Redução dos combustíveis deve refletir nos índices de inflação

696
Redução já começou a chegar nas bombas dos postos de gasolina / Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

A semana começou com novidades em relação ao preço dos combustíveis no país. Na segunda-feira (15/5), a Petrobras anunciou sua nova política de preços. A principal mudança foi o fim da subordinação dos valores ao preço de paridade de importação. Os reajustes continuam sem uma regularidade definida, porém, a estatal evitará o repasse da volatilidade dos preços internacionais e do câmbio aos consumidores brasileiros. A partir de agora, as referências de mercado serão o custo alternativo do cliente como prioridade e o valor marginal para a Petrobras.

“A Petrobras recupera sua liberdade de estabelecer preços. Nos alforriamos de um único e exclusivo fator, que era a paridade”, afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates à imprensa, em Brasília.

A economista Fernanda Sindelar indica que o impacto imediato da mudança é a redução dos combustíveis e do gás de cozinha. “Antes os preços seguiam uma tendência internacional do preço do petróleo e era diretamente influenciada pela política de câmbio, isso por um lado ajudava na previsibilidade sobre possíveis reajustes/reduções na economia, mas, ao mesmo tempo, muitas vezes mantinha alto o preço interno dos combustíveis”, explica.

Ela explica que a Petrobras seguia tendências do mercado aberto/global e rendimentos das demais empresas do setor. “Desde 2016, ela remunerou muito os seus acionistas com ganhos no período, no entanto, como também é um setor fundamental para a economia, o governo entende que ela tem uma função social, e estava tornando mais difícil o acesso de seus produtos a população de renda baixa, por isso a proposição de mudança”, avalia.

Ela pondera que, no entanto, agora ficam dúvidas sobre quando podem ocorrer novas alterações nos preços. “Também, como somos dependentes de parte de importação (não somos autossuficientes para a nossa demanda), continuamos sendo influenciadas pela paridade internacional”, considera.

Redução no preço

Além dessa mudança, no mesmo dia, a Petrobras anunciou redução no preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras. O diesel foi reduzido em R$ 0,44 e a gasolina em R$ 0,40.

A economista afirma que as reduções nos preços dos combustíveis deve refletir em outras áreas. “Pois os produtos são utilizados como insumos em diversas indústrias e no setor logístico do país. Assim, além dos consumidores perceberem a redução direta nos preços dos combustíveis, também as transportadoras terão uma redução de seus custos e poderão oferecer fretes a preços melhores, tornando nossos produtos mais acessíveis”, reforça.

Outro reflexo importante é na indústria petroquímica, responsável pela produção de uma ampla variedade de produtos químicos como fertilizantes, pesticidas, tintas, corantes, solventes e aditivos químicos, e de plásticos, que estão presentes em praticamente todas as demais indústrias. Ela salienta que o petróleo ainda pode ser usado como fonte de energia onde não existem outras fontes como hidráulica, eólica ou solar. “Com a redução dos preços do petróleo, podemos ter um efeito de queda nos preços em diversos setores da economia, o que deve ser percebido em uma queda nos índices de inflação”, aponta.

Redução já pode ser sentida

Fernanda avalia que a redução já pode ser verificada com a redução dos combustíveis. “Só não sabemos ao certo ainda qual vai ser a magnitude da redução efetiva, pois no cálculo do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha o petróleo é um dos itens, mas há outros que não serão alterados”, retoma. O valor cobrado ao consumidor final nos postos é afetado por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda. Mas, já na terça-feira, era possível verificar a redução chegando aos postos, a maioria com uma queda de até R$ 0,20. “A redução nos preços da Petrobras não será verificada totalmente nas bombas”, reforça.

Nos outros setores, o reflexo da redução deve ir ocorrendo aos poucos. “Quando os novos produtos chegarem às famílias. Assim, é difícil precisar quando teremos um maior alívio nos preços, mas com certeza, isso tende a influenciar no índice de inflação nos próximos meses”, pontua.

Alíquota fixa de ICMS

Apesar da redução gerada pelos recentes anúncios da Petrobras, a entrada em vigor da alíquota única e fixa do ICMS deverá trazer o aumento à gasolina. A partir de 1º de junho, a cobrança será de R$1,22 por litro em todo o território nacional. Atualmente, as alíquotas são proporcionais ao valor e são definidas por cada estado, variando geralmente entre 17% e 18%. A mudança trará impactos para o consumidor final, já que o valor do tributo é embutido no preço de revenda. No caso do diesel, a alteração já está valendo desde 1º de maio, com uma cobrança de R$ 0,94 por litro.

- publicidade -