O plano de concessões do Bloco 2 do estado contempla também a RSC-453 (Rota do Sol) e, assim como na ERS-128 (Via Láctea), tem gerado manifestações dos governos e de entidades empresariais. Estrela e Teutônia já estudam o projeto e apontam pontos específicos que necessitam de mudanças. Outras cidades impactadas, como Westfália e Boa Vista do Sul, também avaliam a proposta.
Conforme o plano do governo, o trecho entre Estrela e Teutônia seria totalmente duplicado nos primeiros 5 anos da concessão. Um pórtico do free flow também está previsto para o quilômetro 50, em Estrela. Este é o primeiro ponto de modificação – colocar o pórtico próximo ao limite com Teutônia.
Avaliação de Estrela
Audiência pública realizada semana passada na Câmara do Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio de Estrela (Cacis) abriu o debate do plano. Da reunião, foram elencados os principais pontos de reivindicação: a mudança da localização do pórtico do free flow, ampliação de vias marginais, inclusão de mais rótulas e, assim como em todos os outros municípios, a redução da tarifa do pedágio.
“Entendemos que o projeto, como está hoje, precisa ser adequado, principalmente no acesso à Boa União e no acesso à João Fell”, acrescenta a prefeita Carine Schwingel. O coordenador da pasta de Infraestrutura da Cacis, Adiel Krabbe, afirma que a preocupação do empresariado é com o preço do pedágio e o aumento do custo para funcionários que moram em cidades como Teutônia, Poço das Antas e Westfália.
“Outra questão foi a necessidade de ampliação das vias marginais até a entrada de Linha Lenz. Também avaliamos a possibilidade de propor uma ou duas rótulas, como na João Fell”, aponta Krabbe.
Já a prefeita ressalta que o município ainda discute se há necessidade de duplicação da rodovia ou se seria mais adequado apenas implantar vias marginais. “O nosso trecho é urbano. O plano não vai conseguir contemplar tanto a duplicação quanto as vias marginais, que são essenciais para a circulação das empresas e produtores”, acrescenta.
Para os agricultores
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Estrela, Rogério Heemann, lembra que muitos agricultores possuem terras nos dois lados da rodovia. “Eu entendo que o progresso precisa acontecer. Mas, ao duplicar a estrada, como vamos atravessá-la? O produtor terá que abandonar um lado da propriedade?”, questiona.
Ele também menciona a necessidade de circulação com grandes equipamentos, como colheitadeiras, que seria dificultado com a duplicação. “Nós somos produtores, não entendemos sobre isso. Precisamos trabalhar junto com equipes especializadas em trânsito”, comenta Heemann.
Outra preocupação é o desvio de caminhoneiros para estradas do interior como forma de evitar o pedágio. “Isso, com certeza, vai deteriorar as nossas estradas”, salienta. O STR ainda não tem uma nova reunião de análise prevista, mas segue participando do debate com a prefeitura.
Avaliação de Teutônia
O mesmo grupo de estudos que analisa os impactos da concessão na Via Láctea também avalia a Rota do Sol. Alguns pontos já são consenso para solicitação de mudanças, entre eles a inclusão de uma rótula fechada no quilômetro 55, com o objetivo de melhorar a segurança no acesso à Lagoa da Harmonia, um importante ponto turístico da cidade e também conexão para a cidade de Colinas. Na enchente de maio, o trecho serviu de desvio para acessar a parte alta do Vale via ERS-129 (Roca Sales-Encantado).
A proposta do governo preocupa a administração municipal, pois não contempla acessos essenciais para algumas localidades. “Há uma demanda urgente pela inclusão de rótula de acesso à Linha Welp e outra para o Distrito Industrial, pontos estratégicos para o desenvolvimento econômico e a mobilidade dos moradores”, destaca o prefeito Renato Altmann.
A comunidade de Linha Welp depende diretamente da rodovia para o deslocamento e escoamento da produção. “A ausência de acesso adequado pode comprometer a segurança viária e dificultar o trânsito de veículos, incluindo os de transporte escolar e de emergência”, pondera.
O Distrito Industrial é polo de desenvolvimento e abriga empresas. “A falta de rótula de acesso adequado pode impactar negativamente na logística da região, reduzindo a competitividade e atratividade para novos investimentos”, acredita o prefeito.
A administração municipal defenderá a inclusão dessas melhorias no projeto da Rota do Sol para garantir mais segurança e acessibilidade, além de fomentar o crescimento e a mobilidade da região.
Outros municípios atingidos
A prefeita de Boa Vista do Sul, Patricia Bagatini, demonstra preocupação com a manutenção e a segurança da Rota do Sol. “Quais serão as garantias de que as obras e manutenções serão, de fato, realizadas?”, questiona.
Outro ponto levantado pela prefeita é a instalação do pórtico de pedágio próximo a comércios locais. “É necessário considerar esse aspecto e posicionar o pedágio mais próximo do limite com Westfália. Por outro lado, tenho ciência de que o governo estadual não tem a mínima condição de assumir a administração da rodovia, o que seria um retrocesso. No entanto, não podemos transferir essa conta apenas para a população, os caminhoneiros e as empresas. Um preço justo é o primeiro passo para que se alcance um consenso”, declarou.
O prefeito de Westfália, César Juliano Bloemker, mostrou-se feliz pela duplicação de Estrela a Garibaldi. “Vai melhorar o tráfego e a segurança neste trajeto. Trará benefícios para motoristas e moradores. O que nos deixa chateado é a cobrança de pedágios. A duplicação e a recuperação são necessárias, mas não estamos de acordo com mais esta cobrança de pedágio, porque vai onerar bastante os usuários que se deslocam diariamente para cidades vizinhas”, comenta.
Governo do Estado
Durante a visita ao Vale do Taquari, o governador Eduardo Leite foi questionado pelaFolhaPopularsobre como tem recebido o posicionamento dos prefeitos em relação ao plano de concessões. Ele falou falou sobre a importância do período de consulta pública e possibilidade de ampliação do prazo de análise, que encerra dia 20 de fevereiro.
Outra análise feita por Leite é a escassez de empresas capazes de fazer a obra. “Os outros estados estão fazendo as suas concessões e não tem tantas empresas no mercado disponíveis para fazer o volume de investimentos dessa magnitude. Se elas começarem a entrar em outros estados e outras concessões, o temor é que a gente fique sem ter empresas interessadas, e ficamos sem investimento. Sem pedágios, mas sem investimentos”, pontua.
O deputado Rodrigo Lorenzoni (PL), em entrevista ao Espaço Aberto na quinta-feira (6/2), ressaltou a necessidade de participação da comunidade e que o governo acate as sugestões. “Me parece que o governo quer fazer por fazer e dizer que fez. Não podemos fazer a qualquer custo. O custo é o atendimento do interesse público. Precisamos discutir e ajustar alguns pontos”, afirma. Para ele, a crise gerada pela enchente ainda não passou e a região precisa de mais incentivo governamental para se reerguer.
Na próxima semana, deve ocorrer uma reunião entre os prefeitos do Vale para elencar quais são as principais reivindicações e organizar o documento oficial que será entregue ao estado.
Melhorias propostas por Teutônia
- Melhorar acesso ao Frigorífico de Bovinos Zart, propriedades e outras empresas nas imediações do Km 51+880;
- Prover acesso à histórica Rua Maurício Cardoso e Linha Welp no Km 52+460, com sugestão de rótula;
- Viabilizar acesso ao Distrito Industrial de Teutônia, para oferecer acesso a empresas no Km 53+200, com sugestão de rótula;
- Faixas marginais desde Linha Geraldo até Linha Harmonia, nos dois lados, permitindo acesso a empresas;
- Rótula fechada no Km 55+140 para melhorar a segurança no acesso a ponto turístico relevante (Lagoa da Harmonia).
Melhorias propostas por Estrela
- Mudança do pórtico de pedágio do quilômetro 50 para 50+400, em Linha Geraldo, próximo ao limite entre Estrela e Teutônia. No mesmo KM está previsto uma rótula alongada;
- Adição de vias marginais até a Linha Lenz. O plano do governo prevê somente até as imediações da Rua João Fell (próximo da antiga Lupus Land);
- Instalação de rótulas na Rua João Fell, em Novo Paraíso e Nova Morada. Estado prevê rótula na Linha Lenz.
“Os outros estados estão fazendo as suas concessões e não tem tantas empresas no mercado disponíveis para fazer o volume de investimentos dessa magnitude. Se elas começarem a entrar em outros estados e outras concessões, o temor é que a gente fique sem ter empresas interessadas”
Governador do Estado – Eduardo Leite