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De torcedoras a pilares do clube: o espaço feminino no Poço das Antas

orcedoras do Poço das Antas buscam espaço e representatividade por meio do esporte / Crédito: Arquivo Pessoal / Divulgação

Muito além do que acontece dentro das quatro linhas, o Esporte Clube Poço das Antas carrega em sua trajetória uma força que, por muito tempo, atuou de forma silenciosa, mas sempre esteve presente: a torcida feminina.

Formada por namoradas, esposas, filhas, irmãs, amigas e parceiras dos jogadores, da comissão técnica e da diretoria, o grupo de mulheres acompanha o clube e participa ativamente em sua construção dentro e fora de campo.

Desde os primeiros jogos, elas estavam lá – na beira da tela, com vibração a cada lance, celebração de vitórias e na prestação de suporte nos momentos mais difíceis.

Esse apoio, muitas vezes invisível, vai além da torcida: envolve organização de ações comunitárias, planejamento de iniciativas para angariar recursos e incentivo emocional nos bastidores, especialmente nas fases decisivas das competições.

Em 2024, surgiu o desejo de tornar esse papel mais visível. Inspiradas pelas tradicionais faixas da Torcida Jovem, que por anos carregaram mensagens de apoio aos atletas, as mulheres decidiram criar sua própria faixa.

O gesto representou muito mais do que uma identificação visual: foi uma afirmação de pertencimento, resistência e orgulho de ocupar um espaço que historicamente lhes foi negado ou subestimado.

“Queríamos mostrar que também fazemos parte da alma do Poço das Antas, que estamos nos jogos, nas confraternizações, na construção de cada vitória e também nos recomeços”, relata uma das integrantes, Stéfani Palamar.

A partir da criação da faixa, nasceu a ideia de formalizar a Torcida Feminina do Poço, não como uma entidade separada, mas como uma expressão legítima de amor ao clube e de valorização da presença feminina no futebol.

O grupo não busca protagonismo isolado, tampouco rivalidade com outras formas de torcer. O objetivo é deixar claro que o futebol é e precisa ser um espaço de todos, onde mulheres de todas as idades e perfis têm direito de participar ativamente, com voz, emoção e identidade.

Além de Stéfani, outras 11 mulheres fazem parte do grupo mais ativamente: Carol Klein, Vanessa, Rô Recktenwalt, Taise Gaio, Júlia Zirbes, Nega, Betta Schneider, Goreti Meirer, Dani Krindges, Tati Steffen e Paola Stirle Paese.

Laços profundos

O orgulho de ver o clube chegar onde chegou também se mistura com memórias e histórias pessoais. Muitas integrantes trazem consigo laços profundos com o Poço das Antas.

Carol Klein, por exemplo, ressalta a emoção que a ligação carrega. “Este clube está na minha família há gerações. Meus avôs ajudaram a plantar a grama da sede, quando ainda era tudo feito na ‘força do braço’. Lembro que meu pai me levava aos jogos, quando eu ainda era criança. Já fui até mesária destaque. É um amor que passou dos avós para os filhos e, agora, para os netos. Um sentimento de orgulho e admiração, porque, mesmo entre altos e baixos, sempre nos reerguemos”, recorda.

A história de Stéfani Palamar com o Poço começou através do companheiro, Miguel. “Sempre estive presente nos jogos, desde criança. Quando comecei a acompanhar o Poço por causa do Miguel, o sentimento cresceu. Hoje, o que temos entre nós, torcedoras, é uma união verdadeira. O futebol nos trouxe amizades, vínculos, um senso de pertencimento”, destaca.

Betta Schneider acrescenta que o Poço das Antas entrou na vida de cada integrante da torcida feminina de maneiras diferentes. Algumas cresceram acompanhando os pais e avós envolvidos com o clube. Outras se aproximaram por meio de relacionamentos, amizades ou mesmo por amor ao futebol. Mas, independentemente do caminho, o sentimento é o mesmo. “O Poço acolhe, une e transforma torcedoras em parte fundamental da sua história”, aponta.

Para o futuro, o grupo planeja novas ações, como camisetas personalizadas, rodas de conversa, campanhas sociais, iniciativas culturais e movimentos que reforcem os laços entre clube, comunidade e mulheres. Tudo isso com um objetivo: construir um ambiente mais inclusivo, onde o protagonismo feminino seja reconhecido e respeitado.

Com a final do Intermunicipal cada vez mais próxima, o Poço das Antas encontra na força feminina uma de suas riquezas. Em cada jogo, cada ação, cada reencontro de domingo, são elas que ajudam a bordar, com afeto, dedicação e resistência.

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