O Governo Federal lançou neste mês o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids. Em sexto lugar nas taxas de novos casos e em primeiro no ranking da mortalidade, o Rio Grande do Sul é um dos estados que chama a atenção pelos índices. O boletim é elaborado anualmente pelo Ministério da Saúde e provoca a reflexão sobre números importantes para pensar na prevenção e tratamento também a nível estadual e municipal.
A infecção pelo HIV e a Aids ainda são problemas de saúde pública no país. Comparando os anos de 2020 e 2022, o número de casos de infecção pelo HIV aumentou 17,2% no Brasil. No RS, esse aumento no período foi de 3%, passando de 2.836 casos notificados para 2.920 ano passado.
Em 2022, o ranking referente às taxas de detecção de Aids mostrou o Rio Grande do Sul como o sexto de maior índice no país, com 23,9 casos por 100 mil habitantes. Os estados líderes nesse índice são Roraima (34,5), Amazonas (32,3), Pará (26,3), Santa Catarina (25,3) e Amapá (25,0). A média nacional dessa taxa é 17,1.
Já em relação ao coeficiente de mortalidade, o RS é o de maior coeficiente no país, com 7,3 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 4,1. Em 2022, no Estado, foram 1.130 mortes por causa básica notificada como aids.
O boletim nacional trabalha com os dados fechados até 30 de junho de 2023, ou seja, consta apenas o primeiro semestre do ano corrente, por isso as informações a serem consideradas no boletim são as de 2022.
Populações-chave e ações preventivas
A grave situação epidemiológica é sustentada por profundas desigualdades sociais e pela permanência de estigmas e preconceitos sobre o HIV/Aids. À medida que pesquisas avançam, olhares mais inclusivos foram tomando espaço. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) passou a falar em “populações-chave”, em substituição ao antigo termo “grupos de risco”, para tratar de pessoas que tinham probabilidade maior de se expor a comportamentos de risco devido a diversas circunstâncias sociais e comportamentais.
Entre as ações que mais demonstram esses esforços na prática estão a ampliação da testagem rápida, a disponibilização de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) e os tratamentos altamente efetivos que controlam a carga viral e mantêm o HIV indetectável em pessoas que vivem com o vírus, fazendo com que elas não os transmitam mais.
No Rio Grande do Sul, a implementação dessas medidas vem acompanhada de outras estratégias, como a manutenção do Projeto Geração Consciente, iniciativa da Secretaria Estadual da Saúde em parceria com Secretaria Estadual de Educação, Unesco, Unaids e RS Seguro, dirigido a jovens estudantes de escolas estaduais e municipais no qual um dos eixos trabalhados é a saúde sexual e reprodutiva.
“Considerando a prevalência de casos no RS, não se pode focar as ações de enfrentamento somente em grupos específicos. É necessário alcançar a população em sua totalidade”, ressalta Fernanda Carvalho, da coordenação estadual de IST/Aids da Secretaria Estadual da Saúde.
Nesse sentido, destaca-se a iniciativa estadual de adotar a testagem do HIV em caráter obrigatório em todas as gestantes e parturientes no momento do parto, independentemente do número de testagens anteriores, resultando no aumento expressivo da cobertura de testagem nas maternidades. Além disso, desde 2018 a SES instituiu a recomendação em Nota Técnica Estadual de testagem para HIV em pais ou parceiros nas maternidades e a testagem no puerpério e durante o aleitamento materno.
Números do RS
Alguns números do RS no boletim de 2023 (dados de 2022):
- Casos de HIV notificados no Sinan: 2.920;
- Gestantes infectadas pelo HIV (casos e taxa de detecção por 1.000 nascidos vivos): 950 / 7,9;
- Casos de crianças expostas ao HIV notificados no Sinan: 1.577;
- Óbitos por causa básica aids: 1.130;
- Coeficiente de mortalidade por aids (por 100.000 hab.): 7,3.
Além das informações que constam no boletim, os dados específicos para cada um dos 5.570 municípios brasileiros podem ser visualizados por meio dos painéis de indicadores epidemiológicos disponíveis no site indicadores.aids.gov.br.
Municípios
Entre as capitais do país, Porto Alegre é a que apresentou maior índice em um levantamento dos últimos cinco anos (2018 a 2022) que leva em consideração as taxas de detecção na população geral, mortalidade e detecção em menores de cinco anos de idade.
No ranking dos 100 municípios com mais de 100 mil habitantes para esse mesmo período (segundo índice composto), o Rio Grande do Sul conta com seis cidades na lista: Canoas (2ª), Gravataí (7ª), Novo Hamburgo (33ª), Bagé (44ª), Pelotas (64ª) e Passo Fundo (81ª).
Confira o documento completo abaixo: