Ícone do site Folha Popular

Polícia Civil adota dois gatinhos pretos e transforma rotina da delegacia

Crédito: Divulgação/Polícia Civil

A Delegacia de Polícia Civil de Teutônia agora tem dois novos integrantes: dois gatinhos pretos adotados como mascotes oficiais da instituição. A ideia inicial era acolher apenas uma gatinha, mas ao perceberem que o outro gatinho, que vivia com ela, começou a chorar com a separação, a equipe não resistiu e os dois foram adotados juntos nesta semana. Agora, dividem espaço, afeto e funções como mascotes terapêuticos da delegacia.

Iniciativa inédita em Teutônia
A ação, viabilizada com apoio do grupo Patas Solidárias, chama atenção por seu caráter inovador no município. Para Letícia Abreu Gomes, uma das fundadoras do grupo, esse tipo de iniciativa ainda enfrenta resistência local. “É mais comum uma empresa ou órgão público chamar um grupo de proteção para recolher um animal do que adotá-lo. Essa atitude da Polícia Civil é exemplar”, afirma.

Combate ao preconceito contra gatos pretos
Além do acolhimento, a escolha dos mascotes teve um propósito simbólico: combater o preconceito contra gatos pretos. “Infelizmente, são os que mais sofrem rejeição — por ignorância, superstição ou até reflexos do racismo estrutural. Mostrar que eles podem ser amados, dóceis e parte do convívio cotidiano ajuda a combater esse estigma”, diz Letícia.

Um ambiente mais leve e acolhedor
A escrivã Fabiele Aline Flach, de apenas 19 anos, foi quem tomou a iniciativa de adotar um gatinho para a Delegacia. Ela observa que a presença dos animais tem gerado um impacto positivo entre os colegas de trabalho. “Dizem que os gatos têm o poder de acalmar o ambiente — e isso é algo de que realmente precisamos. Todos aqui se afeiçoaram a eles. Tem sido uma experiência muito positiva, tanto para os animais quanto para nós”, comenta. A convivência com os gatinhos tem ajudado a suavizar a rotina intensa da Delegacia, aproximando os servidores e humanizando ainda mais o espaço público.

Aumento no abandono e necessidade de apoio

Além de cuidar dos filhotes na delegacia, Fabiele Aline Flach destaca um problema crescente na cidade: o abandono de animais. Ela alerta que os casos têm aumentado de maneira alarmante, refletindo uma triste realidade. “Está crescendo tanto que chega a parecer inacreditável. Infelizmente, muitas pessoas ainda preferem cachorros de raça ou gatos de outras cores, enquanto os gatos pretos, por exemplo, continuam sendo negligenciados. Isso é muito frustrante”, lamenta.

A escrivã também observa o aumento significativo nos boletins de ocorrência relacionados a maus-tratos e violência contra os animais, o que evidencia a necessidade urgente de mudanças no comportamento da população. “Estive recentemente no canil da Apante e fiquei chocada com o número de animais resgatados e a sobrecarga dos voluntários. A situação está insustentável”, conta. Para ela, é essencial que a comunidade se engaje mais, promovendo adoções responsáveis e oferecendo apoio constante aos grupos de proteção animal, que enfrentam dificuldades financeiras e estruturais para atender a todos os casos.

Fabiele ainda enfatiza a importância da castração como medida preventiva para controlar a população animal. “Castrar os animais é um passo fundamental para evitar o aumento do abandono. Muitas ONGs oferecem serviços de castração a baixo custo, e é possível entrar em contato com elas para obter informações e ajuda”. Fabiele, por fim, relata que abandono e a crueldade contra os animais é crime e precisa parar. Não dá mais para normalizar tanto sofrimento. São vidas deixadas à própria sorte, maltratadas, ignoradas — tudo por irresponsabilidade e falta de compaixão. Isso tem que acabar.” conclui.

Fabiele também alerta para o crescimento alarmante de casos de abandono na cidade. “Tem aumentado tanto que parece mentira. Muita gente ainda só quer cachorro de raça ou gato amarelo. Gato preto, ninguém quer”, lamenta. Ela reforça a importância do apoio da comunidade aos grupos de proteção animal. “Visitei o canil da Pante recentemente e foi chocante. Os grupos estão sobrecarregados. Precisamos de mais adoções conscientes.”

Um exemplo que pode inspirar
Além de acolher, a adoção dos gatinhos se torna um símbolo. “Animais têm um efeito terapêutico. Podem acalmar quem chega nervoso, ajudam no convívio e trazem alegria. Esperamos que essa iniciativa inspire outras instituições. Um mascote também é um ato de cidadania”, conclui Letícia.

Sair da versão mobile