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CT Mão de Pedra gradua 98 alunos em jiu-jitsu

Momento foi realizado no saguão da prefeitura - Crédito: CT Mão de Pedra / Divulgação

O domingo (22/6) foi repleto de emoção, honraria e ressignificação para os atletas do Centro de Treinamento (CT) Mão de Pedra, de Teutônia. Foi realizada mais uma edição da tradicional graduação de alunos e atletas de jiu-jitsu. O saguão da prefeitura de Teutônia foi o local da cerimônia, que marcou um novo recomeço na trajetória de 98 alunos. Oitenta crianças e 18 jovens e adultos deram mais um passo em suas jornadas dentro da arte marcial e suave.

Mais que uma troca de faixa, o evento foi motivo de celebração do desenvolvimento pessoal, individual técnico, disciplinar, de respeito e superação dos desafios dos graduandos.

O CT Mão de Pedra, fundado há 15 anos, se consolida como uma referência em artes marciais no Vale do Taquari. Ao longo da história, o centro formou não apenas atletas, mas cidadãos mais conscientes, disciplinados e resilientes – foco principal do projeto. O evento de graduação deste domingo reafirmou essa missão.

Durante a cerimônia, os professores fizeram questão de valorizar cada atleta presente, desde as crianças, que deram seus primeiros passos no tatame, até os adultos, que conquistaram novas graduações após anos de dedicação. Para um dos profissionais do CT e figura central na condução do projeto, Dirlei Broenstrup “Mão de Pedra”, a graduação representa muito mais do que a simples troca de faixa.

“É um passo importante na vida de cada um. Um movimento que damos no jiu-jitsu e também na área pessoal de cada um dos atletas”, afirma Dirlei. Segundo ele, momentos como os vividos no domingo são “extremamente gratificantes” para a equipe de professores, que acompanha de perto o desenvolvimento e evolução de cada aluno. Ele destaca que o jiu-jitsu vai além da técnica – atinge a cultura. “É uma escola da vida, que ensina o valor da derrota, disciplina, persistência e do respeito máximo ao próximo”, aponta.

Broenstrup também menciona o orgulho de ver o envolvimento das famílias. Muitos pais, tios, primos, avós e irmãos acompanharam a cerimônia, o que reforçou o clima de festa e de como o esporte muda realidades. “Quando a criança se sente valorizada, ela ganha confiança. Isso se reflete na convivência dentro de casa, na escola e nas amizades dos pequenos. É o que mais buscamos aqui”, completa.

O caminho das faixas

A graduação no jiu-jitsu segue um sistema de hierarquia que respeita regras internacionais, baseadas em tempo mínimo de prática, idade e desempenho técnico. A progressão das faixas é um processo que exige paciência, resiliência, dia a dia e compromisso.

Para os adultos, por exemplo, a passagem da faixa branca para a azul demanda pelo menos 2 anos de treino contínuo. Já para as crianças, existe uma sequência específica de faixas intermediárias – cinza, amarela, laranja e verde – que antecedem a faixa azul. Uma norma fundamental é que nenhum atleta pode atingir a faixa azul antes dos 16 anos, independente de seu nível técnico.

O caso de Renan Martins, 16, foi destacado como exemplo desse processo. Ele foi um dos graduados à faixa azul. Segundo Dirlei, se não houvesse a limitação etária, o jovem teria todas as condições técnicas de já ser faixa marrom. “Ele é um exemplo de dedicação, disciplina e talento. A maturidade que ele construiu com o passar do tempo na academia demonstra tudo isso. Sem dúvidas, merecia estar na faixa marrom, porém, a idade não permite”, comenta.

Superação e desenvolvimento

As histórias de vida dos graduados reforçam o impacto positivo do jiu-jitsu. Para muitos, a prática se tornou uma ferramenta não apenas de competitividade, mas crucial para a superação de dificuldades pessoais, ansiedade, estresse e, até mesmo, a depressão.

Lucas, que conquistou a faixa marrom após anos de dedicação, definiu a graduação como uma “gratificação por tudo o que é feito”. Ele destaca como o jiu-jitsu tem transformado sua vida. “Evoluímos não só como atletas, mas também como seres humanos. Aumenta a nossa confiança, melhora a autoestima, nos ensina a respeitar os mais velhos e a lidar com as frustrações do dia a dia”, afirma.

Outro exemplo é o de Mateus, policial militar. Começou no CT Mão de Pedra há menos de 4 meses e já recebeu sua primeira graduação. Para ele, a prática serve como uma “válvula de escape” para as crises de ansiedade. “É um esporte que mexe com a cabeça da gente. Aprendemos todos os dias. Nos auxilia a evoluir física e mentalmente. É apaixonante”, relata.

Essas e outras avalições refletem e reafirmam uma realidade já percebida por educadores, psicólogos e profissionais da saúde: as artes marciais, quando bem orientadas, são poderosas ferramentas de transformação social e emocional.

Inclusão

O trabalho social desenvolvido pelo CT Mão de Pedra também foi destaque no evento. A secretária de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer de Teutônia, Vanessa Carniel, acompanhou a cerimônia e reforça a importância do projeto para a comunidade teutoniense.

“O CT Mão de Pedra vai muito além da prática esportiva. É um trabalho que molda a cidadania, disciplina e inclusão social. São projetos que realmente fazem diferença na vida das nossas crianças e jovens”, destaca.

Além das turmas de jiu-jitsu, o CT também oferece aulas de capoeira dentro do projeto Teutônia Cultural, que disponibiliza atividades gratuitas para a população com apoio da prefeitura.

Com financiamento estadual via Lei de Incentivo ao Esporte (Programa Pró-Esporte), o projeto foi estruturado para atender 60 crianças, mas atualmente já alcança 84 alunos, graças à crescente procura. Crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social agora têm acesso gratuito ao esporte, o que amplia as oportunidades de desenvolvimento físico, emocional e social.

Dirlei enfatiza que os resultados o motivam a dar sequência ao projeto. “Acompanhamos mudanças reais. Crianças com dificuldade de concentração melhoram no colégio, outras com problemas de comportamento em casa começam a mostrar mais disciplina e respeito. É um trabalho de formiguinha, mas os resultados nos enchem de orgulho”, acrescenta.

Outro destaque é a procura crescente pelo jiu-jitsu e demais modalidades entre as mulheres. “Hoje, temos várias mulheres que treinam no CT. Muitas buscam estética, autodefesa, qualidade de vida e saúde mental”, completa.

Novos talentos

O CT Mão de Pedra também revela talentos que já começam a brilhar em competições estaduais e nacionais. Um dos principais alunos é Glaudir Abreu dos Santos, o “Thunder“, que começou no projeto social do CT e hoje, aos 22 anos, já soma duas vitórias no MMA profissional. Thunder é apontado como uma das grandes promessas do esporte na região, destaque também em competições de jiu-jitsu e muay thai.

“É gratificante e especial ver um menino que começou pequeno aqui e, mesmo com todas as dificuldades da vida, se destaca no MMA e em lutas profissionais”, enfatiza Dirlei.

Além de Thunder, outros atletas do CT já conquistaram títulos importantes em campeonatos estaduais e nacionais. Conforme Broenstrup, a equipe técnica faz questão de incentivar a participação dos alunos em torneios, como forma de testar os aprendizados e ganhar experiência.

Futuro

O calendário do CT Mão de Pedra segue movimentado. Como já divulgado “em primeira mão” pelo Grupo Popular de Comunicação no dia 12 de março, a realização do TeutoFight está confirmada para o dia 11 de outubro, na Associação Pró-Desenvolvimento de Languiru (APDL).

Considerado um dos maiores eventos de artes marciais da região, o evento será dividido em duas partes: à tarde, com lutas amadoras de muay thai, boxe e jiu-jitsu; e à noite, com 10 combates de MMA profissional, que vão atrair atletas de diferentes estados do Brasil.

Antes disso, o CT prepara um campeonato interno de jiu-jitsu, programado para julho, com foco nos atletas amadores das categorias infantil, juvenil e adulto. Além disso, os atletas se prepararam para disputar outras competições, como a Copa RS de Muay Thai e torneios regionais de jiu-jitsu.

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