Estradas municipais asfaltadas,mas sem acostamento

O risco diário a que são submetidos estudantes do Vale do Taquari

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Parar sobre a pista de rolamento pode provocar acidente / Crédito: Ilocir José Führ - Especial FP

O trânsito pelas rodovias contempla diversos atores, notadamente caminhões, ônibus, veículos de passeio, escolares, máquinas agrícolas, motocicletas, ciclistas e pedestres. Quando estão em sentido contrário, dependendo da sua largura, é comum ocuparem totalmente as estradas, inclusive parte ou totalmente a área do acostamento. Mas, e quando não há essa via de escape nas laterais das pistas de rolamento?

O perigo no trânsito virou rotina no Vale do Taquari. Basta circular pelo interior dos diferentes municípios da região para se deparar com situações de risco. Grande parte das estradas municipais até estão asfaltadas, mas não contemplam acostamento. Não é culpa dos prefeitos que recém assumiram seus mandatos. São obras de pavimentações executadas por gestores municipais anteriores.

A propósito, será que os mandatários atuais começarão a corrigir essa antiga triste realidade? Por óbvio, ninguém espera que uma tragédia aconteça, mas a estrutura viária atual tem colocado muitas pessoas em perigo. Um desses públicos são os estudantes, especialmente as crianças. Não havendo acostamento, precisam caminhar sobre a pista de rolamento ou mesmo nas valetas, escondidas pela densa vegetação.

O que é considerado acostamento

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), acostamento é parte da via diferenciada da pista de rolamento, para parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas. Pode ser usado para embarque ou desembarque de passageiros, como os estudantes, ou em casos de emergências, como pneu furado, pane seca, elétrica ou mecânica, ou mesmo um problema de saúde.

Portanto, o acostamento é imprescindível para o bom funcionamento do trânsito, facilitando o fluxo de veículos, a manutenção das vias e a segurança da população. Neste sentido, mesmo quem depende de transporte para se dirigir à escola enfrenta dificuldades diárias, potencializadas quando a estrada municipal só possui pista de rolamento, que é a parte da via destinada à circulação de veículos.

Patrícia embarca e desembarca a filha Vitória

São recorrentes os casos de alunos atropelados no caminho à escola, bem como quando embarcam ou desembarcam dos ônibus. Mesmo com todos os cuidados, tragédias ainda acontecem. Por isso, pais e responsáveis pelas crianças precisam ficar atentos e participativos da segurança dos alunos no trânsito.

A mãe Patrícia Fagundes Tavares é um belo exemplo. Todos os dias ela se preocupa com o embarque e desembarque da filha, Vitória Fagundes Barcella. “É muito perigoso, especialmente porque aqui não tem acostamento. Do lado do asfalto é uma valeta, escondida pela capoeira. Se pelo menos fosse plano, no mesmo nível da estrada, já nos ajudaria”, observou Patrícia.

Por não haver acostamento, o ônibus precisa parar sobre a pista de rolamento. A pequena Vitória desembarca em meio à vegetação, mas ela adora estudar e interagir com os colegas. Do seu jeito, Vitória reconhece o perigo que corre no trânsito. Por isso, todos os dias ela conta com a companhia da mãe. As duas atravessam a estrada de mãos dadas.


Vitória e a mãe, Patrícia / Crédito: Ilocir José Führ – Especial FP

Sem acostamento, tenho medo de provocar acidente”

Não é preciso ser engenheiro ou especialista em trânsito para enxergar o risco de acidente quando um veículo para ou mesmo estaciona sobre a pista de rolamento. Em estradas municipais desprovidas de acostamento, é comum os ônibus escolares obstruírem o fluxo normal ao pararem para embarque e desembarque dos alunos.

Um motorista de transporte escolar, que preferiu se manter no anonimato, não esconde seu temor diário. “Sem acostamento, tenho medo de provocar acidente”, confessou, enquanto observava pelo retrovisor a aproximação ou não de outros veículos. “Agora, ainda é claro. Mas no outono e no inverno a escuridão complica ainda mais o trânsito”, observou.

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