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CPI dos Pedágios é protocolada na Assembleia Legislativa

Comissão chega pouco menos de um mês após aprovação do edital do bloco 2 / Crédito: Anderson Lopes

Com 19 votos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Pedágios foi protocolada na Assembleia Legislativa do Estado nessa quinta-feira (4/12). O movimento foi coordenado pelo deputado Paparico Bacchi (PL). O objetivo é investigar os projetos de concessão dos blocos 1 e 2 de rodovias estaduais – ambos com editais lançados.

Conforme o requerimento, a CPI busca averiguar “possíveis irregularidades técnicas, jurídicas, financeiras e de interesse público no processo de modelagem, licitação e execução dos contratos de concessão de rodovias estaduais no âmbito do Programa RS Parcerias, com ênfase nos blocos 1 e 2 das concessões rodoviárias, ambos em fase preliminar à licitação, bem como na análise complementar dos contratos do bloco 3 (Caminhos da Serra Gaúcha)”.

O pedido agora vai para aval técnico da procuradoria do Legislativo. Se aprovado, o presidente da Casa, Pepe Vargas (PT), decidirá sobre a instalação ou não da comissão. O prazo para tal é até 22 de dezembro.

Oposição favorável

A oposição do PL também é favorável à ideia, inclusive desde março. O líder da bancada do PT/PCdoB na Assembleia Legislativa do RS, deputado Miguel Rossetto, é autor do projeto de lei nº 87/2025, que busca interromper imediatamente a continuidade dos processos de concessão das rodovias estaduais propostos pelo governo Eduardo Leite.

A iniciativa devolve ao Parlamento a prerrogativa de analisar e aprovar previamente cada Plano de Outorga antes de qualquer licitação.

 O PL apresentado por Rossetto em março deste ano determina que nenhum processo de concessão poderá avançar sem autorização expressa da Assembleia, garantindo transparência, debate público e critérios técnicos robustos para qualquer entrega da malha viária gaúcha à iniciativa privada.

O grupo considera que as concessões são marcadas por “tarifas abusivas, pórticos excessivos e pouca participação da sociedade”. “O modelo de concessões defendido por Eduardo Leite é ruim econômica e socialmente. Combina tarifas altas e trechos curtos, além de entregar R$ 3 bilhões de recursos públicos para concessionárias privadas”, ressaltou Rossetto.

Ele afirma que o governo está prestes a encerrar seu mandato deixando “uma conta enorme em contratos de 30 anos” e quem pagará essa conta será, mais uma vez, a população. “Com 58 novas praças propostas, Leite se torna o rei dos pedágios, destronando até o ex-governador Antônio Britto”, lembrou.

O deputado destacou as críticas de muitos parlamentares quanto às concessões do governo, citando reclamações nas audiências públicas e a insatisfação da população atingida. “Se os deputados que criticam esse modelo quiserem realmente barrá-lo, basta aprovar o projeto que está tramitando aqui desde março. O Parlamento precisa assumir sua responsabilidade”, cobrou Rossetto.

A proposta aguardou por meses o parecer do deputado Professor Bonatto (PSDB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, depende do relator atual, o líder do governo, deputado Frederico Antunes (PP).

O PL segue tramitando na CCJ. Rossetto reforça que sua aprovação é a única oportunidade para que a Assembleia recupere seu papel e impeça a implantação de um modelo de pedágios “caro, injusto e contestado em todo o estado”.

Em vídeo publicado nas redes sociais após a notícia do protocolo da CPI, Rossetto afirmou que a mesma é “necessária para investigar projetos insustentáveis, sem justificativa técnica adequada. O Tribunal de Contas do Estado fez mais de 50 apontamentos ao bloco 2 e o governo as silenciou, botando o pé no acelerador. Assembleia completamente afastada de toda e qualquer discussão, nenhuma informação sobre o bloco 1 chegou até nós”, destacou.

O que diz o Estado

O chefe da Casa Civil do RS, Artur Lemos, se manifestou em suas redes sociais na manhã desta sexta-feira (5/12). “Enquanto outros estados avançam com investimentos e ampliam sua competitividade, o Rio Grande do Sul ainda perde tempo em debates que não entregam resultados. Infraestrutura é decisão estratégica e quem entende isso prepara o futuro. O RS precisa voltar ao caminho da competitividade, das obras e das escolhas que transformam a vida das pessoas”, disse, em nota em seu perfil do Instagram.

Deputados que assinaram a CPI

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