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Languiru reúne associados para abrir detalhes de negociações

Encontro reuniu associados na Associação de Funcionários da Languiru / Crédito: Paloma Griesang

A Cooperativa Languiru realizou, na quarta-feira (29/11), um encontro com associados para apresentar dados da situação da cooperativa, da liquidação extrajudicial e das negociações em andamento.

O liquidante Paulo Birck iniciou apresentando a situação da dívida da cooperativa. Segundo ele, até março do ano que vem deve estar finalizada a lista dos credores e será apresentado o plano de pagamentos.

Ele salientou também a questão de alienações, hipotecas e penhoras de imóveis e bens que foram dados em garantia de operações financeiras. A situação dos imóveis em alienação impacta, inclusive, as negociações, uma vez que é preciso contar com a autorização do banco ao qual o bem está alienado. “Não somos mais donos do negócio e isso às vezes trava [as negociações]”, considera.

Birck também destacou que até mesmo lotes de suínos estão em penhora, com registro nas matrículas de associados. “O associado não consegue produzir para outra empresa porque na matrícula dele tem esse registro. A outra empresa não arrisca deixar o suíno e daqui a pouco o banco ir lá tomar. É para você verem a gravidade do que foi feito. Muitos criticam o que falamos, mas estamos falando a verdade, e aquilo que não foi dito”, declara.

Ao fim da apresentação, os associados puderam tirar dúvidas e se manifestar. Houve um princípio de conflito, principalmente com a participação de representantes da Coosuval, que visavam

Redução do quadro funcional

Birck destacou ainda a redução do quadro de funcionários da cooperativa. Em outubro de 2022 eram 3.493 colaboradores e uma folha de pagamento de R$ 7,5 milhões. Em outubro de 2023, o número chegou a 819 funcionário, e uma folha de R$ 1,9 milhão. Uma redução de 76,5% no número de colaboradores, e uma folha de pagamento 74,6% menor.

O liquidante salienta que para que isso foi possível foi necessária uma negociação com os cinco sindicatos, para possibilitar o pagamento dos direitos dos trabalhadores. “Nunca nenhuma empresa fez isso”, salienta.

Venda do frigorífico de suínos

Outro assunto aborda, e que mais gera dúvidas, é a venda do frigorífico de suínos em Poço das Antas. O principal fato destacado foi o valor da venda no acordo com a JBS/Seara, que será de R$ 80 milhões. Birck salienta que o que se levou em conta não foi apenas o valor em dinheiro, mas a composição da oferta que atenderá outros setores da cooperativa também.

Ele também justifica o fato do valor de avaliação ser de R$ 160 milhões e a venda ter sido negociada pela metade do preço. “Quem vai pagar R$ 160 milhões? O setor de proteína animal não está bom”, reforça.

Birck trouxe algumas informações sobre outras negociações. A primeira foi a oferta da Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa, que ofereceu R$ 90 milhões. Porém, o empecilho foi a absorção dos produtores. “Eles levariam só 34 produtores da fase de terminação. Eu não podia vender, por mais que fosse R$ 10 milhões a mais, mas estaria excluindo 270 produtores da cadeia”, explica.

O liquidante reforça que a proposta da JBS/Seara foi considerada a melhor justamente pelo compromisso de absorver todos os produtores, de chamar todos os transportadores e recontratar os funcionários. Além da produção de rações ser feita com a Languiru. A Çanguiru também será integrada da JBS na produção de leitões. “Eles querem dobrar em 5 anos a capacidade de abate, 3,5 mil suínos. Esse suíno vai vir aqui da região, serão vários postos de trabalho, a economia vai girar de novo”, projeta.

Dos R$ 80 milhões, R$ 40 milhões serão para o pagamento junto ao Badesul devido à alienação fiduciária da estrutura do frigorífico. Os outros R$ 40 milhões ficam para a Languiru, sendo que R$ 23,5 milhões são pagos a vista, e o restante, R$ 16,5 milhões parcelados em 36 vezes. A Languiru reforça que não podia revelar sobre as negociações antes devido a um memorando de confidencialidade.

Aves

Outro ponto que pesou na escolha pela JBS foi a possibilidade de acordo, também, para a área de aves. Inclusive, a JBS Aves já está incluída no protocolo de intenções assinado na semana passada. A Languiru prestaria o serviço de abate para a JBS, o que ajudaria a preencher um turno de abate, cessando o prejuízo que hoje a planta de Westfália registra mensalmente por abater abaixo da capacidade. Hoje são abatidas 120 mil aves por semana, a capacidade da planta é de 150 mil aves por dia.

Destinação dos recursos

Birck também aponta algumas destinações que devem ser dadas ao recurso que entrará com a venda do frigorífico. Uma das ações é injetar recursos no Agrocenter. “Para ele se tornar viável”, afirma. Também é preciso colocar recursos na Fábrica de Rações. “Hoje estamos pagando de manhã para vir de tarde. Assim tu não consegue comprar bem, precisa colocar um valor, isso temos tudo mapeado”, esclarece.

Para trabalhar com entre 25 e 30 mil aves no frigorífico de aves são necessários R$ 15 milhões, se fosse abater a quantidade de um turno completo (75 mil aves) seriam necessários R$ 30 milhões. “Por isso a importância de trazer um parceiro”, considera.

Languiru x Coosuval

Birck afirma que a Languiru nunca “descartou” a Coosuval. Porém, considera que a nova cooperativa não conseguiu dar a mesma segurança que a JBS. “Não falam de onde vem o recurso. Tem um comprador de carne, e isso é muito arriscado, e se não der certo?”, analisa

Porém, agora a questão segue na Justiça e dependerá da decisão do juiz.

Supermercados

Outra questão que gera muita expectativa na comunidade é a do supermercados. Muitos associados cobraram o porquê da escolha pela liquidação seguida de fechamento. Birck garante que ere inviável manter as unidades abertas pois não havia recursos para reposição de mercadorias. Quanto à liquidação, se fez necessária para vender o estoque de produtos perecíveis, uma vez que as negociações não incluíam os estoques.

A cooperativa confirma que havia negociações com a rede Andreazza, mas que por motivos que não foram totalmente revelados houve a desistência. Agora, as negociações encontram-se em estágio bastante avançado e próximo de conclusão com outra rede. O negócio também conta com contrato de confidencialidade. A expectativa é de anúncio muito em breve.

Foco

O liquidante também apresentou algumas projeções para a continuidade da cooperativa. Ele reforça que o foco da Languiru voltará a ser as áreas produtivas, principalmente no campo, e com as plantas industriais que conseguir manter. “Não adianta querer manter tudo”, afirma.

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