Processo de leilão da planta de suínos da Languiru tramita na 2ª Vara de Teutônia

Ação foi solicitada pela própria cooperativa e mira a retomada da suinocultura na região abrangida

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Processo foi encaminhado em 9 de junho, quase 2 anos após a paralisação das atividades / Crédito: Laron de Andrade

Presidente liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Roberto Birck, confirmou o ingresso de ação judicial na 2ª Vara Judicial da Comarca de Teutônia para viabilizar a venda do frigorífico de suínos de Poço das Antas por meio de leilão público. O processo tramita desde 9 de junho. Em entrevista exclusiva à Rádio Popular, Birck afirmou que a medida ocorre após tentativas frustradas de negociação direta com empresas interessadas na planta, inativa há 2 anos.

O processo foi encaminhado no dia 9 de junho, quase 2 anos após a paralisação das atividades, no dia 30 de junho de 2023. A unidade chegou a operar com 1,7 mil abates diários e permanece equipada, com potencial de ampliação mediante investimentos em câmaras frias.

O processo judicial foi movido pela própria Languiru, e não por credores. Segundo o superintendente administrativo e financeiro, Gustavo Marques, isso garante mais transparência e organização ao trâmite. “Requeremos ao juiz que intime os credores com garantia real sobre o bem. Eles já foram notificados e agora seguimos os prazos legais”, detalhou.

A planta foi avaliada em R$ 169,8 milhões para a primeira chamada do leilão – dos quais R$ 93,200 milhões são referentes a edificações, benfeitorias e terreno e R$ 76,6 milhões em máquinas, equipamentos, móveis, veículos, utensílios e equipamentos de informática. Os laudos de avaliação foram elaborados pela empresa Factum Brasil em novembro de 2024.

Caso não haja interessados, será aberta uma segunda etapa, com lance mínimo de R$ 85 milhões. A cooperativa antecipou que não haverá uma terceira rodada caso a venda não ocorra nas duas primeiras tentativas. “Estamos em contato com diversas empresas e acreditamos que haverá disputa, especialmente na segunda chamada”, afirmou Birck.

O valor arrecadado com a venda irá para a quitação parcial da dívida da Languiru, estimada em R$ 1 bilhão. Dois dos principais credores, o Badesul e o governo do Estado, via Fundopem, detêm garantias sobre a planta.

A maior parte do saldo residual será direcionada para o Fundo Disponível da Liquidação (FDL), destinado ao pagamento dos demais credores da cooperativa que já tenham aderido ao Plano de Pagamento de Credores.

Impacto social

Além da questão financeira, a direção da cooperativa destaca o impacto social da paralisação. Muitos produtores seguem com estruturas inativas desde 2022. “A terminação é o elo mais afetado. Buscamos soluções o tempo todo, mas é um setor que exige investimentos e tem mais complexidade operacional”, explicou Birck.

A expectativa é de que o novo comprador mantenha o frigorífico operando no ramo de suínos, já que toda a base de integração está concentrada num raio de até 30 quilômetros. “Não faz sentido adaptar a planta para outro uso. Toda a estrutura e logística apontam para o abate de suínos”, complementou Marques.

Paralelamente, a Languiru busca fortalecer outras frentes de receita, como o leite, o setor de aves e o Agrocenter, que completa 15 anos em 2025. A loja realiza campanhas promocionais e sorteios em comemoração. “É um cartão de visitas da cooperativa”, disse Birck.

Assembleia extraordinária

Nesta semana, a Cooperativa Languiru convocou os associados via edital oficial para uma assembleia extraordinária no dia 15 de julho, com primeira chamada às 8h, segunda às 9h e terceira e última às 10h, na Associação dos Funcionários da cooperativa, em Teutônia. A pauta principal será a prorrogação do processo de liquidação com continuidade das operações, medida necessária para que a atual gestão siga executando ações de reestruturação da instituição.

Além da pauta formal, a assembleia também servirá como espaço para a prestação de contas da administração aos associados. A direção deve apresentar dados atualizados sobre negociações com credores, evolução na redução do passivo e andamento de processos de venda de ativos, como o frigorífico de suínos. “Vamos mostrar quanto já foi renegociado da dívida, justificar a necessidade da continuidade da liquidação e manter a transparência do processo”, explicou o presidente.

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