Consequências no interior serão sentidas em 2025, diz presidente do STR de Estrela

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Ao todo, são R$ 9,2 milhões em perdas de animais, lavouras, materiais, insumos e recuperação de estradas / Crédito: Prefeitura de Estrela - Divulgação

As enchentes que afetaram Estrela ainda causam perdas significativas, e os efeitos econômicos do desastre devem ser mais intensos a partir de 2025. Sem poder plantar a nova safra e com a produção de leite drasticamente reduzida, os agricultores enfrentam dificuldades financeiras e buscam alternativas para manter as rendas, segundo Rogério Heemann, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) do município.

Um levantamento feito em parceria com a Secretaria de Agricultura, Emater e STR somou um total de R$ 9,2 milhões em perdas de animais, lavouras, materiais, insumos e recuperação de estradas. “Em abril, tínhamos uma produção de 10 mil litros de leite em Arroio do Ouro, e hoje praticamente não há mais nada. O município também vai sentir o impacto na arrecadação. A agricultura é hoje a maior fonte de retorno de ICMS, e o impacto será significativo, pode ter certeza”, explica Heemann.

Ele também aponta que muitos produtores, especialmente aqueles que antes se dedicavam à pecuária leiteira, estão migrando para atividades como o cultivo de grãos, buscando diversificar a produção para minimizar os prejuízos. No entanto, o apoio do Governo Federal tem sido limitado.

Heemann defende uma anistia total das dívidas dos agricultores atingidos, em vez de apenas prorrogações ou descontos parciais. “Para quem perdeu tudo, os benefícios oferecidos não são suficientes”, comenta, acrescentando que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) negocia melhores condições com o governo em Brasília. “Como o produtor vai investir e assumir novas dívidas se já possui contas pendentes no banco?”, questiona.

Papel do STR e orçamento de 2024

Heemann reforça o papel do STR em acompanhar e apoiar os produtores em momentos difíceis, oferecendo serviços como o cadastramento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), encaminhamento de aposentadorias e assistência com questões de família. Além disso, o sindicato disponibiliza planos de saúde e acompanha os agricultores na superação de desafios recentes, como a crise da Cooperativa Languiru. “Estamos sempre ao lado do nosso agricultor para o que ele precisar”, afirma.

Para 2024, o orçamento do STR na área comercial é de cerca de R$ 1,6 milhão, enquanto o escritório prevê um valor próximo a R$ 2 milhões. “É uma previsão normal, mas temos muitos agricultores que perderam suas propriedades, animais e maquinário. Por isso, alguns pediram adiamento das mensalidades, mas assim que se estabilizarem, retomarão os pagamentos e fortalecerão o sindicato”, completa Heemann.

Apoio do Senar

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) também tem oferecido auxílio importante aos agricultores, com um investimento superior a R$ 100 milhões. A entidade contratou técnicos para acompanhar as áreas atingidas e disponibilizou maquinário para a limpeza das propriedades. Na primeira fase de ajuda, o Senar distribuiu cestas básicas, geladeiras, fogões e materiais de limpeza.

Além disso, foram realizadas coletas de solo para análise, avaliando a acidez e nutrientes, já que muitas terras ficaram cobertas de areia e lodo. O Senar também doou sementes de milho, distribuindo mais de 600 sacas recentemente.

Assembleia ordinária em novembro

O STR realizará em novembro sua assembleia ordinária, prevista em estatuto, para prestação de contas e planejamento orçamentário de 2025. Na reunião, os associados serão atualizados sobre as ações do sindicato e o impacto das enchentes, além de discutir questões como o valor da mensalidade da Unimed, entre outros pontos de interesse dos produtores.

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