
Um capítulo importante da história do Bairro Teutônia chegou ao fim com a demolição do Hospital Teutônia Norte na manhã do dia 18 de março de 2025. O prédio surge em 1936 como ponto de referência para a saúde local, mas após sua desativação enquanto hospital entre 1972 e 1973 tornou-se um espaço degradado, alvo de invasões e motivo de preocupação para os moradores.
A falta de manutenção ao longo de praticamente 50 anos foram determinantes para a perda da estrutura. Os buracos no telhado e as fissuras nas paredes sinalizavam o comprometimento. Inclusive já havia laudo indicando demolição quando da desapropriação em 2014, endossado 11 anos depois.
Sem cuidados periódicos, a água da chuva ou a umidade proveniente do solo sem drenagem adequada impactam nas construções. O engenheiro Vicente Feldkircher reforça a água como um dos principais fatores na deterioração de edificações. “Se não houver manutenção periódica, a água encontra caminhos e compromete a estrutura. A falta de drenagem [do terreno], a impermeabilização inadequada e a ausência de pinturas de proteção aceleram esse processo. Edificações novas deveriam receber uma primeira repintura em 3 anos, e depois a cada 5 anos”, orienta Feldkircher.
“Além disso, materiais como as colas e selantes utilizados nas esquadrias ressecam com o tempo, tornando-se frágeis e propensos a fissuras, o que intensifica os problemas de infiltração e deterioração”, acrescenta o engenheiro.
O arquiteto e vizinho do hospital, Milton Wallauer, reside na região desde 1987 e acompanhou de perto a degradação do prédio. O hospital não funcionava mais e apenas havia um posto de saúde, mais tarde transferido para outro endereço. “Desde que construí minha casa e meu escritório aqui, acompanhei as discussões sobre o futuro do hospital. Faltou uma organização de bairro para buscar soluções antes que a situação se tornasse irreversível. Com o tempo, o prédio passou a representar um risco para a segurança dos vizinhos, abrigando moradores temporários e se tornando foco de problemas urbanos”, relata Wallauer.
Apesar das discussões sobre uma possível revitalização do edifício, a inviabilidade financeira e o avanço da deterioração resultaram na decisão pela demolição, por medida de segurança. Apesar de alguns sentimentos de nostalgia, a medida foi bem recebida por boa parte dos moradores, que aguardam um novo projeto para o local.
O professor Márcio Mügge, residente do bairro, avalia a demolição como uma ação necessária para impulsionar melhorias. “Finalmente um prédio abandonado e deteriorado foi retirado. Agora, esperamos que esse espaço seja revitalizado e traga desenvolvimento para o bairro; uma nova foto para o bairro. A imagem que tínhamos daquele local era negativa, e essa mudança representa um novo momento”, pontua Mügge.
O médico Carlos Renato Dreyer, filho do líder do antigo distrito – Asido Dreyer, lamentou que o prédio ficou abandonado por décadas. Acredita que a área será bem mais valorizada sem o prédio, pois, mesmo que fosse viável reformá-la, a construção não condiz mais com as atuais. “Que o Município seja o promotor de coisas boas que possam acontecer nessa área”, torce.
O debate se volta para o futuro do terreno. O prefeito Renato Airton Altmann e o vice-prefeito e secretário de Educação Evandro Biondo sinalizaram a prioridade para a Educação, sem antecipar quais são os projetos. A área está limpa e poderá receber um novo objetivo, na esquina das ruas Maurício Cardoso e Asido Dreyer, ponto de referência do bairro.
LINHA DO TEMPO RESUMIDA
1936 – Início do hospital;
1946 – Ampliação;
1972/73 – Fecha como hospital;
1º/4/2014 – Desapropriação;
18/5/2025 – Demolição.