Uma operação integrada entre as Polícias Civis do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina desarticulou um grupo criminoso responsável por fraudar sistemas judiciais e manipular processos no país. Dois homens foram presos na manhã desta quarta-feira (26/11): um deles, de 29 anos, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e o outro na capital fluminense.
Além das prisões, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, que resultaram na apreensão de dois celulares.
A investigação identificou um esquema sofisticado que violava sistemas usados pelo Poder Judiciário, como o SISBAJUD (bloqueio e transferência de valores), o Renajud (restrições e bloqueios de veículos) e o BNMP (informações sobre prisões e medidas penais). O grupo cometia crimes como:
- retirada de mandados de prisão dos sistemas judiciais;
- desbloqueio ilegal de contas judiciais;
- remoção de restrições de veículos;
- alterações de dados cadastrais na Receita Federal;
- uso de credenciais de magistrados e servidores.
No Rio Grande do Sul, os criminosos conseguiram acessar a conta Gov.br de uma juíza federal. Segundo a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia de Canoas, que apoiou a ação comandada pela Polícia Civil de Balneário Camboriú (SC), pelo menos 40 processos foram adulterados em todo o país. “Já confirmamos que o grupo retirou restrições de dezenas de veículos e excluiu do sistema mandados de prisão, inclusive de membros de facção criminosa com atuação nacional”, afirmou a delegada.
O homem preso em Canoas foi apontado como responsável por “resetar” as senhas que permitiam o acesso dos demais integrantes aos sistemas judiciais. O grupo obtinha dados por meio de vazamentos que ainda estão sendo investigados.
Além da retirada de mandados e da alteração de restrições judiciais, os criminosos lucravam com a venda de veículos liberados irregularmente.
A operação é continuidade de outra deflagrada no mês passado, que prendeu cinco suspeitos em Dois Irmãos, Sapiranga, Portão e Rolante. Na ocasião, foi descoberto que o grupo havia hackeado a senha de um magistrado de Santa Catarina, cometendo crimes semelhantes aos apurados nesta fase.
As investigações seguem para identificar outros envolvidos.

