Câmara de Teutônia rejeita abertura de Comissão para apurar conduta de Claudiomir de Souza

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Crédito da foto: Paloma Griesang

A Câmara de Vereadores de Teutônia rejeitou a abertura de uma Comissão Especial para apurar a conduta do vereador Claudiomir de Souza (União Brasil) na sessão desta terça-feira (11/7). O requerimento para apurar a conduta do edil foi protocolado por lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT), devido ao pronunciamento de Souza na tribuna da Câmara na terça-feira passada (4/7).

Votaram contra a abertura da Comissão: Claudiomir de Souza, Diego Tenn Pass (PDT), Juliano Körner (PDT), Jorge Hagemann (PDT), Vitor Krabbe (PDT), Cleudori Paniz (PSD) e Márcio Vogel (MDB). Votaram a favor da abertura: Hélio Brandão (PTB), Evandro Biondo (MDB) e Luias Wermann (Cidadania). O presidente Valdir Griebeler só votaria em caso de empate, o que não ocorreu.

Entenda o pedido

O pedido pela Comissão foi protocolado por lideranças do PT. A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Teutônia, Rosely Schneider, e o secretário da sigla, Paulo Bayer, assinam o documento, protocolado na semana passada e datado dois dias após a sessão – quinta-feira (6/7). Eles alegam quebra de decoro parlamentar por parte de Souza. A reportagem apurou que os líderes petistas teriam um espaço para fazerem uma sustentação oral do pedido durante a sessão. Porém, isso não foi permitido, segundo o presidente para evitar que se tornasse uma discussão política.

“O VEREADOR CLAUDIOMIR DE SOUZA fez uma manifestação desequilibrada, incontida, abusada e ofensiva sob o ponto de vista discriminatório e moral durante a Sessão Ordinária do dia 04 de julho de 2023, na presença de jovens adolescentes, e mais, o discurso restou amplamente difundido pela página do FACEBOOK da Casa Legislativa e bem como replicado pelo WhatsApp”, resumem.

Rosely e Paulo citam em especial a partir do trecho 5min23, quando o vereador Claudiomir de Souza fala sobre eleição do Conselho Tutelar e especula sobre uma suposta tentativa de incutir ideologia de gênero em crianças. Por isso, requerem:

“constituição de Comissão Especial para apurar falta de decoro parlamentar do VEREADOR CLAUDIOMIRO DE SOUZA, ocorrido durante sessão do dia 04 de julho de 2023 – que em seu pronunciamento disse (5:23 “eu vinha agora de Brasília agora em uma viagem de avião e juntamente comigo vinha um homem muito importante do Governo Federal dizendo que vão trabalhar intensamente agora, na próxima eleição do Conselho Tutelar, pra introduzi junto aos Conselheiros Tutelares uma uma com intensidade e estudo o cuidado da ideologia de gênero, eles vinham falando sobre isso, e querem destruir nossas crianças já no princípio, eu vejo se a Igreja, se as pessoas de bem, eu falo aqui da imprensa em todos os segmentos tem as pessoas de bem, que são maioria, e tem a minoria que muitas vezes querem tomar o espaço e se as pessoas de bem não tomarem o espaço…”

Vereador se defende

Claudiomir de Souza aproveitou o espaço da tribuna e da discussão do projeto para se defender. Disse que podia alegar estar sendo alvo de perseguição religiosa e política, mas que não quer “se fazer de vítima”. Alegou ainda ser vítima do que define como “cristofobia”, que seria discriminação por ser cristão, devido aos comentários de munícipes no vídeo de seu discurso.

Alegou que o que tentou dizer em seu discurso é que é preciso ter pessoas preparadas. “Eu disse que devemos nos preparar. Não adianta ter uma pessoa ocupando um espaço importante da sociedade despreparada, que não vai estar contribuindo. Isso é em todos os lugares, temos bons representantes e temos péssimos”, diz.

Afirma que estão tentando calá-lo ao tentar abrir uma Comissão Especial que poderia resultar em sua cassação.

Justificativas

Vereadores que foram contrários a abertura do procedimento, como Vitor Krabbe e Diego Tenn Pass, defendem que não se poderia cassar o mandato do colega por uma fala na tribuna, que se trata de uma opinião, e na qual não viram ofensas pessoais ou a determinados grupos, pois poderia se abrir brechas para que outros edis fossem alvo de procedimentos semelhantes por apresentarem seus pontos de vista. Ainda assim, disseram que discordam de muitos posicionamentos de Souza, inclusive no tema alvo da questão.

O vereador Evandro Biondo disse que esperava um pedido de desculpas do colega, e defendeu que é preciso ter cuidado com o que se fala na tribuna. “Eu sempre primei pela liberdade das pessoas. Mas é importante colocar que nesse mundo, a cada 7 minutos, morre uma pessoa por causa da questão de gênero. Não é questão de perseguição política, vamos parar de desrespeitar pessoas, pela idade que tem, pela raça, por classe social, gênero, ou credo. Não é só o uso da tribuna, é o que esse manifesto estimula. Temos que respeitar as crianças. E eu te respeito. Eu trabalho com jovens, temos que parar com isso, vivemos outros tempos”, disse ao salientar que é professo e acompanha de perto mais de 400 jovens em sala de aula.

Hélio Brandão, por sua vez, salientou que se Souza estava tranquilo quanto a sua conduta, não havia porque não abrir a Comissão. “Se não cometeu nenhuma ato que possa te condenar, depois se arquiva, não tem porque a gente negar a abertura desse requerimento do PT”, considera.

Mais detalhes sobre a votação na próxima edição da Folha Popular.

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