Vice-governador se instala na região para coordenar trabalhos do gabinete de crise

709
Crédito da foto: Mauricio Tonetto / Secom

O vice-governador do Estado, Gabriel Souza, deve permanecer na região durante toda essa semana para acompanhar o andamento dos trabalhos e coordenar o gabinete de crise. “Foco total nessa etapa que se inaugura de reconstrução das cidades e busca dos desaparecidos. Não vamos descansar até acharmos todos”, promete.

Souza vem para o Vale na segunda-feira (11/9) à tarde, após reunião do secretariado, que também tratará do assunto. Ele deve se instalar em Encantado. “Devo permanecer por aqui até quando necessário. Muita burocracia a ser preenchida. Esses recursos todos anunciados não há dúvida da disponibilidade, agora temos que acessar eles. Muito foco na assistência técnica aos municípios, para preencher esses documentos, entender como faz o procedimento. Foco na coordenação das forças de segurança na busca pelos desaparecidos. E também ajudar as prefeituras nessa coordenação para otimizar os recursos”, aponta.

Uma das medidas é o levantamento das famílias que serão beneficiadas com o recurso de R$ 2.500 do programa Volta por Cima para famílias inscritas no CadÚnico. “Esse recurso já foi agilizado devido a uma medida aprovada no ciclone anterior, e o recurso já foi liberado. O trabalho social das prefeitura é fazer o levantamento dessas famílias, para autorizar esse pagamento e elas possam receber ainda essa semana”, diz.

Outro ponto que ele pretende solucionar é o acesso das famílias às 1.500 unidades habitacionais anunciadas pelo governo federal. “São residências para população de baixa renda, e a população em geral aqui no Vale do Taquari tem uma renda mais aprimorada do que estas determinadas pelo CadÚnico. Como fazer como essas famílias que não são de pobreza e extrema pobreza acessarem esse benefício”, esclarece.

Outra questão é do crédito liberado para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). “É uma renda para pessoas de pobreza e extrema pobreza. Mas e as que não tem esse acesso?”, questiona.

Ele aponta ainda a necessidade de planejar como reconstruir cidades que vai ter que impedir construções em áreas a partir de agora consideradas de risco. “Vamos ter que mexer no Plano Diretor das cidades. Vamos ter uma reunião na Univates, que se colocou a disposição com assessoria técnica. Não podemos permitir novas construções nessas regiões, mas ao mesmo tempo tem propriedades privadas lá que precisam ser desapropriadas. E essas pessoas precisam de um lugar para morar, para construir seus negócios”, opina.

O vice-governador destaca ainda que os negócios destruídos precisam de refinanciamentos, salientando a medida de postergação de cobrança de impostos federais e do Simples. “Temos um problema que é a destruição de grandes empresas da região, que geram 200, 500 empregos. Quero acompanhar a demanda apresentada ao Governo Federal, que tem mais recursos para crédito para reconstruir essas empresa e evitar desemprego. Para evitar tudo isso precisamos desse gabinete de crise”, reforça

Souza afirma ainda que deve visitar outros municípios atingidos nos quais o governador Eduardo Leite não conseguiu passar. “A visita serve para levar o abraço simbólico do governo gaúcho, mas para vistoriar in loco as necessidades”, diz.

Ajuda de fora é importante

Souza salienta que outra tarefa é buscar como manter força de trabalho para a limpeza dos municípios, visto que apesar da grande mobilização de voluntários, essas pessoas também precisam, durante a semana, retornar aos seus trabalhos e atividades. Além disso, os próprios servidores dos municípios, em boa parte, foram afetados pela enchente e também perderam ou tiveram destruídas suas residências. “Estão na mesma situação daqueles que buscam socorrer. A ajuda de entes públicos de fora do município é muito importante. Vai ser uma das tarefas que teremos, melhor que nunca estar presente aqui na região”, pontua.

Municípios atingidos

O vice-governador afirma que deve passar de 80 os municípios incluídos no decreto de calamidade. O decreto deverá ser reconhecido pelo governo federal, que prometeu que fará assim que receber a atualização. O decreto também deve ser aprovado pela Assembleia Legislativa e Congresso Nacional. “Todos devidamente contatados para nos ajudar, momento é de união”, salienta.

Utilização política

Souza ainda lamentou o uso político da tragédia para fomentar disputas, principalmente nas redes sociais. “Se tivéssemos o uso de 10% dessa energia que usam essa tragédia como cavalo de batalha política e lacração direcionada para o bem, para ajudar, estaríamos bem melhor. Cheguei a ler na internet que não deveríamos estar falando com o governo federal. Que isso? O governo federal tem uma função fundamental nesse processo, as prefeitura e o governo do estado também tem a sua, por isso precisamos trabalhar juntos”, salienta.

Prevenção

O vice-governador afirma que a prevenção para novos episódios como esse começa agora. “Como a reconstrução de residências e comércios que não pode ser no mesmo lugar, porque já se mostraram áreas de alto risco”, considera.

Ele acredita que a prevenção não se trata de um ato isolado. “Tem, infelizmente, situações que mesmo tendo toda prevenção, vamos ter problema, porque as forças da natureza sempre são superiores às força humanas”, aponta.

Afirma que o Plano Diretor dos municípios é fundamental. “Ele vai dizer onde pode ter construções no espaço urbano”, reforça.

Outro ponto, é o monitoramento climático. “O governo do estado está cada vez mais investindo. O governador autorizou R$ 20 milhões para aquisição de novos serviços meteorológicos ainda mais avançados e modernos, para que possa estar monitorando o clima”, salienta.

Reforça ainda importância de criar uma cultura de prevenção e de acreditar nos avisos emitidos. “Os avisos foram emitidos. Não é uma questão de achar culpados, mas é verdade que o Brasil é um país que nunca teve uma frequência de desastres ambientais. Mas estamos vivendo um momento que cada vez mais parecem frequentes os desastres climáticos, causados pelas mudanças climáticas”, destaca.

Afirma ainda que é preciso que o cidadão faça a sua parte. “O slogan da Defesa Civil diz ‘Defesa Civil somos todos nós’. Não adianta o governador, prefeito, agentes públicos, se os cidadãos não fizerem sua parte. Questão de aprendizagem, para que possamos ter uma sociedade alinhada com esse sistema da Defesa Civil, que precisa ser aprimorado, mas precisamos fazer com que as pessoas acreditem nos alertas e sigam as orientações o mais rápido possível”, pontua.

- publicidade -