, expõem.
Vivência para compartilhar
Os amigos já haviam percorrido a região sul diversas vezes, mas nenhuma delas em uma viagem de longo prazo. Eles pretendem realizar mais aventuras como essa e já têm planos: Ushuaia, Argentina, é o próximo destino. “Começamos também o desafio de conhecer todas as 497 cidades do Rio Grande do Sul”, revelam.
O grupo classifica a experiência como “um misto de sensações e sentimentos”. Conforme os viajantes, no decorrer de quase um mês inteiro, eles passaram por momentos em que a emoção de estar na estrada ajudava a ignorar as dores de estar muito tempo em cima da moto, apesar de, às vezes, o cansaço falar mais alto. “Nem todos os dias foram perfeitos e de alegrias. O medo, a ansiedade e a insegurança também se fizeram presente. Cruzamos por trechos perigosos, o coração pulsava mais forte e as pernas tremiam, mas conseguimos”, confessam.
As diferentes pessoas e interações positivas marcaram a viagem. A admiração pelas motos e pela aventura do grupo foram alvo por onde passavam. “Pessoas que nem conhecíamos curtiam e comentavam as nossas publicações e stories, nos dando forças para continuar e vibrando com cada conquista nossa”, contam.
“Qualquer um pode fazer, mas poucos o fazem”
Trechos bloqueados e desvios imprevistos, chuvas quase todos os dias, trânsito intenso e caminhões foram alguns dos desafios do grupo no decorrer do trajeto. Um dos mais difíceis foi o cansaço e a dor no corpo depois de horas e dias na mesma posição. “Inúmeras vezes, quando pensávamos no que estávamos fazendo, nos dávamos conta de que era loucura, mas seria uma experiência única e vivemos momentos únicos, e como diz o lema ‘qualquer um pode fazer, mas poucos o fazem’”, pontuam.
Teutônia Moto Fest
Os quatro amigos estiveram presente na 4ª Teutônia Moto Fest, assim como nas três edições anteriores. Eles dizem que participam para conhecer pessoas, fazer novas amizades, compartilhar histórias. “Somos apaixonados pela vida em duas rodas”, declaram.
Apesar de o clima não ter colaborado, acreditam ter sido um grande evento, bem organizado e estruturado. “Como participantes do Moto Amigos já participamos de vários encontros de motociclistas no Rio Grande do Sul, e em muitos só ouvimos falar bem da Teutônia Moto Fest”, finalizam.
O evento recebeu neste ano mais de 20 mil pessoas nos três dias de programações. Conforme o organizador da festa, Cristiano Schwarz, a estrutura do evento não foi afetada pelo tempo, mas impactou na presença dos motociclistas que fazem “bate e volta” no sábado. “Estamos satisfeitos, temos só a agradecer o apoio da municipalidade, das pessoas que contribuem para o sucesso do evento”, reconhece.