Economista do BRDE palestra na última reunião-almoço da Acil em 2022

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Pudwell é economista do BRDE desde 2019. Créditos: Camille Lenz da Silva

Cerca de 110 pessoas estiveram na última reunião-almoço da Associação Industrial e Comercial de Lajeado (Acil) em 2022. A atividade teve a presença do economista do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Celso Afonso Monteiro Pudwell. Na pauta, os seis principais temas da economia mundial: inflação, crescimento, sentimento do consumidor, taxas de juros e energia.

Pudwell apresentou, inicialmente, dados sobre a pandemia, que ocasionou pacotes de gastos fiscais na altura dos U$ 8 trilhões, provocando recessão mundial de 3,3%, baixíssimo crescimento da China e taxas de juros negativas.

Os Estados Unidos, segundo o economista, voltaram ao patamar da crise de 2018, na qual os preços de imóveis perderam força. “A taxa de hipoteca subiu para 7%, valor muito alto para o padrão americano. O problema é que o setor imobiliário é um dos carros-chefes da economia no país e no mundo, e existe possibilidade de freada brusca do setor em 2023”, pontuou.

Pudwell citou, ainda, a inflação na casa de 40% em alguns países da Europa e em 10% na Alemanha, que tem taxa de juros atual de 2%. “Percebem que a conta não fecha? Há um desequilíbrio aí. Ainda há muitas coisas para ajustar no Banco Central Europeu e também nos EUA, onde há inflação de 7% e juros de 4%. Tudo indica que em 2023 os Estados Unidos possam ter inflação maior que o Brasil”, pontuou.

Já a China e a Índia possuem inflação e juros mais ajustados, mostrando coerência e que países emergentes se saíram melhor ao ajustar mais rapidamente os juros, assim como o Brasil. “Nosso país foi um dos que mais rápido subiu os juros e controlou a inflação”, comemorou o economista.

Isso se reflete, segundo ele, nas previsões do ano que vem. “O cenário financeiro brasileiro de segunda-feira (12/12) apontava previsão de 5,1% na inflação, 3% no IPCA para 2025, 4% em 2024 para o IGP-M e queda da taxa Selic, chegando a 8% em 2024. A desaceleração do PIB, que já era esperada, deve ir de 3 para menos de 1%, fruto do aumento das taxas de juros”, complementou Pudwell.

O economista lembrou da queda de 8% do PIB gaúcho: “pior que na época da Covid, e o PIB agrícola caiu 57%. É como se tivéssemos parado metade da produção agrícola. O déficit orçamentário previsto para o estado é de 3,7 milhões. Como vamos fechar as contas? Acredito que no horizonte esteja a recomposição do ICMS.”

Reforma tributária

O economista acredita que a reforma tributária será pauta do próximo governo. “Uma notícia positiva é Bernard Appy como secretário executivo para a reforma. Ainda, o ex-governador Germano Rigotto, grande defensor da reforma, estava na equipe de transição. Alckmin também já comentou que não haverá revogaço”, pontuou.  

Pudwell defendeu o a unificação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), dos impostos federais e ICMS. “Hoje temos uma legislação tributária diferente para cada um dos 5,5 mil municípios do país. É um tema difícil, pois nenhum lado quer perder arrecadação, mas precisamos por em prática. Temos ainda muitas amarras institucionais, com a grande autonomia do Banco Central, capaz de frear a inflação e o crescimento e a possibilidade do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Congresso Federal frearem os assuntos. O setor público está amarrado, e não é tão simples e rápido se desvencilhar”, lamentou.

Finalizando o momento, Pudwell lembrou da parceria do BRDE com o banco de desenvolvimento dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com investimentos estrangeiros chegando ao Brasil. “Temos muitos gargalos na infraestrutura e transporte do sul, e várias empresas já colaboram ou demonstraram interesse em ajudar para ampliar a exportação, basta o Brasil estar disposto a aceitar”, alertou.

Os demais dados repassados pelo economista sobre o cenário mundial e brasileiro para os próximos anos você confere na edição impressa do jornal deste sábado (17/12).

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