A meteorologista Estael Sias, da MetSul, explica que as cheias que assolaram o Vale do Taquari não foram causadas por um ciclone extratropical, como muitos imaginavam. Segundo ela, são vários fatores conjuntos. “Tinha um aporte de umidade muito forte, uma corrente de vento que a gente chama de ‘rio voador’, que é a umidade da Amazônia toda canalizada em direção ao Sul do continente. Isso é típico, porque essa porção da América do Sul, Argentina, Uruguai, Paraguai e o grande do Sul, é uma região de nascimento dos fenômenos atmosféricos, justamente porque esse ‘rio voador’ contribui com umidade e com ar quente nos baixos níveis da atmosfera – ingredientes essenciais para a formação de temporais e eventos de chuva, frentes frias, ciclones”, citou.
Além disso, Estael explica que o Estado situa-se em latitudes médias com grande contraste térmico, o que também favorece a formação de todos os fenômenos de chuva, que trazem volumes altos de precipitação e tornam o Rio Grande do Sul uma região de grande desafio até para a a previsão do tempo. “Porque acontecem muitos fenômenos e, às vezes, vários fenômenos em conjunto. Então nós tínhamos uma frente fria que, associada a um centro de baixa pressão atmosférica, não tinha ciclone extratropical, a MetSul não previu isso. Era uma frente fria intensa e elas são potencializadas em anos de El Niño e com todo esse aporte de umidade e contraste térmico acabou formando esse excesso de precipitação”, conta.
“Foi dada a largada dos efeitos do El Niño”
A meteorologista aponta que foi dada a largada dos efeitos do El Niño. “Já vínhamos prevendo isso desde o início do ano, com um período crítico de chuva e alta frequência de temporais de setembro a dezembro deste ano. Temos vários eventos de chuva forte e temporais acontecendo, e curtas janelas de sol e tempo seco alternando com períodos de muita chuva e temporais são característicos do fenômeno”, finaliza.