Os atletas brasileiros presentes nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 estão surpreendendo positivamente por conta da demonstração de suas capacidades e qualidades a cada dia de competição. Até o momento, o Brasil conquistou 44 medalhas: 13 de ouro, nove de prata e 22 de bronze. Até a edição atual dos Jogos Paralímpicos, o país havia conquistado 373 medalhas: 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes.
No domingo (1º/9), durante a edição atual, o paulista estreante em competições, André Rocha, conquistou a quadringentésima (400ª) medalha do Brasil nas paralimpíadas, com o bronze no lançamento de disco da classe F52 (atletas que competem em cadeira de rodas.
Mais do que superar limites
Para a coordenadora de projetos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Teutônia, Evelin Elisa Aschebrock Pacheco, o sentimento não deve ser apenas de orgulho, pois a apresentação de alto desempenho dos atletas paralímpicos reforça a persistência e qualidade dos competidores. “Diferente da forma que muitas pessoas veem, estes resultados são fruto de treinos, dedicação e muito esforço na busca de um sonho. Não é apenas a superação de limites”, pontua.
Menos recursos, mais relevância
Mesmo distante do reconhecimento considerado necessário, mas menor em comparação com os Jogos Olímpicos, Evelin comemora os investimentos e incentivos no esporte.
Em 2020, a Lei das Loterias destinou R$ 292,5 milhões ao Comitê Olímpico do Brasil (COB). Já para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), foram repassados R$ 163,1 milhões. No entanto, na comparação, o Comitê Paralímpico Brasileiro consegue ter mais relevância. Evelin acredita que isso se dá por conta da dedicação do CPB em fomentar o paradesporto.
“A estrutura do Brasil para os atletas paralímpicos é uma referência, com as crianças e jovens sendo incentivados a praticar e treinar. A
Aos poucos, o esporte paralímpico tem crescido e compartilhado as reais possibilidades e habilidades que todas as pessoas possuem e podem apresentar.
equipe que acompanha nossos atletas é de excelência e, por esses fatores, temos resultados positivos no fim”, acrescenta.
“Nosso grande desejo e luta é pela equidade em todas as áreas; no esporte não seria diferente. É um processo que leva tempo e exige um grande esforço. Enquanto instituição que atende pessoas com deficiência, lutamos diariamente pela inclusão e garantia de direitos efetivados na prática de ações diárias que devem ser praticadas por todos.” afirma, Evelin Elisa Aschebrock Pacheco, Coordenadora de projetos da Apae Teutônia.
Evelin destaca que, por se tratar de pessoas com deficiência, este pode ser considerado um fator que determina a preferência da torcida, o que deveria ser definido pela habilidade. “Hoje, infelizmente, grande parte da procura ainda é por pena ou admiração devido a uma superação. O ideal seria que houvesse um real desejo de acompanhar o esporte paralímpico e vibrar pelas conquistas e méritos”, ressalta.
Destaques
Diversos atletas brasileiros estão se destacando nesta edição dos jogos paralímpicos são. Yeltsin Jacques garantiu o ouro no atletismo de 1.500 metros T11, destinado a atletas com deficiência visual, e ainda quebrou seu próprio recorde ao completar a prova com 3min55s. O recorde anterior foi em Tóquio, com 3m57s para concluir a prova. Na mesma disputa de Yeltsin, Julio Cesar ficou com o bronze.
Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, ao cumprir sua promessa pré-Jogos Paralímpicos, conquistou três medalhas de ouro na natação. Carol Santiago venceu a prova dos 50 metros livre S12/S13, para atletas com deficiência visual, e se tornou a mulher com mais medalhas de ouro na história do Brasil em Paralimpíadas, chegando a cinco medalhas douradas. Ela ultrapassou Ádria Santos.
As duplas Danielle Rauen e Bruna Alexandre (WD20) e Claudio Massad e Luiz Manara (WD18) garantiram bronze no tênis de mesa. Já o triatleta paranaense Ronan Cordeiro, da classe PTS5 (comprometimento físico-motor), ficou com a medalha de prata. Esta foi a primeira vez que o país subiu ao pódio na modalidade.
Raíssa Rocha Machado conquistou a prata no lançamento de dardo F56, para atletas que competem sentados. As gêmeas Débora e Beatriz Carneiro conquistaram as medalhas de prata e bronze, respectivamente, nos 100 metros peito da classe SB14 (deficiência intelectual) da natação.
Por fim, o porto-alegrense Aser Ramos assegurou a medalha de prata na final do salto em distância T36 (para atletas com transtorno do movimento e falta de coordenação motora em todos os quatro membros), ao saltar 5,76 metros. “Essa emoção é indescritível, de levar essa medalha para o meu Rio Grande do Sul. Dedico toda a honra dessa prata para os meus amigos, familiares e para as famílias que abrigamos lá em casa. Tem muito mais tempero nessa medalha do que só a cor, porque foi muita tristeza. Eu tive que sair às pressas do Rio Grande do Sul para o meu novo clube (o Sesi-SP), e se não fosse essa estratégia, eu certamente não estaria aqui”, disse.