Languiru teve perdas de R$ 469 milhões em 2023

Levantamento também apurou mais R$ 122 milhões não contabilizados referente a 2022

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Crédito: Ariana de Oliveira

Apenas associados tiveram acesso às assembleias gerais da Cooperativa Languiru realizadas nesta terça-feira (26/3), na Associação de Funcionários da Languiru, em Teutônia. Pela manhã, em caráter ordinário, a análise compreendeu o período de 1º/1 a 18/7 de 2023. À tarde, em regime extraordinário, a avaliação foi do período de 19/7 a 31/12 de 2023, quando a Cooperativa Languiru passou para o status de Liquidação Extrajudicial.

O presidente liquidante Paulo Roberto Birck e demais integrantes detalharam o resultado da Languiru no ano passado, com perdas de R$ 469 milhões. Em cooperativismo não existe a figura do prejuízo. Além disso, houve um ajuste nas contas de 2022. Mais R$ 122 milhões de perdas que não foram lançadas no balanço. “As perdas de 2022 foram de R$ 245 milhões, não os R$ 123 milhões apresentados ano passado”, reforça.

Em coletiva à imprensa, Birck deu ênfase à apresentação dos números reais e que só chegaram neste patamar em 2023 “por causa da má gestão, por não ter tomado decisão correta e não ter cautela de financiamentos. Achou que só pegar dinheiro em bancos iria resolver e não é isso”, disse. Muitos associados saíram silentes e preocupados da reunião. “Temos que trabalhar para frente a dívida com credores, ter plano de pagamento aos credores e muito trabalho para reverter a situação triste da Languiru”, enfatiza.

O ex-presidente Hércio Krabbe questionou a auditoria sobre os números apresentados. “Baseado no que foi avaliado, dá pra afirmar que na assembleia do ano passado o rateio não foi correto. E daí diz o auditor disse que o “o rateio foi feito correto, mas os números usados não foram corretos”. Então… Daí coloquei também se cair para uma liquidação judicial, ativos, esse valor de R$ 500 e tantos milhões podem ou não podem ser cobrados pelos credores? Ele disse “pode”. Claro que pode, é um ativo”, contou à reportagem ao sair do encontro.

Juros consomem

Do total da perda de R$ 469 milhões no ano passado, há uma conta de R$ 168 milhões só oriundos do pagamento de juros. Isto perfaz 35,8% do total da dívida. “Vamos sentar com os agentes financeiros. Isso não se torna sustentável, ainda mais juro sobre juro. A liquidação permite e temos que avançar agora”, aponta Birck.

“Ouvíamos o ex-presidente falar que investimentos eram necessários, mas agora está aqui a conta para pagar. Não adianta buscar recurso e não ter faturamento para pagar. Isso chamo de irresponsabilidade, ver indo para este caminho e não fazer nada”, criticou.

Vaias ao ex-presidente

O ex-presidente Dirceu Bayer compareceu ao encontro e fez uso da palavra, mas acabou vaiado de acordo com relato de associados presentes, pois a reportagem não teve acesso à assembleia. Paulo Birck comentou apenas que “a assembleia é ato democrático dos associados e dois ex-presidentes acompanharam. O Dirceu nos pegou de surpresa, pois não imaginava a vinda dele. É uma pena que não ficou na parte da tarde para ver os números”.

Auditoria

A auditoria externa contratada apresentou apenas o relatório das contas de 2023. “Apontaram os R$ 122 milhões que seriam de 2022. A investigativa ainda continua ocorrendo. A previsão é até junho apresentar numa assembleia específica os dados de 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022, para buscar explicações. E chamar quem tem que chamar para dar respostas”, comenta.

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