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Economista-chefe do Sicredi aborda perspectivas e cenários para a economia

Para André Nunes, a condução da política fiscal e as futuras indicações para o Banco Central são fontes de incerteza para o mercado / Crédito: Edson Luís Schaeffer / Divulgação

A Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) de Estrela realizou nesta sexta-feira (14/4) a segunda reunião-almoço do ano, com o convidado André Nunes de Nunes, economista-chefe do Sicredi. O evento foi alusivo à campanha do Dia Nacional do Associativismo, comemorado no dia 30 de abril.

O palestrante abordou o tema “Cenários econômicos e perspectivas para a economia”, apresentando as projeções para os principais indicadores da economia internacional e brasileira.

Nunes observou que a inflação permanece elevada nas economias avançadas, como nos Estados Unidos. “Um mercado de trabalho forte sugere que a atividade deve precisar desacelerar para a inflação arrefecer. Já na zona do euro a inflação cai lentamente, puxada por preços de energia. Enquanto isso, o núcleo acelera, apesar de já haver sinais de fraqueza na atividade”, pontuou.

Nesta linha, colocou que a taxa de juros nos Estados Unidos pode atingir o maior patamar em 16 anos. “Atualmente, as previsões são de pouso suave da economia americana. Porém, a elevação da taxa de juros tem sido, historicamente, acompanhada por períodos de recessão. Em geral, as recessões começam após vários meses de juros elevados”, ressaltou.

O economista acrescentou que o aumento das taxas de juros já produz efeitos em mercados e empresas mais frágeis. Da mesma forma, colocou que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia sem desfecho é uma constante fonte de risco, uma vez que o mesmo está demorando mais que o previsto e tem causado um desgaste das lideranças políticas da Rússia, Estados Unidos, China e União Europeia.

Brasil

Nunes salientou que o cenário externo está mais desfavorável ao Brasil, tendo em vista que os preços de commodities estão perdendo força, há menor demanda por exportações e menor apetite ao risco. O dólar está valorizado e o risco é de recessão. “A boa notícia é que este cenário global ajuda na desinflação no Brasil”, afirmou.

Para o economista, essa melhora possibilitou forte queda no desemprego. Contudo, não se espera que esse cenário se mantenha em 2023. “A massa de rendimentos deverá crescer mais devagar, o que terá impacto sobre o consumo das famílias. Mas mesmo com expectativa de desaceleração, o mercado de trabalho ainda deverá ser um vetor positivo para o crescimento em 2023”, expôs.

Neste cenário nacional, o economista observou que o varejo mostra resiliência, mas deve desacelerar; a queda na produção e venda de veículos em janeiro e fevereiro; o endividamento das famílias, que se mantém em patamar elevado; a inadimplência do crédito livre segue em elevação e carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional desacelera.

Ele acrescentou que a recuperação pós-pandemia foi intensa. “Para 2023, projetamos desaceleração devido ao esgotamento do efeito vacinação, situação das famílias desfavorável, desaceleração global e desvalorização de commodities, além da taxa Selic ainda muito elevada”, ressaltou.

Nunes ressaltou também que o Brasil está entrando em uma fase de desaceleração cíclica, por conta da necessidade de taxas de juros mais elevadas para controlar a inflação. “Na comparação com os demais emergentes, o Brasil está melhor no relativo, por conta da sua crescente oferta de commodities, estabilidade geopolítica e elevada utilização de energia limpa. Existe ainda uma grande incerteza de qual o plano para o crescimento de longo prazo para o Brasil e como o país enfrentará os gargalos que travam a competitividade e produtividade. Esse será o principal desafio do novo governo”, finalizou.

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