Diagnóstico aponta perdas de quase R$ 500 milhões no setor empresarial em decorrência da enchente

Dados mostram que 93% das empresas pesquisadas foram afetadas pelas cheias

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Crédito da foto: Gustavo Carus / Divulgação

Foi concluído o diagnóstico do levantamento com 1.301 empresas distribuídas em onze municípios do Vale do Taquari, atingidas pela enchente. O levantamento ocorreu de 18 a 22 de setembro, in loco, mas o fechamento contemplou os empreendedores que preencheram o questionário de forma on-line até 26 de setembro. O resultado mostrou que 93% delas foram afetadas diretamente pelas enchentes causadas pelo ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul em setembro.

Os setores mais atingidos foram o do comércio (43%) e o de serviços (43%), seguidos pelo da indústria (14%). Destas empresas, 35% são de microempresários individuais (MEI) e 59% microempresas ou empresas de pequeno porte (ME e EPP) e 6% demais portes.

O trabalho foi realizado pelo Gabinete Itinerante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), formado pela Junta Comercial do RS (JucisRS), vinculada à Sedec, e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do RS (Sebrae/RS).

A coleta de dados iniciou com o Gabinete Itinerante, coordenado pela Sedec. O diretor-geral Leandro Evaldt e o diretor-geral adjunto Roger Pozzi lideraram os trabalhos em conjunto com a JucisRS e o Sebrae RS, além de contar com o apoio das associações comerciais e industriais dos municípios afetados, pela CIC do Vale do Taquari e prefeituras. Participou também a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Profissional. 

Os municípios que receberam a pesquisa foram: Arroio do Meio, Bom Retiro Do Sul, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum, Roca Sales, Taquari e Venâncio Aires. Dados mostram que as estimativas de perdas das empresas ficam em sua maioria em até 50% (41%), mas 23% delas tiveram perda total de seus maquinários e estoques. Calcula-se que o valor perdido entre as companhias que responderam à pesquisa supere os R$ 420 milhões, sendo os prejuízos mais expressivos no setor da indústria.

Um fato que chama a atenção é que das empresas que responderam à pesquisa, 75% não possuíam nenhum tipo de seguro e 86% delas não são adeptas do Juro Zero, programa do governo do Estado que, por meio da Sedec e dos bancos vinculados, subsidia juros de financiamentos para investimentos. Outra situação que preocupa é que somente 32% delas já retomaram as atividades, enquanto 16% não têm previsão de quando isso ocorrerá.

A partir deste levantamento, a Sedec se reunirá com os bancos para buscar soluções financeiras para auxiliar as empresas. “Vamos fazer a mediação com os bancos vinculados à Sedec. É um processo trabalhoso, mas com o apoio do governo do Estado, fazendo todo o possível para recuperar essas empresas de maneira mais célere”, ressaltou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo.

Além de contribuir com o levantamento, o Sebrae RS mobilizou sua estrutura operacional desde a primeira semana do mês de setembro colocando seus canais de relacionamento à disposição da população. O telefone 0800 570 0800 e o WhatsApp (51) 3216.5000 permanecem em funcionamento para o atendimento de todos que buscam auxílio e orientação.

“Tanto do ponto de vista social quanto econômico, a retomada da normalidade da nossa região se dará de forma gradual. Em um primeiro momento, cuidando das pessoas diretamente impactadas. E, a partir de agora, fomentando políticas e ações que permitam que o trabalho, o emprego e a renda possam voltar aos patamares normais. Faremos isso em sinergia com os parceiros e entidades que compõem o nosso ecossistema empreendedor. E, principalmente, com a comunidade que tão bem nos acolhe”, destaca a gerente regional do Sebrae RS, Liane Klein.

Já o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari, Ivandro Carlos Rosa, salientou que a pesquisa é de grande valia porque apresenta um diagnóstico, um inventário muito claro e detalhado das perdas e das necessidades das empresas. “Com isso, o governo vai poder analisar onde deve ser feita a priorização das ações e das linhas de crédito para atendimento às demandas. Seguimos com esse mesmo propósito, de buscar formas de atender às diversas demandas, em função do número expressivo de empresas afetadas de todos os portes”.

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