Paixão de Cristo de Imigrante: atores revelam satisfação com aplausos e reconhecimento do público

Residentes em Daltro Filho, Leda Gattermann Bruxel e Décio José Bruxel participaram de diversas edições do evento

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Leda e Décio Bruxel recordam, com carinho, a história da Paixão de Cristo - Crédito: Gabriely Hartmann Mallmann / Especial FP

O reconhecimento do público é a maior realização de Leda Gattermann Bruxel (67) e Décio José Bruxel (74) ao integrarem a Paixão de Cristo de Imigrante, que teve seu início em 2006. A programação, já tradicional no município, chega à 19ª edição neste ano e acontece na próxima sexta-feira e sábado (11 e 12/4), a partir das 19h, no Convento Franciscano São Boa Ventura, no Bairro Daltro Filho.

Leda volta à cena neste ano; já Décio completa o terceiro ano afastado por motivos de saúde. “Foi o meu problema de saúde que me tirou de cena, se não, estaria atuando ainda”, revela ele. Os fundos da residência da família oferece vista privilegiada para o local do evento. “Se o tempo permitir, eu estarei lá. Se não, assistirei de casa, com certeza”, completa.

Nesta edição, o espetáculo promete emocionar o público ao recontar os momentos finais da vida de Jesus Cristo sob a perspectiva de Maria Madalena. Sessenta artistas locais estão mobilizados para a 19ª Paixão de Cristo, que terá recepção com as Orquestras Municipal e Jovem. A entrada é gratuita e, por mais um ano, inovará em roteiro, figurino e cenografia, levando ao público mensagens de amor e esperança.

Além do espetáculo em si, a programação terá praça de alimentação, presença de ervateira, banheiros autolimpantes e feira do produtor e artesanato. Haverá arquibancadas, mas recomenda-se que o público traga cadeiras, bem como agasalho, por se tratar de um evento ao ar livre e com previsão de baixas temperaturas.

Leda e Décio Bruxel recordam que, quando lançada a ideia da encenação, foi uma novidade. “Ficamos meio receosos, porque nunca tínhamos participado de uma gravação. Então achava que era uma coisa impossível, mas gravamos e deu tudo certo já no primeiro ano”, relembra Décio, que interpretou um soldado na primeira edição do espetáculo.

Nos anos subsequentes, os papéis foram se aperfeiçoando e evoluindo. “E a gente foi evoluindo junto, pois tínhamos oficinas, com encontros de uma a duas vezes por semana. Pegávamos o texto, líamos na sala do Seminário, e depois descíamos para fazer as marcações no pátio”, observa. Recorda que a Paixão de Cristo, desde o seu lançamento, sempre ocorreu no mesmo local.

O casal lembra que, a cada edição, a história é contada de forma um pouco diferente, apesar da essência permanecer a mesma. “Sabemos que em 1 hora e meia não podemos contar toda a vida de Cristo, então no outro ano entra outra parte, e se vai ajustando, trazendo algo diferente a cada edição”, destacam. Para interpretar personagens, Décio recorda que inclusive buscou informações com, na época, o frei Aloísio Dilli, hoje bispo aposentado. A iniciativa buscava dar ainda mais veracidade à interpretação dos personagens.

Na segunda ou terceira edição, Leda e Décio lembram que os atores passaram a ter oficinas de teatro. Foram 4 a 5 meses de oficinas e, ao fim, quando era momento de organizar a Paixão de Cristo, Décio foi surpreendido com o personagem Caifás. “Eu tinha feito a primeira vez um soldado, na segunda vez, um príncipe. Então, foi um desafio muito grande para mim, porque o Sinédrio é uma cena principal, pois eles que condenam Jesus. Então com o frei Dilli busquei bastante informação sobre a turma do Sinédrio, dos motivos pelos quais queriam condenar Jesus. Eu tinha que viver aquele personagem. Não era mais eu, era o personagem na hora ali”, enaltece.

Além das oficinas de teatro, Décio conta que os personagens recebiam dicas para a gravação de voz. Ensaiar na frente do espelho ou falar contra a parede eram algumas delas. “Falar contra a parede, tu ouves a tua voz. Falar na frente do espelho, tu vês o teu movimento”, explica ele.

Décio complementa que, depois do espetáculo, já se espera pelo ano seguinte. “A maior satisfação é receber o aplauso e o reconhecimento do público após o espetáculo. Isso é gratificante. É uma recompensa. A gente não ganha nada, faz aquilo por gosto, mas ajuda a nos desenvolver. Te deixa uma pessoa diferente, até para conversar com os outros”, enaltece o casal, considerando o bom convívio de todo o grupo.

Com o passar dos anos, a evolução tecnológica trouxe ainda mais realismo à Paixão de Cristo. E, segundo o casal, os artistas também ficam mais exigentes, buscando atrair um público cada vez maior. “No dia da encenação, é uma adrenalina para que dê tudo certo e saia conforme o planejado, por mais que tu já tenhas tudo gravado. É uma corrente: falhou um elo, falhou a corrente. Então é preciso um ajudar o outro para dar certo”, comentam Leda e Décio.

No primeiro espetáculo em que Décio Bruxel não pode fazer parte da encenação, ele foi convidado pelo diretor Pablo Capalonga a gravar a abertura da Paixão de Cristo. “Eu só fiz a abertura. Não apareci, no caso”, recorda. Para ele, sempre foi importante ter o texto decorado para a gravação. “A Leda ia no computador ensaiar. Eu ficava na frente da TV. Quando eu não escutava mais a TV, eu estava dentro do texto. Era uma forma de me prender e entrar no personagem”, enaltece.

Vestir o figurino, para Leda, é estar dentro do personagem. “Além disso, o Seminário emana uma energia boa para todos, um sentimento de tranquilidade”, diz a participante.

No dia do espetáculo, a preparação inicia em torno de 3 horas antes. Para personagens principais, é ainda mais duradoura. Para Leda, o domingo pela manhã, pós-evento, é triste. “Tu chegar aqui nos fundos de casa, olhar para a frente do Convento, e foi. Saber que não vai mais ter aqueles encontros nesse ano, então dá um aperto no coração”, conta.

Leda e Décio Bruxel destacam que a Paixão de Cristo é importante para Daltro Filho, para Imigrante e para o grupo de atores. “O pessoal de Imigrante pode expor seus produtos e os participantes são pessoas comuns, da comunidade imigrantense. As pessoas vêm, te elogiam, te abraçam, e isso faz todo esforço valer a pena a cada ano. Às vezes, as pessoas acham que não são capazes, mas todo mundo é capaz de qualquer coisa”, pontua o casal.

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