Reunião da Amvat traz manifestações favoráveis ao tratamento precoce no combate à Covid-19

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Crédito: reprodução Celso Kaplan

A Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) teve reunião na noite desta terça-feira (07/07) sobre a ideia de elaborar um protocolo com um kit de medicamentos para combater a Covid-19. A ideia é que os medicamentos sejam receitados por um médico e utilizados nos primeiros cinco dias de sintomas gripais, pois trata-se de um tratamento precoce.

Da reunião, participaram integrantes de uma equipe de médicos especialistas na área, liderados pelo Dr. Luciano Zuffo. Em nome dele, estava a médica psiquiatra Márcia. Segundo ela, o grupo engloba médicos voluntários e independentes que compilaram as recomendações de tratamento por fases, com foco no tratamento precoce da Covid-19. 

Ela ressalta que o uso dessas medicação off label (fora da bula) já foi feito no exterior e é base do trabalho do grupo. Inclusive, médicos brasileiros que receitam medicamentos neste formato criaram grupos de discussão para falar sobre. “Alguns médicos gaúchos criaram um grupo local de discussão, e o próximo passo foi reunir alguns desses colegas e elaborar um compilado dessas experiências”, conta.

Segundo Márcia, a prescrição e o diagnóstico são atos médicos. “Não somos a favor que as pessoas saiam se automedicando. Somos a favor que as pessoas possam ser bem diagnosticadas para entender em qual fase da doença o paciente se encontra”. Ela destaca que o paciente não é obrigado a tomar medicação, nem o médico a prescrever, “mas é preciso que os médicos tenham conhecimento de que isso existe, há evidências e que possamos ter liberdade de, com um bom diagnóstico, fazer uma boa prescrição e encontrar respaldo no sistema público para que as pessoas possam ter acesso a ela”, finaliza.

Manifestação dos demais médicos

A médica Sandra Cabral, que atua em Lajeado, comenta que os estudos se tornam comprometidos pelo tempo. “No caso desta pandemia, não temos tempo. Quando ela chegou no Brasil, ficamos em casa, e duas semanas já foi muito”. O médico Regis Dewes ampara, questionando “vamos ficar esperando um ano e meio?”. Segundo ele, não tem como negar o efeito da hidroxicloroquina. “Ninguém é fã dela, se surgir outro medicamento, excelente. A gente conhece os efeitos colaterais”, conclui. 

O médico Luiz Fernando Kehl avalia como a hidroxicloroquina atua no organismo. Segundo ele, ela trava o processo de passagem do vírus até o núcleo da célula, e consegue inibir a replicação do vírus dentro da célula. “Então, toda pessoa que recebe precocemente a hidroxicloroquina consegue ter uma inibição na entrada e no tráfico da partícula viral no citoplasma”.

Já a Ivermectina, segundo ele, também tem a capacidade de travar o acesso de partículas virais no núcleo, travando a multiplicação. “Nas fases que se têm de tratamento precoce, é fundamental a hidroxicloroquina e a ivermectina. Também é importante a presença da vitamina D”, conclui ele.

A doutora Alla Dolganova relatou algumas experiências em outras cidades. Na cidade de Balsas, Maranhão, segundo ela, foram atendidos 966 pacientes até 25 de junho, todos diagnosticados por exame PCR. “Todos eles receberam um kit de tratamento baseado em dados clínicos, e posteriormente, o diagnóstico foi confirmado”. Destes, só 7% teve necessidade de internação, e 4% ainda estavam internados, “mas apenas na enfermaria. Nenhum paciente foi para UTI nem veio a óbito”.

Em Porto Feliz, São Paulo, até o final de junho, 2 mil pacientes foram tratados, e nenhum dos tratados precocemente evoluíram para UTI. Até então, houve óbito de três pessoas, e nenhuma destas realizou tratamento preventivo”, conclui.

Marcio Müller, diretor técnico do hospital de Gramado, conta que eles perceberam que existia opção de tratamento precoce nos primeiros momentos de sintomas por meio de medicamentos específicos. “Fizemos um grupo integrado entre posto de saúde e hospital e começamos a distribuir medicamentos para quem tem síndrome gripal”. Segundo ele, até o momento, houve 200 pacientes tratados por meio do protocolo e nenhum deles precisou internar. “Há dez dias, estamos experimentando crescimento significativo dos casos, e também de internações de pacientes que não fizeram uso de nenhum medicamento contra a proliferação do vírus em suas fases iniciais”, conta ele. 

Senadores Luís Carlos Heinze e Lasier Martins

Também teve participação na reunião o senador Luís Carlos Heinze. Segundo ele, há três meses, ele foi procurado por médicos que queriam iniciar pesquisas sobre ivermectina. “Conseguimos fazer com que o Ministério da Saúde autorizasse a pesquisa oficial com ivermectina no Brasil”. Conforme Heinze, neste sábado, dois hospitais, em Porto Alegre e Pernambuco, deram início à pesquisa, que deve ser concluída no final de agosto. “Não estou recomendando, estou dizendo que estamos trabalhando este assunto”, finaliza.

O senador Lasier Martins também participou. “O protocolo que os senhores fizeram já está na mesa do ministro, demonstrando as vantagens deste tratamento precoce, ambulatorial, em que vocês precisam com maior urgência destes medicamentos”, aponta. Para ele, em poucos dias, “teremos este material decisivo para o trabalho que os senhores irão levar a diante”.

Procurador-geral da República

Também houve participação do procurador-geral da República, Alexandre Schneider, que atua na região de Bento Gonçalves. Segundo ele, foi constatado que outros países já mostravam um caminho possível a ser trilhado por meio de tratamento medicamentoso em cima de fases de evolução da doença. “Descobrimos com os médicos que as experiências em nível mundial apontavam para necessidade de uma abordagem imediata no tratamento, ou seja, o paciente que chega na ponta não pode esperar o resultado do teste para iniciar o tratamento”. 

Para o procurador, é preciso que o paciente passe por uma avaliação clínica em que o médico, fazendo o diagnóstico dos sintomas, desce uma posição de possível grave caso de Coronavírus. “Nesse ponto, a clínica é soberana, a medicina é uma arte de observar os sintomas e tomar decisões. O cidadão, junto com o médico, tem que tem autonomia para decidir sobre o tratamento”. Segundo ele, não cabe ao gestor, ao Ministério Público ou Judiciário decidir se o tratamento é válido, “mas cabe ao sistema garantir o direito da autonomia e que a prescrição do tratamento seja disponibilizado na ponta. Isso é o princípio da autonomia na bioética”, finaliza.

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