A crise na Cooperativa Languiru tomou novas dimensões na tarde desta terça-feira (21/3). Reunidos em frente à sede administrativa no Bairro Languiru, cerca de 250 associados, produtores e funcionários manifestaram sua insatisfação com as decisões tomadas pela direção da empresa, principalmente contra a venda dos frigoríficos de aves e suínos, fábrica de rações e laticínios.
Várias pessoas se manifestaram junto ao microfone providenciado na frente do Agrocenter. Dentre as reivindicações, foi pedido mais transparência e informações, maior participação nas negociações e a retirada dos conselhos de administração e fiscal. Também foi solicitado aos associados que não aprovem as contas da próxima assembleia, e coletaram nomes de interessados em compor o conselho de associados, com intuito de participar das negociações da cooperativa.
Os associados exigiram acesso a dados exatos quanto à dívida e vendas da Languiru, e também querem estar presentes e saber das cláusulas de vendas das parcerias que a empresa concretizou e busca concretizar. Contrariando o presidente Dirceu Bayer, apontaram que a dívida da cooperativa é o dobro do anunciado, ou seja, de R$ 2 bilhões.
Para sair da crise, solicitaram uma assembleia extraordinária. O associado Henrique Horst afirmou que a empresa está fazendo a liquidação do patrimônio e exigiu saber da verdade.
Já Paulo Birck incentivou a coleta de nomes para a criação da comissão, que busca representantes das quatro esferas produtivas envolvidas com a Languiru. “Para vermos o que está sendo acordado, o valor que está sendo pago pelas plantas e a garantia de que nossos associados vão continuar alojando frangos e suínos em suas propriedades” reforça.
Os manifestantes criticaram ainda a venda dos prédios dos mercados de Teutônia e Arroio do Meio. “Dá lucro? Sim, mas não o suficiente para justificar a venda e passar a pagar aluguel”, citou Horst. Gerson Pott ainda abordou a construção do mercado prometida ao município de Westfália, que não ocorreu. “Vamos esperar sentados. Olha tudo o que a prefeitura de lá investiu, buscou recursos e pavimentou, mudou o plano diretor, e até hoje o mercado não saiu”, cita.
Alguns outros produtores compararam a situação atual da Languiru à antiga Coopave. “Anunciavam que estava tudo tranquilo, que não tinha problemas, mas vimos o que aconteceu, e a Languiru está indo pelo mesmo caminho”, pontua Horst.
Eles destacaram ainda a insegurança de associados devido a investimentos altos em estruturas de última geração. Uma associada questionou sobre a garantia da continuidade do serviço. “Se eu soubesse [da intenção de venda das fábricas], vocês acham que ampliaria meu chiqueirão?”, lamenta.
*Mais informações na edição impressa de amanhã.