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Obras na ponte do Rio Taquari não têm prazo de conclusão

Prefeitos aguardam reunião com a CCR ViaSul para tomar decisões mais assertivas / Crédito: Camille Lenz da Silva

Os reflexos das cheias de setembro e novembro de 2023 e maio deste ano ainda geram transtorno na mobilidade e segurança aos motoristas do Vale do Taquari. No sábado (21/9), a CCR ViaSul, concessionária responsável pelas obras na BR-386, informou bloqueio total da ponte norte (sentido capital-interior) sobre o Rio Taquari por cerca de 120 dias. Contudo, no domingo (22/9), a concessionária liberou o fluxo através da adaptação de uma terceira pista.

A interrupção foi uma medida emergencial diante de uma perícia realizada, na qual foram diagnosticados danos maiores nas estruturas, colocando em risco a segurança dos motoristas.

O coordenador de Engenharia da CCR ViaSul, Gabriel Cunha, cita pontos preocupantes da estrutura da ponte. As avaliações, realizadas por equipe especializada de mergulhadores e profissionais de prova de carga apontaram que uma das fundações, a mais antiga, apresenta pontos de ruptura. Os ensaios sinalizaram para pontos “plásticos”, ou seja, locais nos quais a estrutura perdeu a deformação esperada, o que pode resultar em ruptura.

“Ela começa a não retornar ao seu estado normal. Em todos os momentos em que investigamos, ficamos muito tranquilos nas liberações. Neste momento, no entanto, já não há mais essa segurança”, explica Gabriel.

De maneira urgente, novas avaliações foram realizadas no fim de semana e indicaram que alguns pontos ainda não estão aptos para o tráfego, portanto, seguirão interditados. O estudo das estruturas da pista sul (interior-capital) mostrou que, até o momento, ela está apta e segura ao tráfego.

Trânsito nos próximos dias

O coordenador menciona que as articulações e atualização com as autoridades municipais são realizadas rotineiramente. A empresa seguirá nas avaliações técnicas para então lançar um cronograma com os prazos para a conclusão e a liberação total das pontas da ponte sobre o Rio Taquari. As equipes contratadas seguem atuando e outra equipe especializada em trabalho dentro de portos foi contratada. Nos próximos dias, o grupo adicional trabalhará na recuperação de estacas, ampliação de portos e reforço da fundação existente.

Quem passa diariamente pela BR-386, tanto na ponte sobre o Rio Taquari quanto sobre o Arroio Boa Vista, seguirá enfrentando lentidão em alguns momentos. São três faixas liberadas para o trânsito e, em momentos de pico, serão feitas reversões para diminuir as filas. Serão duas faixas para o sentido mais pesado e uma faixa para sentido em que o trânsito estiver mais leve.

Impacto no bolso do consumidor

Praticamente metade do estado passa pelo trajeto sobre a ponte do Rio Taquari. A ligação é fundamental para a economia e desenvolvimento da região. Com interdições e bloqueiros de vias, o escoamento dos produtos de diferentes cidades para outras localidades se torna mais caro. Com o aumento do tempo de transporte e o sistema de rodízio de liberação das vias, o custo do produto final também é onerado. É o que pensa a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) e economista Cintia Agostini. Ela prospecta que o custo logístico aumentou cerca de 30%.

“O aumento de custo logístico indica que as mercadorias vão ficar mais caras. Em alguma ponta, alguém precisa pagar a conta. No fim, o que as empresas não conseguem suportar dentro de seus negócios, por óbvio, passa para as mercadorias”, aponta.

O que pensam as autoridades regionais

Na segunda-feira (23/9), os municípios solicitaram reunião com a concessionária, porém, a mesma justificou necessitar de mais avaliações. Edmilson Busatto, presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Bom Retiro do Sul, manifesta que, no momento, o caminho é seguir pressionando. “Eu e os prefeitos de Estrela e Lajeado seguimos conversamos com o pessoal da CCR. De fato, há um problema ali e, infelizmente, não tem uma solução rápida”, menciona.

Busatto percebe a necessidade urgente de uma nova ponte entre os municípios, seja entre Lajeado e Estrela, entre Cruzeiro do Sul e Estrela ou entre Arroio do Meio e Colinas, em uma decisão comum entre os gestores. A importância de uma nova estrutura que dê conta da mobilidade e possa ser uma segurança futura para os Vales é inegável, bem como o alto custo de uma obra robusta e a longo prazo como esta.

“É um valor muito significativo para construir uma ponte, precisa recurso federal. Porém, tem que ter a vontade, haver pressão conjunta para sermos contemplados. Antes de tudo, precisamos da decisão sobre o local dessa ponte. Temos que pensar em uma estrutura suficiente para não termos problemas como os que a gente teve e tem”

Edmilson BusattoPresidente da Amvat

Lajeado e Estrela

A ponte sobre o Rio Taquari envolve diretamente as cidades de Estrela e Lajeado. A reportagem buscou com as administrações de ambos municípios a situação e as ações projetadas para manter esta ligação fundamental.

Desde a enchente de maio, a Administração de Lajeado tem avaliado a viabilidade de uma nova travessia sobre o Rio Taquari. Marcelo Caumo, prefeito da cidade, manifesta preocupação caso a ligação entre Lajeado e a Região Metropolitana seja interrompida. O trabalho dos municípios junto à CCR ViaSul e aos governos Estadual e Federal caminha no sentido de colocar em ação o plano de uma nova estrutura sobre o Rio Taquari.

Uma obra de tamanha complexidade envolve recursos financeiros elevados. Ainda, se a mesma for executada pela CCR, será necessária a concessão federal. Os trâmites envolvem diferentes frentes e aspectos.

“Esta semana decidimos que vamos contratar e pagar por um estudo de viabilidade que possa definir qual a melhor localização para esta nova ponte. É uma forma de acelerarmos este processo, porque nossa região não pode apenas esperar pela decisão de outros entes. Precisamos agir para defender os nossos interesses”

Marcelo Caumo – prefeito de Lajeado

No fim de semana, o prefeito de Estrela, Elmar Schneider, manifestou em suas redes sociais que o plano de uma nova ponte foi sugerido em outro momento, mas “faltou apoio”. Caso a CCR bloquear novamente a ponte, será o “caos para o Vale do Taquari, para o trânsito e para Estrela”, desabafou. Em contato com a assessoria de Estrela, foi informado que Schneider não se manifestará novamente antes da reunião entre os gestores e a concessionária.

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