Por Letícia Echer e Gabriely Hartmann Mallmann
A etapa regional da Mostra Científica das Escolas Públicas Estaduais será no dia 20 de agosto. Com o tema “Rumo à COP 30: Criando caminhos para a sustentabilidade”, as escolas Gomes Freire de Andrade, Reynaldo Affonso Augustin e Tancredo Neves, de Teutônia, levarão cinco projetos para Estrela, local onde ocorrerá o evento organizado pela 3a Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
Na Gomes Freire de Andrade, a turma 234 segue para a etapa regional. Com foco nos impactos causados pela falta de energia elétrica em aviários, os alunos desenvolveram um sistema híbrido de fornecimento de energia, integrando painéis fotovoltaicos com outras soluções de apoio.
A proposta surgiu após a constatação de que as quedas de energia geram prejuízos significativos aos produtores, incluindo a perda de aves e aumento nos custos.
Além de garantir uma fonte alternativa de energia em situações emergenciais, o projeto também priorizou a sustentabilidade. Durante as pesquisas iniciais, os estudantes descartaram a utilização de geradores movidos a gasolina ou diesel, devido à emissão de poluentes e à dependência de combustíveis fósseis.
A iniciativa alia tecnologia e consciência ambiental, propondo uma solução para um problema real enfrentado por produtores rurais. A professora orientadora Franciele R. Ribeiro comemora a conquista. “Estou muito orgulhosa da minha turma. Mostra que todo o esforço, a dedicação e o trabalho em equipe dos estudantes valeu a pena. É gratificante ver que nossas ideias foram reconhecidas e que conseguimos alcançar os objetivos definidos no início ano letivo.”, afirma.
A montagem do sistema ficou sob responsabilidade de Eduardo Mello Miotto e Rafael Meyring da Rosa, que atuaram na construção técnica do projeto. A parte escrita foi conduzida por Matheus Augusto Hennemann, com colaboração de Fabiano Delmar Keil. A apresentação do projeto teve a participação de Matheus, Eduardo, Rafael e Vandriel Islan Weirich.
Composteira
Do fundamental, alunos do 4º ano desenvolveram o projeto “Pequenos cientistas do 4º ano: Descobrindo os heróis minúsculos que transformam o lixo orgânico em adubo”. A proposta teve como foco a compostagem, processo natural de decomposição da matéria orgânica por microrganismos. Esses “heróis minúsculos” são essenciais para manter o ciclo de nutrientes e contribuir para a produção de adubo natural.
A metodologia foi dividida em etapas. Inicialmente, os alunos aprenderam sobre a próxima Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, que será realizada em novembro em Belém, no Pará, e refletiram sobre sua importância para o futuro do planeta.
Após, a turma discutiu a separação correta do lixo, com apoio de vídeos explicativos sobre compostagem e o ciclo dos resíduos. As crianças puderam observar microrganismos em ação na decomposição de um pedaço de limão por meio de microscópios.
Depois, construíram uma composteira e a instalaram na horta da escola. Um grupo de alunos se responsabilizou por recolher resíduos orgânicos da cozinha da escola e levá-los até a composteira, aplicando os princípios na prática.
Para compartilhar os aprendizados, os estudantes prepararam uma exposição interativa. Eles distribuíram pequenas garrafas PET com biofertilizante (líquido proveniente da compostagem), acompanhadas de instruções sobre seu uso.
“Os pequenos cientistas do 4º ano não apenas descobriram os heróis minúsculos da compostagem, mas tornaram-se multiplicadores de conhecimento, inspirando colegas, professores e familiares a repensarem seus hábitos de consumo e descarte. A composteira instalada na horta é um símbolo vivo de transformação”, afirma a orientadora Daniela Petter.
Saúde bucal
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Tancredo Neves, os alunos do 2º ano conquistaram o 1º lugar na primeira etapa. A turma realizou o projeto “Eu perco meus dentes mas não perco o planeta”, como forma de conscientizar as crianças sobre o cuidado com o corpo, os riscos da má escovação buscal e o impacto ambiental dos resíduos gerados.
A turma do 2º ano de 2024 é a atual campeã da 3ª CRE. “Eles tinham a expectativa de manter essa premiação dentro da nossa série”, conta a professora orientadora Tatiane Agostini.
A metodologia do projeto incluiu uma série de atividades, como conversas sobre a fada do dente, a campanha “Dente limpo, planeta limpo” e a produção de um vídeo educativo. Além disso, a turma criou uma pasta de dente ecológica com óleo de coco, bicarbonato de sódio e essência.
Foi realizado um estudo sobre a quantidade de dentes e suas características. A partir disso, os jovens abordaram práticas adequadas de higiene bucal e o uso consciente dos recursos envolvidos nesse cuidado, como a água utilizada durante a escovação e os produtos necessários.
No dia da mostra, a turma apresentou uma estrutura completa, com direito a fotos do sorriso dos alunos e uma maquete em formato de arcada dentária. “As crianças que visitaram a mostra ficaram encantadas e podiam participar desse processo. Eles conseguiram transmitir, na linguagem da própria criança, a ciência pura. Reitero que criança é capaz de pensar cientificamente”, diz a professora Tatiane.
Brinquedos recicláveis
Os projetos indicados da Escola Reynaldo Affonso Augustin foram os do 5º ano e da turma 301, do ensino médio.
As crianças apresentaram o projeto “brinquedos recicláveis”, direcionadas pela professora e vice-diretora Lisia da Rosa Fonseca. A ideia partiu dela, com base em brincadeiras antigas. “Nós temos que cuidar do planeta. Expliquei para eles, que foram gostando da ideia, desenvolvendo mais e ainda não parou. Ainda teremos alguma novidade para levar à etapa regional”, aponta.
Com a utilização de materiais que seriam descartados, a turma criou passatempos de grande valor para as crianças. Emanuelly Vitória Krüger Machado fez uma peteca com jornal e sacolas plásticas. “É muito mais legal fazermos um brinquedo do nosso jeito”, afirma.
Na primeira etapa também foram apresentados jogos como ioiô, vai e vem, sinuca, pebolim, boliche e pega vareta, entre outros. Todos serão levados à segunda etapa, quando a escola será representada pelos alunos Levi Satiq Velazquez, Stevan Samuel Gomes Delfino e Davi Severo de Moura.
Junto com o colega Pietro Eduardo de Castro Garcia, eles construíram uma mesa de sinuca artesanal, usando uma tábua encontrada na rua, pregos, tampinhas, taco de vassoura, bolinhas de rolamento de uma oficina e o forro de uma mesa de sinuca antiga da casa de Davi. Levi aprimorou o projeto, montando um suporte para que as bolinhas rolassem até o centro na parte inferior da mesa, com ajustes e trocas de mecanismos ao longo do processo para o caimento perfeito.
O projeto contou com engenharia própria pensada pelas crianças. Agora, os colegas montam os tacos em versão reduzida, utilizando varetas, cano PVC e rolhas.
A orientadora explica que o projeto foi um método de ensinar as crianças a ter uma perspectiva consciente do futuro, e a paciência exercitada ao montar seus próprios seus jogos traz resultados únicos. “Eles entenderam que podem fazer uso de muitas coisas que antes seriam descartadas”, finaliza a professora Lisia.
Mudanças climáticas
Em busca de soluções para mitigar eventos climáticos severos, os jovens do ensino médio desenvolveram o projeto “Impactos sociais das mudanças climáticas”. Os alunos Diego Lerner, Mariana Gomes e Mariele Diel contam que foram dias de muita pesquisa, análise e escolha dos dados e fontes que seriam usados. “Somos uma turma que se empenha em tudo, e dessa vez não seria diferente. Todos se prontificaram em ajudar no trabalho, sendo nas pesquisas ou no desenvolvimento dos cartazes e maquetes”, citam.
Eles se aprofundaram em soluções para retirar os resíduos depositados nos rios, não só por desastres ambientais (como árvores e concreto), mas também via descarte humano.
Conforme o professor de Geografia e orientador do projeto, Paulo Cristiano Lautert, a pesquisa analisou o padrão dos desastres naturais. “Esse padrão de eventos extremos é consequência direta das mudanças climáticas globais: o aumento da temperatura intensifica a umidade do ar, provoca chuvas torrenciais e acelera a frequência de fenômenos climáticos severos”, aponta.
O Vale do Taquari foi o ponto de partida para ideias, com foco no processo de limpeza do Rio Taquari e seus afluentes. Paulo afirma que os tópicos abordados foram as motivações das enchentes, deslizamentos, excesso de chuvas nas cabeceiras de rios e o grande volume de água que chegava até os cursos d’água, causando danos ambientais, sociais e econômicos. Ainda, a pesquisa abordou a falta de vegetação ciliar nas margens de arroios e rios e o aumento do assoreamento.