A primeira emissora com Frequência Modulada (FM) a transmitir notícias, jogos de futebol e música sertaneja completou, nesta terça-feira (1º/7), 36 anos de história. Parte do cotidiano das pessoas, com imersão profunda na comunidade, o Grupo Popular quebrou paradigmas, principalmente no modelo de rádio.
O experimento iniciado no dia 12 de maio seguiu até o dia 1º de julho de 1989, quando foi ao ar em definitivo a Rádio Popular. Foi um ano de grandes mudanças no Brasil, com o fim do regime militar e a retomada da democracia. No Rio Grande do Sul, 1989 marcou os gaúchos com a promulgação da Constituição Estadual e uma forte nevasca que atingiu várias cidades, incluindo a capital Porto Alegre.
Foi neste clima que a rádio estreou no Vale do Taquari, com pioneirismo e audácia. Para o sócio-diretor Sílvio Brune, foram momentos decisivos que tornaram a rádio única no estado, pois inseriu a música sertaneja na programação e, enquanto algumas pessoas mais tradicionais olhavam com desconfiança aquele movimento, a população abraçava a rádio.
Foi possível diagnosticar o anseio comunitário pelo espaço, por ser ouvido, por escutar o próprio nome da rádio e, acima de tudo, a sua música preferida. A empresa ocupou um lugar no coração dos ouvintes, que puderam acompanhar a narração profissional de um jogo do seu time do bairro.
Mas o início não foi fácil. Depois de algumas viagens a Brasília, Brune conseguiu a concessão de um dial privilegiado no meio da frequência: 96.9 FM. Segundo ele, os empreendimentos da cidade de Teutônia eram registrados, em sua maioria, como ‘Ouro Branco’, o que não foi diferente para a rádio, que tem como razão social Empresa Radiofônica Ouro Branco. No entanto, era preciso um nome fantasia que chamasse a atenção. O nome do grupo fez todo o sentido. Eclodiu de forma natural e fiel ao que se propôs: abriu espaço ao povo.
Desde os primeiros programas, como Bom Dia Popular, Preferência Popular e Rádio Notícias Folha Popular, os indícios eram claros. Se, para uma análise superficial, o termo ‘popular’ é relegado à qualidade, para o veículo, é a própria força e voz do povo garantindo um espaço justo. “Primeiro conquistamos o povo, mostrando que era possível uma FM transmitir notícias e futebol; depois, as outras camadas sociais, que também quiseram se tornar populares”, ressalta.
Ouvintes de todas as partes do estado marcam as lembranças de Brune. É o caso do engenheiro Emer Ordoque, de Uruguaiana. Segundo Ordoque, a rádio é emoção. “O trabalho de uma família se reconhece pelo constante serviço que presta a sua comunidade. Se torna constante e idôneo, presente, criativo, atento, intenso”, cita.
Paredes vivas de história
Quem passa para o estúdio da rádio pode conferir algumas frases expostas nas paredes, escritas por pessoas ligadas diretamente à Popular. Pelos corredores, essas vozes impressas em frases revelam o amor dos profissionais pela empresa e profissão.
Em um deles, Tânia Schardong mostra que a empresa é exemplo de credibilidade. Ela destaca que seu marido, Valdir Schardong (em memória), sócio do grupo, deixou um legado de respeito, envolvimento e comprometimento com o trabalho. “Esse foi o maior legado: o envolvimento dele e a satisfação de poder passar para o ouvinte notícia de qualidade, com seriedade e confiança”, aponta.
O sócio-fundador da rádio, Arno von Mühlen, mais conhecido como Famil, dedicou a vida ao funcionamento da rádio. “Se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu faria isso novamente, do jeito que fiz. Soldando fiozinho aqui, soldando fiozinho lá, botando um parafuso aqui”, diz o cartaz.
A voz do povo
Desde o primeiro dia de transmissão, a funcionária pública Katia Pereira Vogt é ouvinte assídua. A rádio faz parte da história da família. Foi no dia 1º de julho de 1989 que ela casou com Hélio José Vogt. Outra coincidência é a filha dela, Catiele, que completou 36 anos em 2025. Também foi no dia 1º de julho que um dos genros nasceu, sem contar que o outro genro também tem 36 anos. “Eu parabenizo a todos e que Deus continue iluminando este trabalho maravilhoso que fazem, levando notícias e entretenimento a todos”, comemora.
O diretor de Jornalismo Lucas Leandro Brune iniciou a história na empresa entregando jornal, o que atribui como uma forma de valorizar cada etapa do ciclo da comunicação. Com a inauguração da Rádio Popular, passou a ter ainda mais afinco pela profissão, tornando-se responsável pela continuação do negócio.
Conforme Lucas, é preciso honrar as pessoas que vieram antes e deram origem ao negócio, pois construíram em outros tempos, com outras tecnologias e muitas dificuldades. Segundo ele, a comunicação é a chave para tudo, sobretudo, para construir relacionamentos. “E construir relacionamentos é algo que demanda tempo, dedicação, vontade. Hoje eu resumiria o Grupo Popular como um grande ponto de encontro de construção de relacionamentos. Com credibilidade, olhar crítico, mas propositivo”, aponta.
FM em uma época de AM
Para o empresário do ramo hoteleiro, Paulo Ricardo Wolf, a Popular é uma empresa de vanguarda que, há 36 anos, ousou em abrir uma rádio FM. “Uma programação que depois foi copiada por inúmeras rádios e continua sendo copiada por outros meios de comunicação”, diz.
O empresário chegou a atuar como apresentador em um programa no domingo pela manhã, após a oportunidade ter sido oferecida pelo diretor Sílvio Brune. “A rádio continuou se reinventando e é muito bom ter uma empresa deste perfil no nosso município de Teutônia e no Vale do Taquari”, completa.
A sócia-diretora Nanci Brune acompanhou a evolução da rádio desde sua fundação. No início, aprendeu a editar matérias e escrevia ainda na máquina de datilografia. Ela conduzia a parte administrativa, comercial, financeira e pessoal. “É tipo uma árvore grande, que floresceu e deu fruto. Tem frutos muito bons, mas é também um peso bem grande. A gente carrega, mas é ligado à família, não tem como não ligar”, diz.
Conforme o prefeito de Teutônia, Renato Altmann, a Rádio Popular faz parte da história do município. “De 2009 a 2016, tivemos inúmeras parcerias que marcaram: Shows da Família, a primeira Festa de Maio, eu era vice-prefeito e presidente da comissão, foi um momento marcante, um desafio muito grande, mas a festa foi um sucesso”, lembra. Altmann ressalta ainda a credibilidade e as críticas construtivas, pois, segundo ele, a imprensa é muito importante para uma gestão pública, seja em nível municipal, regional ou estadual.
Para o empresário Leandro Amaral, que foi funcionário, o Grupo Popular representa a construção profissional. “Hoje tenho 10 funcionários e eles são orientados por mim, conforme o que aprendi com o senhor Sílvio Brune. Eu realizei um sonho ao ser locutor, eu escutava rádio quando criança e já sonhava e trabalhar com isso”, conta.
Espaço aos profissionais
De acordo com a reitora da Univates, Evania Schneider, o aniversário da Rádio Popular é repleto de emoção. “Foi a primeira rádio na qual eu tive espaço para falar da minha profissão, muito antes de ser reitora. Quando eu abri minha consultoria, foi na Popular que eu muitas vezes fiz algumas reportagens, inclusive falando do meu trabalho na área de Recursos Humanos”, lembra.
Para o gerente comercial da Certel, Samuel Maders, a rádio remete à infância, quando acompanhava o pai, que ouvia atentamente os programas. “O ‘radinho’ do pai ligado, acompanhando as entrevistas, acompanhando seu Sílvio, já de longa data, e isso permanece até hoje. Então, a Popular marca a gente no dia a dia, trazendo informação e muitos projetos bacanas. A gente se orgulha muito de fazer parte dessa história”, celebra.
A diretora do Colégio Teutônia, Fabiane Dentee Wommer, afirma que a rádio sempre esteve presente, pois acompanha os jogos nos fins de semana, desde a infância até hoje. “Ainda consigo acompanhar em alguns momentos, mas como instituição de ensino, que é o Colégio Teutônia, ela sempre esteve muito presente, nos auxiliando na nossa imagem institucional”, cita.
Para o diretor comercial do Grupo Popular, Nardi Bloemker, a empresa faz parte da sua vida. “Quando surgiu a Folha Popular, ficou para eu botar a pastinha de baixo do braço e vender publicidade. Constitui uma família aqui, não consigo pensar em nada sem que ela esteja junto na minha vida. As pessoas gostam, eles vêm como um veículo de comunicação acessível e presente na comunidade”, argumenta.
Com uso do aplicativo do Grupo Popular, o empresário Alexandre Gerhardt acompanha as notícias em primeira mão. “O grupo se confunde com a história de Teutônia. A gente sabe as notícias em tempo atualizado. Quando peguntam o que vem à minha mente: é credibilidade, porque faz um jornalismo consciente, que não é sensacionalista, mas sim, imparcial”, finaliza.