Ícone do site Folha Popular

Confraternização, união e igualdadesão as marcas do 20 de setembro

A chuva não impediu a ida a cavalo até a prefeitura para celebrar o Dia do Gaúcho / Crédito: Camlle Lenz da Silva

Eram os gaudérios preparados, as crianças ansiosas, os cavalos encilhados para a 7ª edição do Desfile Farroupilha de Teutônia. Mas, infelizmente, São Pedro não quis assim e a programação, prevista para a manhã desta sexta-feira (20/9), foi cancelada devido à chuva. A gurizada então precisou encontrar outra atividade e se empenhou no churrasco e na lida junto aos piquetes, porque a celebração do Dia do Gaúcho não tem arrego, acontece faça chuva ou sol.

E, entre os pingos de chuva no meio da manhã, eis que surge nas ruas da cidade uma pequena cavalgada. É o grupo do Galpão do Henrique – o mesmo que buscou a Chama Crioula de Alegrete até Teutônia. “Não se anda a cavalo só no dia 20 de setembro; não se anda a cavalo só quando tem tempo bom. Nosso grupo tinha decido que com chuva ou sem iríamos a cavalo à prefeitura”, cita o patrão Henrique Dahmer.

A tradição

Para Marcelo de Camargo, membro do piquete Bruno Wiebusch, o 20 de setembro representa uma forma de valorizar o Rio Grande do Sul. “Todos os anos o pessoal se junta, celebra o orgulho de ser gaúcho, sai do habitual”, conta. Comenta a valorização da luta dos antepassados. “Somos um povo muito trabalhador e, nesse dia, confraternizar é a melhor forma”, diz.

Marcelo de Camargo chegou cedo para assar a carne / Crédito: Camille Lnz da Silva

A paixão pelo 20 de setembro começou na escola. Na sua época era mais valorizado, comenta. “Até o próprio 7 de setembro, que era tradicional e hoje não tem mais. Precisamos continuar a valorizar as tradições, o orgulho de ser brasileiro, de ser gaúcho”, sugere.

Roberto Barbosa Pereira, do piquete Orgulho Gaúcho, relata que a paixão pelo tradicionalismo vem de criança, com o pai sempre envolvido nos festejos farroupilhas. Para ele, receber as pessoas no galpão é uma grande satisfação – na quarta e quinta foram mais de 50 pessoas. “Nosso piquete se sente abraçado e recebemos todos bem”, ressalta.

Roberto Barbosa Pereira reserva a cuia especial para quem chegar / Crédito: Camille Lenz da Silva

O pastor Marcio Sidinei Frank participa pela primeira vez de um piquete. Para ele, a Semana Farroupilha é a reunião de amigos que, em outra oportunidade, talvez não conseguissem se encontrar. “Aqui não tem rivalidade ou orgulho. Todo mundo é igual, se ajuda, um empresta para o outro. É muito bacana essa união e todos gostam disso, porque um complementa o outro. Um piquete só não teria graça, então todos eles fazem essa beleza ficar grande”, enfatiza. Pontua ainda a representação da força e possibilidade de união do povo gaúcho diante das adversidades.

Leandro Anschau, do piquete IsaInox, participa há 5 anos do Acampamento Farroupilha, sempre responsável pelo churrasco. “O bacana é cada um ajudando o outro, a união. Depois da tragédia, o 20 de setembro significa a força do povo gaúcho”, cita.

Ângela Rita de Vargas e Laerte Freitag participam do Acampamento Farroupilha de Teutônia desde a primeira edição. A data é muito importante para a família. “Foram muitas pessoas que lutaram por esse dia. Trazemos para a nossa filha e netos as tradições do RS. Dentro de um CTG a gente cria uma outra vivência que não é a rua, e a Semana Farroupilha é tudo, planejamos o ano inteiro as atividades”, explicam.

Maria Eduarda Dávila, filha do casal, aprende tudo. No acampamento, anda por tudo, buscando companhia para se divertir. Participa desde o início e gosta de estar junto da família, comer churrasco e fazer chimarrão: “Lá em casa, quem faz sou eu”. A dança é o seu momento preferido; orgulhosa, dança no CTG e se apresentou nas invernadas do acampamento durante a semana.

Professora, Ângela fala da importância de ensinar as crianças sobre a tradição. Os alunos vão à aula pilchados, aprendem a laçar com a vaca parada, como pegar o laço, a fazer chimarrão e bolo de erva-mate. Falam sobre a indumentária do gaúcho, o significado da bombacha e do lenço. “Em Teutônia, a tradição gaúcha é firme e forte, mas temos a colonização alemã. Então é preservar o máximo que dá para que não se perca a cultura do RS”, opina.

Na cabanha Sonho de Piá, da qual o casal e a filha participam, a comida campeira faz parte do dia a dia. É carreteiro, galinhada, osso de porco com aipim, arroz doce, canjica, feijoada, bolo de milho e, é claro, churrasco. E Ângela repassa a receita de bolo de chocolate diferente: “Para usar menos achocolatado, coloca uma xícara de feijão cozido bem batido no liquidificador e o resto é igual – duas colheres de cacau, açúcar, azeite. Fica uma delícia”, aponta.

O patrão Rodrigo Gonchoroski (e) e o casal Laerte e Ângela Rita com a filha Maria Eduarda / Crédito: Camille Lenz da Silva

Até hoje

Ainda na manhã de ontem, os 24 piquetes receberam o troféu de participação do 8º Acampamento Farroupilha de Teutônia. A programação seguiu na parte da tarde. Às 18h, foi apagada a Chama Crioula. De noite, foi a vez da apresentação dos grupos Os Imperadores e Trio Gaúcho. Na noite de hoje, se apresentam os grupos Canarinhos do Sul (19h) e Grupo Levada (22h).

Sair da versão mobile