“Para fazer a diferença na vida de alguém você não precisa ser diferente, rico, bonito ou perfeito. Basta se importar”, diz a frase estampada em panfletos da campanha em benefício de Theodoro Carvalho Lappe. O menino de 2 anos e 9 meses foi diagnosticado com neuroblastoma metastático em estágio 4, doença que já se espalhou pela medula e requer um tratamento bilionário. Desde a descoberta, em agosto de 2023, Maiquel e Tatiana Carvalho Lappe, pais da criança, dividem-se entre o cuidado com o filho e as campanhas para arrecadação do valor.
As suspeitas surgiram junto com a febre que não cessava e as alterações no sono, que envolviam despertares com muito choro, segundo a mãe. Mas foi a partir de uma queda que a busca por respostas iniciou. “Brincando, o Theo caiu. Ele sentia muita dor nas pernas. Por isso levamos ao hospital. Recebemos um diagnóstico e um tratamento, mas não houve melhora”, compartilha o pai. Depois disso, outra consulta, exames e um novo tratamento. “No exame de sangue foi visto que ele estava com a hemoglobina baixa – em 7.2 quando o normal para uma criança da idade dele é 12”, contam. “O pediatra receitou um novo tratamento, mas quando o remédio acabou a febre voltou”.
A investigação seguiu. No resultado de uma tomografica, novas dúvidas, e a necessidade de aprofundar os exames. Foi depois de uma tomografia com contraste que a família obteve respostas: Theo estava com um tumor de 12 centímetros no rim esquerdo. “Recebemos o diagnóstico de um reuroblastoma, que é um tumor que está no rim, mas se entrelaça entre as veias”, explica o pai. A doença se espalhou para a medula óssea do menino, que tem também uma manchinha atrás do crânio. “Normalmente, quando dá câncer no rim, dá na cabeça também”, complementa a mãe.
Tratamento
Theo já fez oito ciclos de quimioterapia. Apesar de ter impactado em uma redução de 80% do volume do tumor, o resultado do tratamento foi diferente da expectativa médica. Agora o menino recebe outro ciclo de medicação, de outro tipo de quimioterapia. “Como a médica nos disse, é momento de cruzar os dedos e torcer para que dê certo”, fala a mãe.
O próximo passo é a realização do transplante de medula, uma vez que a doença é considerada agressiva. “Será um transplante autólogo – dele para ele mesmo. Será feita a coleta de células por dois dias, e elas serão congeladas. Antes da recolocação das células, Theo vai passar por uma quimio bem agressiva, para matar a doença”, explicam os pais. Depois será necessária a retirada do rim e o tratamento com o medicamento Qarziba, que custa R$ 1 milhão 780 mil. “O remédio dá melhora de 20% na sobrevida. Hoje ele tem 30%. De 10 crianças com a doença, três sobrevivem”, comenta a mãe, emocionada.
Internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Theo precisa do tratamento até 5 de março deste ano. E o medicamento é importado dos Estados Unidos. “Há um medicamento no Hospital Geral de Caxias do Sul, de uma criança que tinha a mesma doença e não sobreviveu”, contam. Entretanto, não há certeza de que Theo poderá utilizá-lo. Em virtude do alto custo, a família fez encaminhamento via judicial solicitando ao Estado o medicamento. Entretanto, ainda não obteve respostas.
Como ajudar
Desde a descoberta da doença, inúmeras pessoas se mobilizaram para contribuir com a arrecadação do valor necessário para o tratamento de Theo. No momento são três rifas em andamento, além de pedágios solidários agendados e itens para venda. De acordo com a mãe, até o momento a família conta com R$ 28 mil, valor que não paga sequer 50% de uma das 20 ampolas de medicamento necessárias – cada uma com custo aproximado de R$ 90 mil.
Parte da mobilização é organizada por integrantes da Comunidade Católica Nossa Senhora do Rosário, do Bairro Canabarro, em Teutônia. Rifas, cuias e camisetas podem ser adquiridas na recepção, com Shirlei. Além disso, contribuições podem ser feitas pelo Pix do Theodoro, que tem como chave seu CPF: 067.263.750-26.
Neste sábado ocorre pedágio solidário em três locais. Ao longo da manhã, entre 8h e 12h, na Avenida Rio Branco, em Estrela. E durante a tarde nos bairros Canabarro e Languiru, em Teutônia. “O processo está devagar, mas vamos lutar”, afirma o pai. “Quem tiver R$ 1, ajude. É pela vida do Theodoro. Eu tenho fé. Se me disserem que o Theodoro tem 1% de vida, tenho fé que tudo vai dar certo”, se emociona a mãe. “Só temos a agradecer pelas pessoas que estão contribuindo. Muitas são pessoas que nem conhecemos. É muita gente, graças à Deus”, agradece o pai.