
O debate sobre a concessão do Bloco 2 de rodovias promovido pela Federasul terminou com a conclusão unânime de que o modelo proposto pelo governo é prejudicial ao Vale do Taquari. O encontro, realizado na sexta-feira (27/6), reuniu seis deputados estaduais, um deputado federal e três prefeitos, além de vereadores e representantes de entidades empresariais.
O Fórum Técnico apontou riscos ao desenvolvimento econômico e à competitividade do Estado e motivou posição firme por parte da entidade estadual. De acordo com o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, não há rejeição ao modelo de concessão em si, mas ao formato que repete erros de contratos mal elaborados, como ocorreu na área ferroviária. “Quando o projeto é bom e atende a todos, sempre terá nosso apoio”, reforça.
O principal questionamento recai sobre o impacto econômico das tarifas e a ausência de garantias de que as obras previstas sejam executadas na velocidade e qualidade necessárias. “A proposta tira do Estado sua competitividade por mais 30 anos”, alertou Costa.
A preocupação também inclui os reflexos diretos sobre as empresas e a manutenção de empregos, especialmente em regiões como o Vale do Taquari, que depende da infraestrutura viária para escoar sua produção.
O Fórum reuniu parlamentares de cinco partidos diferentes (PT, PL, Podemos, Republicanos e Progressistas), além dos prefeitos de Muçum, Poço das Antas e Encantado. A pluralidade de vozes foi um dos destaques do evento, que abordou desde questões operacionais das estradas, passando pela precarização da manutenção, até os efeitos econômicos do modelo apresentado.
Valores questionados
Durante o encontro, ficou evidente a necessidade de aprofundar o debate técnico em relação ao projeto. Um dos pontos aguardados era a apresentação do estudo sobre o Volume Diário Médio (VDM) das rodovias da região, encomendado pela CIC Vale do Taquari. No entanto, devido às fortes chuvas dos dias recentes, o levantamento ainda não foi concluído. “Esse estudo vai demonstrar que o valor de R$ 0,19 por quilômetro rodado, apresentado pelo governo, pode ser reduzido”, explicou Costa.
Conforme o presidente da entidade, a intenção dos líderes que integraram o debate é estabelecer uma concessão boa para todos. “Precisa ser capaz de gerar desenvolvimento e segurança nas rodovias, mas que não penalize a população e os setores produtivos”, defende.
Segundo Costa, o próximo passo será receber oficialmente o estudo sobre o VDM e, a partir dele, construir uma proposta conjunta. “Vamos elaborar uma agenda convergente com as entidades empresariais, prefeitos e parlamentares, para que possamos apresentar ao governo uma alternativa viável e justa”, concluiu.