Das mãos da artista Roselaine Pinto Machado, a Lany, e sob a coordenação da Secretaria de Cultura de Estreça, chapas de raio-X que um dia revelaram traumas e fraturas se transformam em estrelas simbólicas da reconstrução de uma cidade. Marcado pela exuberância de enfeites e luzes, o Natal de Estrela começa oficialmente no dia 28 de novembro e apresenta novidades.
Destaque nas decorações, as estrelas são construídas com brilho próprio devido à composição química do material reaproveitado. Elas nascem de um processo criativo que une sensibilidade e segurança. “Adaptamos a técnica para usar chapas de raio-X, mas tomamos todos os cuidados porque sabemos que o material exige isso”, conta Lany.
A inspiração veio de um presente em formato de estrela que a prefeita, Carine Schwingel, recebeu da prefeita Silke Franzl, da cidade co-irmã alemã Ehrenfriedersdorf. A oficialização da parceria com o município da Saxônia visa fortalecer intercâmbios culturais, institucionais e a troca de experiências entre as duas comunidades, que compartilham laços históricos e culturais com a Alemanha.
Conforme Lany, o intuito foi criar algo voltado para o artesanato, reaproveitando o material e diminuindo os custos. “Essas estrelas são, de fato, guias que simbolizam luz na escuridão, fé e esperança. Também simbolizam renascimento, o tema principal deste ano”, esclarece a artista.
De acordo com a secretária-adjunta de Cultura, Tainá Rodrigues, o processo de criação é acompanhado de perto por protocolos de segurança. Ela afirma que os voluntários usam estiletes específicos para reduzir os resíduos e evitar qualquer risco de contaminação. “A segurança de nossos voluntários é prioridade absoluta”, situa.
Da tragédia ao triunfo
O Barracão, um espaço que há 12 anos abriga a magia do natal estrelense, tornou-se símbolo de resiliência após as enchentes. “Perdemos muito, mas o que salvamos ganhou novo significado”, reflete Lany, enquanto supervisiona a pintura das estrelas, que serão predominantemente douradas, com detalhes prateados.
Para Tainá, o resultado final vai além da decoração. “Estrela acende sua alma. Nosso Natal sempre foi singular, e nesta edição ele carrega a marca indelével da superação coletiva”, conta.
A cidade estará decorada e pronta para a inauguração oficial no dia 28 de novembro. Os trabalhos de instalação começam 20 dias antes, garantindo que cada estrela, cada árvore de PET e cada borboleta, outro símbolo do renascimento, estejam no lugar certo para receber visitantes de toda a região.
“O que construímos aqui vai além do turismo. É a prova de que mesmo dos materiais mais inesperados, seja um raio-X usado, uma garrafa PET ou uma cidade atingida pelas águas, pode nascer algo extraordinariamente belo”, refletem.
Trabalho ganha outros simbolismos ao demonstrar a resiliência de uma cidade que ressurge iluminando e incentivando o turismo / Crédito: Divulgação
Praça Mena Barreto é palco
Segundo a Secretaria de Cultura, a expectativa é atrair cerca de 40 mil visitantes durante o período natalino, número que deve movimentar o comércio local e gerar reflexos positivos em setores como hotelaria, gastronomia e serviços. O Natal de Estrela, além de ser uma tradição cultural desde 2013, consolidou-se como vitrine para artistas e empreendedores, transformando a cidade em referência regional quando se fala em celebrações natalinas.
O evento, que anteriormente resistiu à pandemia, quando os shows foram adaptados para o formato drive-in, agora carrega o desafio de reerguer o espírito coletivo após a enchente histórica de 2024. “Com o Natal, queremos trazer de volta o sentimento de pertencimento e esperança que estava adormecido. Cada praça iluminada, cada rua decorada, cada estrela instalada é um convite para que a comunidade volte a ocupar os espaços públicos com alegria”, destaca Tainá.
Novamente neste ano, a Praça Menna Barreto será o palco principal das atrações. Ali, a comunidade poderá vivenciar não apenas apresentações artísticas e musicais, mas também a simbologia do reencontro. A proposta é que o evento seja mais que um espetáculo, mas um processo coletivo de cura e celebração.
Para além da estética, o Natal estrelense busca reforçar o sentimento de identidade local, estimular a autoestima da comunidade e, ao mesmo tempo, oferecer um atrativo turístico que conecta fé, cultura e economia. “O que estamos construindo é um ciclo de renascimento da cidade, dos espaços públicos e das próprias pessoas. Que este Natal seja lembrado como aquele em que conseguimos, juntos, transformar a dor em beleza e a perda em esperança”, resume Lany.

