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Mulheres ganham protagonismo e cena inédita abre a 19ª edição da Paixão de Cristo de Imigrante

Crédito: Ariana de Oliveira

A cidade de Imigrante voltou a viver nesta sexta-feira (11/4), um dos momentos mais tradicionais de seu calendário cultural: a encenação da Paixão de Cristo. Em sua 19ª edição, o espetáculo ocorreu em frente ao Convento São Boaventura, no Bairro Daltro Filho, com uma bela recepção musical da orquestra às 19h. Com as autoridades municipais e religiosas presentes, um minuto de silêncio foi feito em homenagem aos mortos e às vítimas do acidente da sexta-feira (4/4) que ocorreu na cidade.

Com direção de Pablo Capalonga, a montagem deste ano une fidelidade às passagens bíblicas com novas cenas que dialogam com temas contemporâneos. Cerca de 60 atores da comunidade dão vida à encenação, que deve reunir milhares de pessoas, como já aconteceu em 2024, quando o público girou em torno de 15 mil.

Uma das grandes novidades deste ano é a cena de abertura: o chamado “módulo da tortura”, em que Jesus é interrogado e agredido por soldados. Um sacerdote misterioso se revela, gradualmente, como o próprio demônio — em uma transformação cênica impactante, que já marca o tom dramático do espetáculo desde o início.

Outro destaque da edição são as mulheres. Em uma cena inédita, lavadeiras conversam sobre o cotidiano da época e discutem os limites sociais impostos às mulheres, como a impossibilidade de saírem de casa e o confinamento às tarefas domésticas. Maria Madalena ganha força como símbolo de resistência. Segundo a produção, essa sequência lança luz sobre temas como violência doméstica, preconceito e desigualdade de gênero.

Paula Fassini, intérprete de Maria Madalena, atua na encenação desde o início. Representando a força feminina, ela tem papel essencial na condução da narrativa, interagindo mais intensamente com Jesus e revelando aspectos íntimos de sua trajetória e conflitos. A personagem simboliza a busca por transformação e resistência aos padrões impostos às mulheres da época, uma temática que se conecta com debates contemporâneos sobre o papel da mulher na sociedade.

“Maria Madalena participa contando um pouquinho da história, contracenando mais com Jesus e tendo uma exposição maior sobre sua trajetória, a relação com a família, e o desejo de ser diferente das mulheres da época.” – Paula Fassini.

A música também ganha espaço para emocionar. Uma cantora lírica integra o elenco e interpreta Ave Maria ao vivo no momento em que Maria segura os braços de Jesus. A cena, descrita como arrebatadora, é uma das mais comoventes da encenação.

Além das novidades, o público poderá rever cenas que se tornaram emblemáticas ao longo dos anos, como a “Cena da Lágrima”, que representa os milagres, e as passagens encenadas na cascata e na mata ao redor do convento.

Jesus volta a ser interpretado por Alex Possamai, que já protagonizou edições anteriores e é conhecido por sua entrega e sensibilidade no papel.

Combinando arte, espiritualidade e crítica social, a Paixão de Cristo de Imigrante reafirma seu lugar como um dos maiores eventos culturais da região, impulsionado pelo engajamento da comunidade. A edição deste ano convida o público a refletir sobre temas atuais por meio de uma narrativa clássica, celebrando a cultura, a fé e o envolvimento coletivo.

A comunidade de Imigrante convida a todos para prestigiar a 19ª edição da Paixão de Cristo, neste sábado, às 19h. A recepção ao público será feita ao som da orquestra local, criando um ambiente acolhedor e emocionante antes do início da encenação. A sugestão é chegar cedo e levar cadeiras e agasalho. Os serviços de alimentação estão disponíveis e a segurança é garantida pelo Corpo de Bombeiros Voluntários Imicol.

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