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13ª Jornada Técnica Ambiental aponta fortalecimento do ESG com mudanças na cultura empresarial

Crédito: Camille Lenz da Silva

A Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), por meio da Unidade Parceiros Voluntários (UPV) realizou, na quarta-feira (4/10), a 13ª edição da Jornada Técnica Ambiental da ação Viva o Taquari-Antas Vivo, na Univates. A programação trouxe os casos de sustentabilidade empresarial das empresas Mercur e Excelsior Alimentos.

Data Protection Officer (DPO) da Mercur, Eduardo Assmann, abordou o tema “Jeito Mercur de perceber o mundo”. A empresa hoje atua nos ramos da Saúde e Educação, com cerca de 800 itens em seu portfólio. Segundo Assmann, em um planejamento realizado em 2007 a empresa começou a refletir sobre o legado que queria deixar.

“Resgatamos os valores dos fundadores, que tinham uma forte conexão com as pessoas e o meio ambiente. Foi um ano e meio de estudos com foco no que estávamos gerando de impacto socioambiental na nossa cadeia, e em 2009 tivemos a virada de chave”, contou.

Ele apontou que a empresa ficou mais horizontalizada, sem chefes, mas sim, líderes. “Tínhamos um olhar muito tradicional e competitivo, de fazer apenas para o cliente, olhar para o global e menos para o local. Hoje, menos é melhor, cocriamos e envolvemos mais pessoas, que têm autonomia para participar dos processos”, aponta. Segundo ele, a visão 2050 da empresa é construir relacionamentos que valorizem a vida para viabilizar o futuro.

“Nosso relacionamento com a comunidade, fornecedores e clientes precisa ter soluções que protegem, impulsionam, recuperam e reabilitam o potencial humano. Na nossa visão, tudo está integrado. Um fator negativo ambiental afeta o social, é o que estamos vendo agora com as enchentes. Nosso negócio depende de fatores ambientais e sociais para funcionar, e as empresas que não perceberem isso pagarão a conta em algum momento”, enfatizou.

Eduardo Assmann, da Mercur. Crédito: Camille Lenz da Silva

Cultura organizacional

No segundo momento, o diretor-presidente da Excelsior Alimentos, Luiz Motta, trouxe o tema “Construindo uma agenda sustentável alinhada à cultura organizacional”. Segundo ele, todo o trabalho realizado na reformulação dos processos iniciou focado na cultura.

“Procuramos humanizar o máximo possível. O início das mudanças, sem dúvida, são as pessoas. Começamos a pesquisar onde estão os talentos e a entender a diferença entre as gerações. Ou começamos a trabalhar em consonância ou nunca vamos avançar. Minha geração trocava o trabalho por lealdade, mas as novas precisam acreditar na empresa, valores e propósitos. Se não tentamos nos adaptar a isso, continuamos indo contra a corrente”, ressaltou, apontando ainda que as empresas não conseguirão implementar uma cultura organizacional caso o líder não esteja também preparado.

Motta citou as práticas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, em português) da empresa, como programas e treinamentos, EJA, cursos de curta duração na Unisc em Gestão e Liderança, nos quais os próprios funcionários dão aulas, entre outros. “O ESG é uma agenda de construção. Nem sempre teremos retorno rápido mas, em um ano de implantação do ESG na Excelsior, notou-se que mais pessoas procuraram a empresa para trabalhar”, ressaltou.

“Conseguimos também ter um custo menor, com linhas menores de crédito, porque os bancos estão olhando para empresas que adotam esta prática. As exigências estão vindo e, se deixarmos para fazer tudo no último momento, será muito mais difícil”, finalizou.

Luiz Motta, da Excelsior Alimentos. Crédito: Camille Lenz da Silva

Transformação empresarial

Conforme Lucas Lengler, diretor de Responsabilidade Social Corporativa da Acil, muitas ações das empresas estão voltadas apenas à área ambiental. “Trouxemos dois pontos que falam muito sobre o S (social), que entendemos que ainda é um pilar muito fraco do ESG. Elas trabalham fortemente na mudança da cultura organizacional, mostrando como é possível reter talentos, gerar resultados e ajudar as comunidades. Consequentemente, ações ambientais e de governança se tornam culturas a serem desenvolvidas, e não algo forçado. No longo prazo, a empresa consegue ser muito mais competitiva e ter mais chances de crescimento”, disse.

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