
A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que trata do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), vem promovendo uma transformação silenciosa, mas profunda, nas rotinas empresariais brasileiras. Foi esse o tema central do Almoço Empresarial promovido pela CIC Teutônia no dia 30 de abril, data emblemática que marca o Dia do Associativismo. A palestrante convidada, Cíntia Schmidt, especialista em gestão de pessoas, abordou com clareza os impactos e desafios da norma que, embora exista desde 1978, passou a exigir uma atenção especial aos riscos psicossociais — como estresse, sobrecarga, assédio moral e falta de reconhecimento no ambiente de trabalho.
Durante a palestra, Cíntia ressaltou que a mudança não será do dia para a noite, mas que exige preparação e planejamento. A NR-1 ganhou reforço em 2024 com a publicação de um manual técnico e a ampliação do prazo para implementação total até 26 de maio de 2026, embora as obrigações comecem a valer já em maio de 2025. “Não é terra arrasada”, destacou, lembrando que muitas empresas, mesmo pequenas, já têm mecanismos estruturados como exames médicos e ações da CIPA. A orientação é mapear riscos a partir do que já existe, avaliando probabilidade e severidade dos danos à saúde física e mental dos trabalhadores. “Escolher as batalhas que causam mais dor e atacar os riscos mais altos”, recomendou.
Os riscos psicossociais agora são tratados de forma explícita pela legislação e demandam das empresas uma abordagem mais humanizada e técnica. Organização do trabalho, ergonomia, ambiente físico e relações interpessoais passaram a ser elementos obrigatórios na análise de risco. “Trabalhar com fatores psicossociais não é virar terapeuta. É garantir ambientes mais justos, seguros e bem estruturados”, afirmou Cíntia. A palestrante reforçou ainda que é preciso olhar para o coletivo, manter registros detalhados de ações e envolver lideranças, recursos humanos, contadores e serviços de saúde ocupacional para conduzir o processo de forma multidisciplinar.
O presidente da CIC Teutônia, Jairo Sperotto, destacou na abertura do evento que a escolha do tema surgiu da escuta ativa junto aos associados, validando a missão da entidade em representar e apoiar os empresários. “É uma pauta relevante, que chega em momento oportuno. A CIC, com quase 600 associados, cumpre seu papel de instrumento de organização e representatividade”, afirmou. Cíntia concluiu sua fala com um alerta importante: o risco psicossocial existe — e ignorá-lo, ou tratá-lo mal, pode ser ainda mais perigoso para a saúde das empresas. A solução está no equilíbrio entre escuta, responsabilidade e ação coordenada. Afinal, o ativo mais importante de qualquer organização são as pessoas.