Retrospectiva 2023: Turismo do Vale do Taquari experimentou diferentes momentos

Nova Rota Germânica é aposta no aumento do movimento turístico da região.

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Vila Temática Dossland foi inaugurada em meio aos festejos de fim de ano / Crédito: Grasieli Nabinger

Resiliência. Talvez esse seja o termo que melhor caracteriza o ano do turismo regional. Se no início de 2023 o setor viveu uma retomada pós-pandemia, no segundo semestre foi impactado pelo clima e experimentou uma nova paralisação. Alguns empreendimentos viram a correnteza carregar bens. Outros, indireta mente afetados, perceberam queda na movimentação do setor. Foi necessária reconstrução. Reestruturação. Um novo impulso para manter o turismo rural em evidência e levar o Vale do Taquari ao trade turístico nacional.

A retomada da Rota Germânica de Teutônia, relançada em outubro, reúne estes propósitos. Formada por 17 pontos turísticos, convida os visitantes a conhecer a cultura local em passeios que percorrem as áreas urbana e rural. A gastronomia, também em evidência, conta a história da colonização, ilustrada por antigas construções e celebrada com bebidas artesanais. Ao encontro disso, Westfália inaugurou a Vila Temática Dossland – espaço que evidencia a tradição na produção de biscoitos.

O período também foi marcado pela união de propósitos de empreendedores do G7 – grupo formado pelos municípios de Teutônia, Westfália, Colinas, Imigrante, Poço das Antas, Paverama e Fazenda Vilanova – no Projeto Acelera Turismo, do Sebrae.

“Entramos no grupo para nos reinventar”, comenta Andreia Stamm Erthal, uma das proprietárias da Pizzaria Refúgio, diretamente afetada pela cheia do Rio Taquari em Colinas. Lourdes Scharb, da Agroindústria da Lourdes, de Colinas, encontrou no grupo uma forma de encorajamento aos desafios, como comenta: “às vezes ficamos meio balançados, querendo desistir. Esse projeto motiva, incentiva a seguir em frente.”

E cria uma rede de apoio, como sugere Guilherme Altmann, proprietário da Cervejaria Guilis, de Linha Harmonia, Teutônia. “Somos clientes uns dos outros e também indicamos os empreendimentos quando pessoas nos perguntam quais as outras opções de turismo da região”, disse o teutoniense. “Temos que vender nosso peixe juntos, daí a coisa vai pra frente”, confirma Lourdes.

Em meio à reestruturação, o programa proporcionou ao grupo uma experiência semelhante àquela que seus empreendimentos proporcionam aos turistas. Representantes de 11 empresas viajaram rumo ao Rio de Janeiro para vivenciar, na prática, propostas que poderão incrementar seus negócios. Para tanto, investimentos são necessários e evidenciam um desafio aos empresários. “Pessoal quer investir, mas as taxas de juros não são atrativas. Falta recurso, por isso o turismo vai engatinhando. Com investimentos, o crescimento seria mais rápido”, comenta Altmann.

“Se fala muito de investir em turismo, mas não se colabora com abatimento de impostos ou taxas de juros melhores”, complementa Andreia Stamm Erthal. Edgar Momberger, proprietário do Morro Thomas, de Colinas, contribui: “já cheguei à conclusão de que precisamos nos virar sozinhos”. Para Lourdes, “temos que lutar com as próprias armas. Se for esperar, até consegue, mas é muita burocracia”.

Potenciais em evidência

A afirmação de Lourdes – “temos que vender nosso peixe juntos” – vai ao encontro do planejamento para 2024 da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales). A proposta é segmentar o Vale em microrregiões e estimular potencialidades específicas, segundo Charles Rossner, presidente da entidade. “Desenvolvemos um projeto piloto com a Rota da Erva Mate, que inclui sete municípios. Lançamos no começo do ano e deu muito certo”, compartilha.

O objetivo é destacar cada um dos destinos com apelos específicos, destinando a oferta aos clientes que buscam aquele tipo de destino. “Entendemos que hoje é importante criarmos uma identidade para cada uma dessas microrregiões. Encantado, por exemplo, está se consolidando como turismo de fé, de experiência”, menciona. Segmentação que deve atrair o público para locais específicos que serão porta de entrada para o produto maior – o Vale. “Porque o turismo não se faz só de um ou dois empreendimentos. É uma cadeia produtiva que dá sustentação às operações turísticas”, explica Rossner.

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