No dia 18 de abril é comemorado o Dia Nacional da Literatura Infantil, em homenagem ao escritor Monteiro Lobato. O autor renomado disse certa vez que “quem escreve um livro cria um castelo, quem o lê, mora nele”. E de fato, o hábito de leitura amplia os conhecimentos em diferentes áreas. Em se tratando das crianças, contribui para o seu desenvolvimento.
Para a professora de Língua Portuguesa, Elaene Schneider Grutzmann, a prática é essencial nessa fase da vida pois contribui para a criatividade e curiosidade. Formada em Letras pela Universidade do Vale do Taquari – Univates, e com especialização em Literatura, Elaene leciona para os anos finais da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Teobaldo Closs, em Teutônia.
A educadora enxerga a literatura essencial na vida das crianças e aponta diferentes formatos de inserir no dia a dia. “Uma criança que desde cedo tem contato com livros, que podem ser de pano ou de banho, ou com a contação de histórias, pode se tornar mais curiosa, no sentido de buscar o conhecimento e a leitura propriamente dita”, reflete.
Literatura nacional
Ao falar da literatura nacional infantil, a educadora argumenta que Lobato foi a porta de entrada para esse mundo no Brasil, e muitas gerações já foram encantadas com suas histórias e com as aventuras de seus personagens. Ela considera importante, também, apresentar o autor das obras às crianças, ao contar-lhes uma história. “Poder dizer que quem escreveu o texto foi um brasileiro, um gaúcho, principalmente, aproxima a criança da obra. Poder proporcionar encontros entre leitores e escritores, para as crianças, é algo mágico, inesquecível e deveria ser muito mais incentivado”, pontua.
Aprendizado de valor incalculável
A Literatura Infantil facilita a comunicação oral e escrita e uma vez que se torna costume e exemplo dos próprios pais, também permite uma compreensão de mundo diferenciada e atribui uma capacidade crítica sobre assuntos diversos. “A frase é clichê, mas eu gosto e concordo com ela: ‘Uma criança que lê, será um adulto que pensa!'”, menciona Elaene.
A professora também pondera sobre a capacidade de a leitura proporcionar aos leitores de qualquer idade uma habilidade “que anda muito em baixa ultimamente”: a empatia. “Esse é um aprendizado de valor incalculável”, considera.
“Um bom exemplo arrasta multidões”
Entre os anos de 2009 e 2015, Elaene participou de um projeto desenvolvido pela escola em que leciona, chamado “Ler e gostar, é só experimentar”, em que pôde realizar semanalmente para turmas de educação infantil ao 4º ano, um momento de contação de histórias que acontecia na biblioteca.
Conforme conta, frequentemente os alunos perguntavam porque as histórias contadas não eram de sua autoria, o que a fez pensar: “por que não?!”. Assim, em 2013, escreveu seu primeiro conto – A grande surpresa das férias –, que inscreveu 7 anos depois no concurso para mulheres escritoras, realizado pelo programa Mais Elas da Radio Popular. “Como cada participante podia inscrever dois textos, surgiu o conto ‘Mistérios e descobertas’, que também foi inscrito e, para minha felicidade, ambos foram selecionados para publicação”, relembra.
A literata continua escrevendo para o público infantil e afirma que acredita ser essa a fase em que é possível conquistar de verdade os futuros leitores. E conclui ressaltando que “de nada adianta só dizer que a leitura é importante. A prática é que demonstra. ‘Um bom exemplo arrasta multidões!’. Isso vale tanto para pais, quanto para professores”, afirma.
Dia nacional da Leitura e Dia da Literatura Brasileira
O “Dia Nacional da Leitura” traz a reflexão e enfatiza a prática que deve fazer parte no cotidiano: proporcionar às crianças e aos jovens momentos literários, sejam de contação de histórias, leituras ou produções textuais. No dia 1º de maio será o “Dia da Literatura Brasileira”, data de nascimento do escritor José de Alencar.
Para a pedagoga, falar sobre a literatura brasileira também é fundamental e motivo de orgulho, graças a literatura rica, extensa e diversificada. “É uma belíssima ponte com nossas raízes, nos proporcionando conhecer melhor nossa sociedade e nos reconhecermos em nossas diferenças. Além das diversas obras infantis que vão passando de geração em geração. Esse é um dos encantamentos dos clássicos da literatura. Eles acompanham as gerações e passam a fazer parte de nossas lembranças afetivas”, reitera.
Viajar sem sair do lugar
Formada em Pedagogia e com especialização em Gestão e Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bruna Lislie dos Santos, acredita que os impactos trazidos pela literatura são muito maiores se estimulados desde a infância.
Atuando como coordenadora pedagógica de Educação Infantil e do Turno Integral do Colégio Teutônia, a profissional fala sobre o ato de ler para as crianças. “Contribui com a construção de vínculo, auxilia na ampliação de seu vocabulário, da concentração, memória, estimula a criatividade e a imaginação e, por consequência, também contribui com a escrita, já que seu repertório de palavras se torna cada vez maior à medida que escuta histórias. Além de ser um momento muito divertido e prazeroso entre adultos e criança”, expõe.
Bruna afirma que quando uma pessoa desenvolve a habilidade de ler, um novo mundo se abre diante de seus olhos e além de todo conhecimento e informação adquiridos, também “podemos fazer viagens incríveis sem sair do lugar, apenas com um bom livro em mãos”.