Patas Solidárias transforma amor em ação pela causa animal em Teutônia

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Crédito: Luciana Brune

Um olhar generoso, mãos incansáveis e corações que se recusam a desistir. É assim que o grupo Patas Solidárias vem atuando há nove anos em Teutônia, promovendo ações voluntárias em defesa dos animais abandonados ou negligenciados. Criado em 2016, o coletivo liderado por Letícia de Abreu Gomes trabalha com campanhas de castração, resgates, feiras de adoção e eventos beneficentes para arrecadar recursos, entre eles, brechós comunitários que mobilizam moradores em torno de uma causa que é, cada vez mais, social.

Letícia atua na proteção animal há 15 anos. Ao lado da veterinária Renata Bortoluzzi Madeira, que se tornou parceira essencial nas castrações e atendimentos, o grupo enfrenta desafios diários para manter as ações funcionando, mesmo sem apoio financeiro do poder público.

“O sonho de todo protetor é que não precise mais existir proteção animal, porque isso significaria que o problema foi resolvido. Mas ainda temos muito abandono e falta de consciência. Então, seguimos fazendo o possível e muitas vezes o impossível”, afirma Letícia.

Castração como ferramenta de transformação
Entre os maiores avanços do grupo, está a popularização da castração a baixo custo, especialmente em gatos, que hoje representam grande parte dos casos atendidos. Segundo Letícia, o Patas Solidárias chegou a custear procedimentos em Porto Alegre, mas a logística era cara e cansativa. Foi quando surgiu a parceria com Renata, que passou a realizar os procedimentos em Teutônia.

“Castração é o carro-chefe do nosso trabalho. Ela previne doenças, evita o sofrimento de ninhadas indesejadas e reduz o abandono. Quando conseguimos atuar em colônias, principalmente de gatos ferais, fazemos a técnica de captura, esterilização e devolução (CED), já consolidada mundialmente”, explica Renata.

Atualmente, duas colônias em Teutônia demandam atenção urgente, totalizando mais de 50 gatos. O custo estimado ultrapassa R$ 8 mil.

“Esses animais se multiplicaram porque não houve castração a tempo. Muitas vezes, moradores de boa vontade começam a alimentar os gatos, mas demoram a procurar ajuda. Quando chega até nós, a situação já saiu do controle”, lamenta Letícia.

Conscientizar também é cuidar
Mais do que resgatar, o grupo aposta na educação e conscientização sobre guarda responsável. Letícia destaca que alimentar e dar abrigo não são suficientes, é preciso compromisso, cuidados veterinários e castração. Além disso, há alertas importantes sobre mitos e práticas perigosas, como a falsa ideia de que fêmeas devem entrar no cio antes da castração, ou ainda tentativas de castração caseira em gatos machos, que podem levar à morte por infecção generalizada.

“Castração é procedimento médico, deve ser feito por profissionais. O preço não é alto e ainda pode ser parcelado. A vida do seu animal vale muito mais”, reforça Renata.

Brechós: solidariedade que gera impacto
Uma das principais fontes de renda do grupo são os brechós beneficentes, que ocorrem a cada um mês e meio, em média, ou quando há maior necessidade de recursos. As roupas doadas passam por triagem rigorosa e são vendidas a preços simbólicos, garantindo acesso a produtos de qualidade e apoio direto à causa animal.

“A comunidade sabe que encontrará peças boas e cuidadas. Tem gente que sai com sacolas cheias. É uma forma de ajudar e ainda fazer compras conscientes”, conta Letícia.
O próximo brechó será neste domingo, dia 13, a partir do meio-dia, no Centro Cívico de Teutônia.

Por mais apoio e políticas públicas
Apesar do esforço coletivo, Letícia ressalta que o grupo não recebe verbas públicas e sobrevive de rifas, brechós e doações pontuais. O grupo pressiona, junto ao Conselho de Bem-Estar Animal, para que o município volte a aderir ao Pró-Patinhas, programa federal de incentivo à castração.

“Na gestão anterior, Teutônia devolveu R$ 45 mil ao governo federal, mesmo tendo fichas para castrar 65 animais e possibilidade de zerar a fila. Estamos tentando retomar esse recurso com a atual administração”, afirma.

Enquanto isso, o Patas Solidárias segue como ponte entre o amor pelos animais e a responsabilidade coletiva que essa causa exige.

“A gente não vive num castelo com dinheiro infinito. Cada ação, cada castração, cada ração distribuída só é possível graças a quem ajuda — com tempo, com dinheiro, com doação. A causa animal é de todos nós”, conclui Letícia.

Confira a entrevista na íntegra:

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